Discurso durante a 21ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Regozijo pelo resgate do Projeto Pixinguinha pela Fundação Nacional de Artes (Funarte).

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL.:
  • Regozijo pelo resgate do Projeto Pixinguinha pela Fundação Nacional de Artes (Funarte).
Publicação
Publicação no DSF de 17/03/2005 - Página 5222
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • ELOGIO, INICIATIVA, FUNDAÇÃO NACIONAL DE ARTE (FUNARTE), RETOMADA, PROJETO, NATUREZA CULTURAL, DIVULGAÇÃO, MUSICA BRASILEIRA, BRASIL, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL).

         O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não há identidade nacional sem fomento à cultura. Por isso, gostaria de enaltecer o esforço da Fundação Nacional de Artes (Funarte), no sentido de resgatar o Projeto Pixinguinha, uma das mais respeitáveis iniciativas de fomento cultural já realizadas por uma instituição pública no Brasil.

           De todas as formas de expressão artística deste nosso país-continente, a música, sem dúvida, figura como uma das mais importantes, tanto pela sua diversidade quanto pela qualidade dos nossos compositores, instrumentistas, intérpretes e arranjadores. Por sua qualidade, a música brasileira conta com reconhecimento internacional, apresentando um padrão de excelência admirável, raro e cativante.

           Por essas e outras razões, as composições brasileiras são apreciadas em países como França, Japão, Estados Unidos e Argentina, entre tantos outros, muito embora a divulgação de música de qualidade, em nosso País, enfrente dificuldades em razão da escolha de alguns produtores e distribuidores voltada para o gênero descartável de música-produto, de apelo exclusivamente comercial.

           Diante desse quadro, o que pretende o Projeto Pixinguinha? Quais as razões do seu sucesso, ao longo de mais de duas décadas? Por que sua manutenção é percebida como útil e importante pelo público e também pela crítica?

           A partir de 1977, o Projeto Pixinguinha ocupou-se de divulgar novos valores da música brasileira, tendo resgatado a carreira de importantes artistas nacionais que estavam afastados do convívio com o público.

Na década de 20, Alfredo Vianna da Rocha Júnior, o Pixinguinha, virtuoso flautista, compositor, maestro e arranjador, trabalhou na divulgação da música brasileira na Europa, juntamente com o grupo “Os Oito Batutas”. O artista, considerado o criador das bases da música brasileira, foi homenageado ao ser escolhido para dar nome ao Projeto Pixinguinha, que durou de 1977 a 1997, paradoxalmente, este último, o ano em que Pixinguinha completaria 100 anos, se vivo estivesse.

           A finalidade do projeto é divulgar, em todo o imenso território nacional, o trabalho de artistas representativos da inigualável qualidade da música brasileira. Muitos entre esses músicos, a despeito de sua relevância para a cultura nacional, não encontram canais para divulgar sua produção junto ao grande público, fato que lhes impõe dificuldades para a sobrevivência artística e material.

           Graças ao projeto, ressurgido com vigor em 2004, novos e antigos valores da música brasileira passaram a excursionar pelo País, apresentando-se a públicos entusiasmados, que puderam assistir a espetáculos de alto nível a preços acessíveis. Nada menos que 12 caravanas de músicos cruzaram o Brasil, apresentando-se em 38 cidades de 26 Estados, em um total de noventa e uma apresentações, para um público total estimado de 57 mil pessoas.

           A iniciativa governamental contou com o resoluto apoio das Secretarias de Cultura dos Estados e de empresas como a Varig e a Petrobras, tradicional patrocinadora do Projeto, que o bem demonstra a viabilidade de ações em que o Governo Federal atua junto aos poderes locais, com o indispensável auxílio de empresas públicas e da iniciativa privada.

           Vale lembrar que projetos da qualidade de um Pixinguinha, para muito além da divulgação de artistas, contribuem para a geração de empregos na área cultural. Nesse sentido, os números do Projeto são eloqüentes: na edição do ano passado, a Funarte recebeu nada menos que 1.557 inscrições para postos de trabalho e selecionou 131 candidatos - 87 por concurso e 44 indicados pelas Secretarias de Cultura estaduais.

           Srªs e Srs. Senadores, gostaria de lhes dar o meu testemunho - na condição de Senador por Roraima e de pernambucano de origem - da importância de iniciativas como o Projeto Pixinguinha, sobretudo para os brasileiros que vivem longe dos principais eixos econômicos e culturais do nosso País.

           Digo-lhes isso porque, nos dias 29 de setembro, 29 de outubro e 1º de dezembro de 2004, as caravanas de artistas, excursionando pela Região Norte, estiveram em Boa Vista, capital do Estado que represento nesta Casa, brindando a audiência do Palácio da Cultura com apresentações inesquecíveis.

           Em 2005, o Projeto Pixinguinha será estendido a mais cidades no Brasil e, também, a cidades do Mercosul, com espetáculos envolvendo músicos da Argentina, do Brasil, do Chile, do Paraguai e do Uruguai, em todos os países do bloco econômico. A iniciativa é muito bem-vinda e contribui para estimular o intercâmbio cultural, ainda incipiente, na América do Sul.

           Srªs e Srs. Senadores, longa vida ao Projeto Pixinguinha é o que deseja o Senado Federal, que deve abrir espaço em seu canal de TV para divulgar os espetáculos e entrevistar os artistas. O Projeto Pixinguinha, com todo o mérito, já faz parte do patrimônio cultural brasileiro.

           Era o que eu tinha a dizer. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/03/2005 - Página 5222