Discurso durante a 24ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Parabeniza Senador Geraldo Mesquita por pronunciamento feito hoje na tribuna do Senado. Conclama ao Presidente Lula para concluir a reforma ministerial anunciada.

Autor
Heráclito Fortes (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
BANCOS. EXECUTIVO.:
  • Parabeniza Senador Geraldo Mesquita por pronunciamento feito hoje na tribuna do Senado. Conclama ao Presidente Lula para concluir a reforma ministerial anunciada.
Aparteantes
César Borges, Heloísa Helena, José Agripino.
Publicação
Publicação no DSF de 22/03/2005 - Página 5584
Assunto
Outros > BANCOS. EXECUTIVO.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, GERALDO MESQUITA JUNIOR, SENADOR, DISCURSO, DENUNCIA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), FAVORECIMENTO, LUCRO, BANCOS, OMISSÃO, ABUSO, EXPLORAÇÃO, CORRENTISTA.
  • CRITICA, PARALISAÇÃO, POLITICA NACIONAL, DEMORA, DECISÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PROTESTO, CRITERIOS, POLITICA PARTIDARIA, NEGLIGENCIA, COMPETENCIA, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
  • DEBATE, POLITICA PARTIDARIA, INDICAÇÃO, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS, EXPECTATIVA, ESCOLHA, POLITICO, ESTADO DO PIAUI (PI), MINISTERIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Agradeço a bondade e a generosidade de V. Exª, Sr. Presidente, Senador Mão Santa, que, aliás, é a grife que lhe acompanha a vida inteira.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, por dever de justiça, em primeiro lugar, parabenizo o Senador Geraldo Mesquita Júnior por um pronunciamento que concluiu há cerca de meia hora na tribuna. Anunciou ser o segundo de uma série de três. Lamento que a movimentação nesta Casa não tenha me permitido assistir, pessoalmente, ao primeiro pronunciamento. Ouvi o segundo numa circunstância especial, quando eu estava dentro de meu carro. Vi, no aeroporto, aqui em Brasília, um grupo de motoristas assistindo e aplaudindo o que dizia o Senador Geraldo Mesquita Júnior. Então, vim acompanhando e posso dizer que é um discurso preciso, sereno, e elogiável. Vou fazer todo o esforço possível para acompanhar o terceiro pronunciamento dessa série a que S. Exª se propõe.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o que me traz a esta tribuna é a audácia de alguém da Oposição, que, de maneira construtiva, pede ao Presidente Lula que conclua a sua reforma ministerial. Passou de todas as medidas. O País está parado. Os Ministros que estão ocupando os postos já não têm mais tranqüilidade para trabalhar. E até venho acudir o ex-Deputado Humberto Costa. Como é que o Ministro pode tratar dos assuntos da saúde quando, a cada momento, se noticia que S. Exª está fora do Ministério? Como é que o Ministro Ciro Gomes pode tratar da Integração, se dizem que a sua Pasta agora vai ser a Saúde? Como é que o Ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, pode tratar da sua Pasta tão requintada, dos assuntos específicos, quando dizem que S. Exª vai para a Integração?

É uma salada, é uma mistura que já não está mais fazendo bem ao País. Senador José Agripino, esta discussão não está sendo levada tendo como argumento a necessidade que cada Pasta tem, ou seja, analisando-se o melhor para a Saúde, ou o melhor para as Comunicações, mas, sim, as circunstâncias políticas, que, compreendo, são naturais, específicas do momento. Mas o País não pode e não deve pagar esse preço.

Na semana passada, quando o Senador Eduardo Suplicy, que tem acesso direto ao Presidente da República, disse que, na segunda-feira, seria anunciada a nova equipe ministerial, fiquei satisfeito. Mas já estamos na segunda-feira seguinte e nada! Agora se anuncia que, num almoço ou num encontro por volta de 13 horas, o Presidente do PMDB, Michel Temer, e o Presidente Lula discutiram, entre outros assuntos, a reforma ministerial. Fica difícil o País continuar parado. E nada se discute, nada se conclui a respeito.

Concedo um aparte ao Senador César Borges.

