Discurso durante a 21ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração, em 12 de março, do Dia do Bibliotecário. Transcrição da matéria "Lei 9.099: uma lei que está matando as mulheres" do jornal Vida Mulher, edição do mês de março de 2005.

Autor
Valmir Amaral (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração, em 12 de março, do Dia do Bibliotecário. Transcrição da matéria "Lei 9.099: uma lei que está matando as mulheres" do jornal Vida Mulher, edição do mês de março de 2005.
Publicação
Publicação no DSF de 17/03/2005 - Página 5210
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, BIBLIOTECARIO, ELOGIO, ATUAÇÃO, BENEFICIO, DIVULGAÇÃO, CONHECIMENTO, AMPLIAÇÃO, ACESSO, DEFESA, AUMENTO, CRIAÇÃO, BIBLIOTECA, ESTABELECIMENTO DE ENSINO.
  • ELOGIO, BIBLIOTECARIO, SENADO, COLABORAÇÃO, LEGISLATIVO.

            O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF - Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao comemorarmos, no dia 12 de março, o Dia do Bibliotecário, veio em minha mente o belíssimo conto de Jorge Luís Borges denominado a “Biblioteca de Babel”. Com o talento que o consagrou como o maior escritor argentino de todos os tempos, Borges faz de sua biblioteca uma metáfora para as infinitas possibilidades da especulação e do conhecimento humanos.

            Pode-se dizer que, na visão borgeana, não nos resta outra possibilidade senão a de conhecermos - cada vez mais e melhor - a nós mesmos e ao mundo a nosso redor. A biblioteca é o espaço que simboliza, por excelência, a necessidade, que tem o gênero humano, de armazenar e de catalogar suas experiências, sejam elas bem-sucedidas ou fracassadas. É nesse quadro que atua o profissional de biblioteconomia. São os bibliotecários os responsáveis por separar, catalogar e organizar o cabedal de conhecimento que servirá de ferramenta aos que na biblioteca buscarem refúgio. Por outras palavras, são os bibliotecários que colocam ordem na desordem.

            Em uma época em que muitos denominam como a “era do conhecimento”, a biblioteconomia é uma profissão cada vez mais importante em nossos dias. Afinal, Senhor Presidente, informação não nos falta; muitas vezes, inclusive, a temos em excesso. O que nos falta, com maior freqüência, é a capacidade de separar o joio do trigo, de distinguir o que é relevante do que pode ser desprezado em determinado contexto.

            Nesse sentido, bibliotecários competentes têm a possibilidade de fazer de seu local de trabalho uma referência para os usuários e para toda a comunidade, fazendo da biblioteca um espaço de formação de cidadãos e profissionais.

            Infelizmente, não podemos negar que, na prática, a teoria é bastante diferente. No senso escolar do ano 2000, por exemplo, verificou-se que apenas 25% das escolas brasileiras contavam com bibliotecas. Entre aquelas que possuem biblioteca, não são poucas as que sofrem com falta de verba, com acervo desatualizado, com obras em mau estado de conservação.

            Temos de lutar, Senhoras e Senhores Senadores, para fazer de nossa realidade justamente o oposto disso. Para um País que busca o desenvolvimento econômico e social pleno, como é o caso do Brasil, poder contar com cidadãos bem instruídos é essencial. Sob essa ótica, a biblioteca tem de ser o coração da escola, o centro catalisador de interesses, de cérebros, de processamento crítico da informação.

            O aprimoramento da sociedade - e de nós mesmos - só acontece mediante o diálogo e a troca de experiências. O conhecimento que se adquire pela leitura é manancial inesgotável para o aperfeiçoamento tanto individual quanto coletivo.

            Não é por outra razão que o ex-Presidente dos Estados Unidos James Madison afirmou, nos idos de 1822, que “um povo que se pretende governar a si mesmo deverá se armar com o poder que só o conhecimento oferece”.

            A dinâmica da vida contemporânea, cuja complexidade se vê refletida, por exemplo, nos debates desta Casa, exige de nós, mandatários do povo, a um só tempo legisladores e fiscais do interesse público, credibilidade e eficácia na tomada de decisões. Sem uma biblioteca bem equipada, com profissionais bem treinados, isso seria impossível.

            Nesse sentido, afirmou com muita propriedade a pesquisadora norte-americana Mary Bryant que “a importância de um parlamento bem informado para o bom funcionamento de um governo democrático não é novidade. Novos são o alcance e a complexidade das matérias com as quais o legislador deve lidar e a urgência e quantidade de informações disponíveis e solicitadas. À medida que esta evolução da complexidade das informações progride, serviços de informações parlamentares capazes e sólidos tornam-se cada vez mais importantes”.

            Felizmente, sabemos que podemos contar com os excelentes serviços da Biblioteca Acadêmico Luiz Viana Filho, aqui, no Senado Federal. Nossa biblioteca é referência nacional, pela qualidade do acervo, pela presteza e dedicação de seus funcionários, pela preocupação por parte da direção da Casa em mantê-la sempre atualizada.Tão importante quanto adquirir maior número de obras é saber armazenar e manter o que já temos. É louvável, pois, que a Biblioteca do Senado tenha celebrado convênio com a Fundação Universidade de Brasília, no intuito de melhor preservar cerca de 4 mil itens raros que fazem parte de nosso acervo. Conhecermos e valorizarmos documentos que retratam a história brasileira e nosso patrimônio cultural é o primeiro passo rumo à construção de um futuro em bases sólidas.

            Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores,

            É por meio do reconhecimento do trabalho dos bibliotecários do Senado Federal que rendo minhas homenagens a todos as bibliotecárias e bibliotecários brasileiros. Estou convencido de que priorizar a educação, tarefa ingente neste País, passa - necessariamente - pelo reconhecimento e valorização da biblioteca e de seus profissionais especializados.

            Era o que tinha a dizer, Senhor Presidente

            Muito obrigado.

            Senador VALMIR AMARAL


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/03/2005 - Página 5210