O SR. FRANCISCO PEREIRA (Bloco/PL - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Espírito Santo, nestas últimas semanas, sofreu as conseqüências das chuvas fortes que cobriram o Estado, em uma verdadeira e dolorosa situação de calamidade pública.

Trinta, Sr. Presidente, foi o número de municípios que decretaram situação de emergência em função dos estragos causados pela chuva: centenas de casas alagadas e centenas de desabrigados.

Nos últimos dias, pelo menos 5 mil quilômetros de estradas já foram danificadas; 7 estradas foram obstruídas pelas quedas de barreiras em vários pontos, além de problemas em dezenas de pontes.

Os pecuaristas encontram dificuldades para escoar a produção.

Nos últimos dias, mais de 500 mil litros de leite deixaram de ser entregues.

Já se calcula o prejuízo de R$4,5 milhões ao Espírito Santo.

Muitas famílias ficaram desabrigadas em vários municípios do Estado. Eles sofreram sérias dificuldades. Só em Fundão, por exemplo, aproximadamente 30 pessoas ficaram em abrigos improvisados montados com varais, lençóis e lona no ginásio de esportes, de acordo com os noticiários locais.

Em Vila Velha, grandes transtornos foram causados com alagamentos e buracos em muitos bairros. Imaginem o desespero e a dor de várias famílias capixabas que viram seus móveis levados, que viram suas casas sendo destruídas. Quantos desabrigados estão se somando a cada dia com as chuvas fortes?

E as estradas? Em Cariacica, crateras tomaram conta de ruas, dificultando a passagem de pedestres e impossibilitando o trânsito de automóveis. O esgoto transbordou e alagou as ruas, muitas pessoas ainda enfrentaram o mau-cheiro.

A cheia do rio Itapemirim deixou centenas de famílias ilhadas no interior de Itapemirim, no Sul do Estado. Todas as ruas de acesso à região ficaram alagadas e, para chegar ao local, só era possível por meio de barcos. A Igreja da região serviu de abrigo para algumas famílias que resolveram abandonar suas casas. As aulas na escola foram suspensas. Um caminhão que transportava dez trabalhadores para uma lavoura de cana no interior da cidade passava no instante em que a água rompeu o asfalto e por pouco o veículo não mergulhou na cratera.

Por causa deste triste cenário, venho hoje a esta tribuna, Sr. Presidente, pedir uma especial atenção às prefeituras.

O Governo Federal e o Governo Estadual têm de trabalhar no sentido de socorrer todos aqueles que estão enfrentando os males das enchentes.

Além dos males da destruição e acidentes, ainda enfrentamos as várias doenças que as águas pluviais podem trazer como conseqüências à população, como: a leptospirose, a Hepatite A, a Febre tifóide, o tétano, entre outras.

Clamo aos Governos Federal e Estadual para que, com ações emergenciais, possam diminuir a destruição causada no Estado. Famílias perderam tudo o que tinham. Durante os temporais, a fiação elétrica também foi atingida, com a queda de árvores.

Os alimentos cedidos pelas prefeituras estão racionados, além de faltar energia elétrica, gás de cozinha, colchões e segurança.

Peço, também, a atenção ao Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transporte para as estradas que cortam o Estado e que enfrentam problemas de queda de barreiras, obstrução da pista, alagamentos e buracos. Em pontos importantes, como na rodovia estadual que liga Itapemirim a BR-101 Sul, a estrada cedeu e ficou interditada. Por isso, aqui nesta tribuna, chamo a atenção para a questão da infra-estrutura que está sendo abalada e que precisa ser recuperada e tratada com urgência.

Um ponto considerado de risco na BR-101 Sul é o quilômetro 463 da rodovia, onde há registro de início de deslizamento que provocou um ressalto de cinco centímetros na pista. A Polícia Rodoviária Federal afirmou que os problemas na rodovia se estendem desde o quilômetro 411, na altura do Município de Itapemirim, até a divisa com o Rio de Janeiro. No sul do Estado, a chuva já afetou a maior cooperativa de leite do Espírito Santo. Solicito que a Secretaria de Agricultura nos apóie no auxílio aos municípios na recuperação das estradas municipais.

Outra situação que precisa ser trabalhada emergencialmente, Sr. Presidente, é a questão da leptospirose, que já afeta vários municípios. Peço atenção especial, para o combate da doença, à Secretaria Estadual de Saúde, que já registrou, em todo o Estado, de janeiro até agora, 78 casos da doença, com 13 confirmações. Os municípios com maior número de notificações são Santa Teresa, com 16 casos, Vitória e Cariacica com oito registros cada um; Vila Velha com seis e agora o sexto caso de suspeita de Leptospirose aparece em João Neiva. Peço atenção desta Secretaria.

Precisamos colocar em ação, urgentemente, ações de prevenção da doença e a distribuição de medicamentos para tratar os residentes dos municípios afetados pela chuva.

Ações da secretaria de Saúde do Estado, como a distribuição de comprimidos, divididos entre antibióticos, antiinflamatórios, analgésicos, antitérmicos, antiparasitários, anti-hipertensivos, antiasmáticos, soros para hidratação e para o tratamento da água são fundamentais para o combate à doença.

Finalizo aqui o meu discurso, Sr. Presidente, pedindo o apoio dos Governos, Federal e Estadual, das Secretarias de Saúde estaduais e do Departamento de Transportes para soluções emergenciais dos problemas que hoje meu Estado vem sofrendo com as tempestades.

Solidarizo-me com todas as famílias que estão sofrendo as conseqüências das chuvas fortes. Hoje, no cargo de Senador da República no papel de porta-voz do povo capixaba, espero ter contribuído ao interceder por aqueles que bradam por socorro em uma triste situação causada por este acidente natural.