Pronunciamento de Heloísa Helena em 22/03/2005
Discurso durante a 25ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Considerações acerca da matéria de capa do jornal Correio Braziliense, editada sábado último, sob o título "Senadores querem mais mordomia".
- Autor
- Heloísa Helena (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/AL)
- Nome completo: Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
SENADO.:
- Considerações acerca da matéria de capa do jornal Correio Braziliense, editada sábado último, sob o título "Senadores querem mais mordomia".
- Publicação
- Publicação no DSF de 23/03/2005 - Página 5661
- Assunto
- Outros > SENADO.
- Indexação
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- COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), ANUNCIO, AUMENTO, VERBA, GABINETE, SENADOR.
- REGISTRO, EFETIVAÇÃO, AUMENTO, VERBA, ANTERIORIDADE, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA, COMENTARIO, SUPERIORIDADE, PRIVILEGIO, SENADO, COMPARAÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS.
A SRª HELOÍSA HELENA (P-SOL - AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o jornal Correio Braziliense de sábado trouxe uma matéria de capa - infelizmente só tive a oportunidade de vê-la ontem, porque, estando no interior de Alagoas, não tenho acesso aos grandes jornais -, com a seguinte manchete: “Senadores querem mais mordomias”. Segundo a matéria, os Senadores estavam pensando em aumentar a verba de gabinete.
Meu caro Vice-Presidente do Senado, Senador Tião Viana, sempre fico impressionada com a metodologia que o Senado usa para ludibriar tanto a imprensa e os jornalistas, escondendo o luxo do lixo aqui do Senado e atribuindo à Câmara dos Deputados todas as mazelas dos privilégios. Mas, como não quero ser parte de nenhuma farsa corporativista, porque todos nós sabemos que o lixo do luxo do Senado é, no mínimo, três vezes maior do que o da Câmara, eu preciso explicar: Como é que a matéria sai no sábado se na quinta-feira já tinham aumentado a verba de gabinete aqui no Senado? É quase cômico.
Então, Sr. Presidente, o jornal fica dizendo que tem um tal de “baixo clero” aqui - não sei quem é o “baixo clero”, mas conheço muitos do “alto clero” com estatura moral do “baixo clero”- que está pressionando a Mesa. Pressionou tanto que a Mesa já aumentou, e a imprensa diz que “ainda está pensando em aumentar”! Já aumentou. Mas, quero deixar claro, não em meu nome! Até porque eu sei - e não estou falando das mordomias inimagináveis dos Presidentes do Senado ou da Câmara, ou dos membros da Mesa, ou dos Líderes partidários - que o mais simples Senador tem mais privilégios do que o mais simples Deputado. E, como eu não quero ser parte de nenhuma farsa corporativista que atribui à Câmara as mazelas que esta Casa também tem - e muito mais do que lá, mas está imbuída do falso moralismo, do moralismo farisaico, o que é muito pior.
Portanto, se alguém quer aumentar a verba de gabinete - como já aumentaram na semana passada -, se alguém quer aumentar cargos de assessoria, construir prédio ou o que quer que seja, não será em meu nome, Senador Tião Viana, não em meu nome!
Fico impressionada, Senador Geraldo Mesquita, como é que conseguem ludibriar tanto os meios de comunicação! É uma coisa inimaginável! Qual a metodologia que usam para esconder o lixo do luxo do Senado? Por quê? Por que o Severino é uma figura, digamos, mais grotesca? Por que, aqui, supostamente, são os rapazes mais idosos e as moças mais idosas? Mentira! Farsa! E, como eu não quero ser parte de nenhuma farsa corporativista, tenho que dizer essas coisas.
Infelizmente, só vi a matéria com atraso, porque já na quinta-feira o aumento da verba de gabinete havia sido aprovado. E a verba de gabinete para pagar à assessoria, que também foi aumentada na Câmara - inclusive foi manchete em todos os jornais -, no Senado ela é quase três vezes maior.
Sr. Presidente, este é um simples protesto. Sei que ele não vale de nada. Mas não em meu nome! Sei que alguns Senadores e Senadoras não usam toda a estrutura que têm - eu sei disso -, mas, mesmo assim, sinto-me na obrigação de dizer o que de fato acontece nesta Casa.