O Sr. César Borges (PFL - BA) - Senador Heráclito Fortes, V. Exª traz uma preocupação que, hoje, é de todo o meio político e administrativo do nosso País. Seis meses decorrem para uma inacabada reforma ministerial, e não sabemos quando essa novela terá fim. Na verdade, em outubro de 2004, começou a se falar numa reforma ministerial. Passaram as eleições municipais, a primeira desculpa dada para não se fazer a reforma naquele período. Agora, Senador Heráclito Fortes - hoje li uma nota muito interessante -, dizem que vão incluir o Presidente Lula no livro “Tortura Nunca Mais”, porque ele é o torturador-mor, torturando aqueles que estão nos cargos na iminência de deixá-los. Então, não se sabe se ficarão no cargo ou se, no dia seguinte, serão ex-Ministros. E aqueles que estão prestes a serem alçados ao cargo de Ministro, como é o caso do nosso Colega, Senador Romero Jucá, e tantos outros. Amir Lando sai, Romero Jucá vai para o lugar dele. O Presidente está torturando. É uma espera angustiante, que tortura não só os que vão para o cargo e os que os deixarão, mas principalmente o povo brasileiro. Verificamos que a reforma ministerial não vem para melhorar a gestão, não vem para melhorar a Administração Pública, não vem para atender ao povo brasileiro. Ela vem, sim, para dar sustentabilidade a um projeto de poder para a reeleição do Presidente Lula. Portanto, esse fato deve ser denunciado amiúde ao País. Parabenizo V. Exª e concordo com o seu pronunciamento.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Obrigado, Senador César Borges.

Senadora Heloísa Helena, esse caso parece a novela das oito da Globo: quando provoca aumento nos índices do Ibope, adia-se o final. Não importa que vítimas são feitas. A história é dar Ibope. É ter o tema reforma ministerial em voga, como o grande assunto do momento para um Governo que não tem obras concretas a anunciar, um Governo que não tem indicadores positivos.

Então, ocupa-se o espaço única e exclusivamente nessa máquina de tortura, nessa fritadeira permanente que se instalou no Palácio do Planalto.

Concedo um aparte à Senadora Heloísa Helena.

A Srª Heloísa Helena (P-SOL - AL) - Senador Heráclito, quero compartilhar com a preocupação de V. Exª, embora o Senador César, o Senador Agripino e V. Exª já tenham dito e todas as pessoas de bom senso nesta Casa saibam que o País não está paralisado apenas pela reforma. Infelizmente, não é apenas pela reforma. A preocupação que eu sempre tenho com essa troca de cadeiras no jogo sujo do poder é saber que preço será pago e quem o pagará. Além dessa coisa feia - eu acho superbrega isso, mas tem gente que não acha -, além dos almoços e jantares pagos com o dinheiro público e depois a ousadia dessa gentalha de publicar nas colunas sociais o que comeu e o que bebeu lá - o que considero superbrega, mas há pessoas que acham superchique -, além disso tudo, que é pago com o dinheiro público, é montado o balcão de negócios por quem entra e por quem sai: o que vai ter quem saiu, o que vai ter quem entrou, e o que será votado com a nova base que se incorpora em torno de quem vai receber o cargo. Era a preocupação que eu tinha no Governo Fernando Henrique e que tenho agora no Governo Lula: qual é o preço pago com esse tipo de jogo e quem é que paga efetivamente? Quem paga é o povo brasileiro. Alguns de nós certamente sofremos, nos angustiamos, brigamos muito mais e corremos o risco até de enfartar aqui; mas os que estão lá no balcão de negócios sujos, se lambuzando com caviar e outras coisas mais, estão completamente felizes, Senador Heráclito. Não estão nem aí sobre qual é o significado disso para a Previdência, para a saúde, para a educação e para a infra-estrutura do País. Estão todos os dias cantando “Tô nem aí”, porque suas respectivas medíocres aspirações pessoais estarão devidamente legitimadas nesse jogo sórdido do poder, enquanto a grande maioria da população está completamente esquecida. Compartilho da preocupação de V. Exª e espero que, no tempo mais rápido possível, até para que a reforma não seja mais uma desculpa da paralisia do Governo, possamos ver o caso definitivamente resolvido. Portanto, quero me solidarizar com V. Exª em seu pronunciamento.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Continuando, Srª Senadora, e concordando com o que V. Exª diz, sempre com muita lucidez, quero dizer que, para mim e para o Senador Mão Santa, a posição é cômoda. Temos um piauiense cravado para ser Ministro, o Deputado Ciro Nogueira Filho, que está sendo anunciado para a Pasta das Comunicações. E quero avisar logo aos lobistas que tenho amizade com o Deputado Ciro Nogueira, mas não tenho prestígio. Comecei a ser procurado por pessoas que querem saber se o Ministro gosta de vinho, quais são seus costumes e hábitos. Não sou eu a pessoa indicada e não me presto a esse tipo de papel, ao longo dos mandatos que exerci nesta Câmara. Procurem os amigos novos ou procurem outro tipo de canal para o Ministro. Não faço esse tipo de política. Tenho pavor! Fui abordado, Senador Mão Santa, em um vôo para São Paulo, na sexta-feira e hoje novamente. São aqueles que procuram o poder que está chegando.

A propósito, Senador Mão Santa, eu gostaria de dar um conselho ao futuro Ministro Ciro Nogueira e a Severino Cavalcanti: deixem o PMDB ficar com as Comunicações. O Deputado Severino Cavalcanti, Presidente da Casa, que é um nordestino, sabe que pode fazer muito mais pelo Nordeste se tiver o Ministro da Integração. As obras de pedra e cal, de benefício para o Brasil, estão exatamente no Ministério da Integração. No Ministério das Comunicações, vão-se discutir assuntos da maior importância para o Brasil, mas os benefícios que chegariam em curto espaço de tempo são virtuais: é o satélite, é a antena, é a torre.

No caso da Integração, não, Senadora. Vão para lá, por intermédio do Ministério da Integração, o açude, a barragem, a nossa ferrovia transnordestina, Sr. Presidente Mão Santa. Isso seria conduzido pelo Ministro do Piauí, no caso de haver a troca, de haver a concordância de Ciro Nogueira para a Integração. Eu, como piauiense, ficarei muito feliz com a sua escolha para qualquer um dos Ministérios, mas, se puder opinar como piauiense e como nordestino, faço um apelo ao Presidente Severino Cavalcanti para que indique, com muita justiça - porque merece, pelo seu trabalho e principalmente pela sua lealdade -, o Deputado Ciro Filho para o Ministério da Integração, até porque, para o Piauí, há um segundo benefício: já temos um piauiense, na cota do PMDB, presidindo os Correios e Telégrafos; se mudar... - e agora, Senador José Agripino, dizem que a história é porteira fechada: quem ganhar a chave leva tudo, leva todos os quartos, todos os cômodos. Aí o Piauí vai ganhar o Ministério, vai perder a Presidência dos Correios, uma função que o atual Presidente e ex-Deputado João Henrique vem desempenhando a contento.

Dessa forma, faço este apelo: primeiro, para que a reforma seja decidida o mais rápido possível; segundo, para que, sendo decidida, o Brasil comece a trabalhar.

Senador José Agripino, ouço V. Exª.

O Sr. José Agripino (PFL - RN) - Senador Heráclito Fortes, V. Exª é um homem de colocações muito apropriadas. É arguto, é ferino, mas é, acima de tudo, verdadeiro. E V. Exª tem o dom de levantar as questões certas na hora certa. V. Exª questiona a rapidez da reforma ministerial. O Presidente Lula, em novembro, já anunciava a reforma. Em novembro! Estamos em março, e nada acontece. Por uma razão muito simples: na minha opinião, o objetivo da reforma não é ganho de gestão - criou-se agora o jargão “choque de gestão”; choque de gestão coisa nenhuma! O que o Governo quer é acomodar politicamente o arco de aliança de Partidos para montar, desde já, primeiro de tudo, a garantia da manutenção da verticalização; segundo, a aliança político-partidária, com vistas à reeleição do Presidente Lula. A Administração que se lixe! Pouco importa. O que interessa é a arrumação política para garantir uma perspectiva de eleição. Quero, com essas palavras, congratular-me com V. Exª pela oportunidade do discurso.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Agradeço a V. Exª e agradeço a generosidade do Presidente Mão Santa, que, tenho certeza, concorda com a oportunidade de o Ministro Ciro Nogueira Filho ocupar um ministério mais ligado ao Nordeste, mais ligado ao Piauí.

E encerro, Senadora Heloísa Helena, dizendo aos lobistas, mais uma vez, e aos que querem emprego no novo ministério: eu não sou o canal ideal; sou oposição ao Presidente Lula. A amizade, o relacionamento que tenho com o Deputado Ciro Nogueira é familiar, é relacionamento que não interferirá em nada, até porque sei que os seus deveres e as suas obrigações serão com o seu Partido, o Partido Popular.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Dessa forma, faço esse apelo para ter tranqüilidade. Só me resta, Senador Mão Santa, torcer para que ele, caso vá para o Ministério - sonho com a sua ida, porque é melhor para o Piauí e para o Nordeste -, realize, escolhido para o Ministério das Comunicações, uma administração cheia de bons êxitos para o Brasil e para o nosso Piauí. Competência, capacidade, lealdade e perseverança, eu conheço, não vão lhe faltar.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Lamento V. Exª não ter utilizado mais uns cinco minutos pelo nosso Piauí.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Tenho certeza de que, com o pronunciamento de V. Exª, minhas falhas serão devidamente reparadas.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/03/2005 - Página 5584