Discurso durante a 26ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com o crescimento do índice de desemprego no Brasil. (como Líder)

Autor
Marcelo Crivella (PL - Partido Liberal/RJ)
Nome completo: Marcelo Bezerra Crivella
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE EMPREGO.:
  • Preocupação com o crescimento do índice de desemprego no Brasil. (como Líder)
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 24/03/2005 - Página 6227
Assunto
Outros > POLITICA DE EMPREGO.
Indexação
  • COMENTARIO, CRESCIMENTO, DESEMPREGO, CORRELAÇÃO, VIOLENCIA, AUSENCIA, INVESTIMENTO, INICIATIVA PRIVADA, AUMENTO, DIVIDA INTERNA, DESIGUALDADE SOCIAL, REGISTRO, DADOS.
  • SOLICITAÇÃO, EMPENHO, FINANCIAMENTO, AGRICULTOR, REFORMA AGRARIA, INCLUSÃO, PEQUENO PRODUTOR RURAL, ECONOMIA FAMILIAR, PROGRAMA, Biodiesel, BUSCA, COMBATE, DESEMPREGO.
  • COMENTARIO, ILEGALIDADE, EMIGRAÇÃO, BRASILEIROS, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), MOTIVO, SITUAÇÃO, DESEMPREGO, BRASIL.

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL - RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, subiu o desemprego. A notícia mais triste que podíamos ter antes da Páscoa. Aliás, já prevíamos isso.

A economia brasileira cresceu 5,2%, e nós festejamos. Porém, não podemos esquecer que ela vem crescendo de um patamar de 0%, que foi o nosso crescimento em 2003. Isso faz com que, nos dois primeiros anos, a nossa média caia na média histórica e medíocre dos anos do neoliberalismo: 2,5% ao ano. Isso não altera o estoque de desempregados do Brasil que já passa de 20 milhões de brasileiros.

Sr. Presidente, somos 80 milhões de brasileiros trabalhando. Destes, Senador Francisco Pereira, dez milhões estão no desemprego aberto, mais uns dez milhões no subemprego, brasileiros ocupados, mas ganhando menos de um salário mínimo. Portanto, esse desemprego tem correlação direta com a violência, com a favelização, com a falta de demanda para investimentos da iniciativa privada.

E pior, como é que nós, Senadores, Senadora Heloísa Helena, ao voltarmos para o Rio de Janeiro, para Alagoas, explicaremos aos nossos eleitores que, no ano passado, pagamos R$140 bilhões de juros da dívida interna? Não se trata de dívida externa, mas de dívida interna. Pior, destes R$140 bilhões, R$110 bilhões foram para 7 mil brasileiros. Nunca se viu na história da civilização humana, desde a época dos egípcios até agora, tamanha desigualdade social. Num País em que há milhões de desempregados, ocorre, por exemplo, um caos na área da saúde e uma estiagem no Sul. Precisamos financiar nossos agricultores. Precisamos da reforma agrária. Temos 5.800 assentamentos, mas ainda precisamos ter um projeto de resgate social em nossos assentamentos. A maioria deles está sobrevivendo com cesta básica.

O Senador Hélio Costa fez agora um pronunciamento candente, muito importante. O biodiesel é a esperança que temos para a inclusão de pequenas famílias num grande negócio, que é o negócio de combustíveis no País. Vamos começar com 2% e chegaremos a 5%. Devia até ser mais, Senador Hélio Costa, mas a Petrobras - que teve um turn over de R$40 bilhões no ano passado - segura esse percentual. Quem dera, amanhã, V. Exª esteja sentado ao lado do Presidente da República - porque certamente Sua Excelência vai convidá-lo para aconselhar-se com V. Exª, o grande Líder de Minas Gerais - e possa tentar convencê-lo: “Presidente, vamos financiar uma usina, uma refinaria de biodiesel, de mamona, de nabo, do que for, para as cooperativas, para os nossos assentados da reforma agrária”. São cinco mil e oitocentos assentamentos, mas, perdoe-me Senhor Presidente, são cinco mil e oitocentas favelas rurais. Infelizmente, temos que dizer isso.

Sobe o desemprego. Meu Deus do Céu! Nós, que pagamos, nos dois primeiros anos do nosso Governo, R$280 bilhões de juros da dívida interna, assistimos, com pesar, o desemprego crescer. Não é sem causa que cresce o número de emigrantes ilegais para os Estados Unidos. O número de brasileiros - principalmente do Leste de Minas, da região do Vale do Aço - que foi preso emigrando ilegalmente para os Estados Unidos em 2003...

O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) - Senador, vamos conceder-lhe, ainda, dois minutos.

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL - RJ) - Serei eternamente grato por sua generosidade, Sr. Presidente. Que Deus o recompense!

Em 2003, 4.300 jovens brasileiros viajaram aos Estados Unidos, foram presos, deportados, humilhados e voltaram ao Brasil frustrados. Em 2004, o número dobrou: 8.500 brasileiros foram presos na fronteira dos Estados Unidos com o México e deportados para o Brasil. E, nos dois primeiros meses de 2005, quantos foram? Dez mil brasileiros! Meu Deus do Céu, quando é que vamos acordar para o fato de que os nossos jovens estão tendo que viajar desesperados aos Estados Unidos...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL - RJ) - (...) a fim de conseguirem um emprego melhor!

Nos dois primeiros meses deste ano, já somam dez mil brasileiros presos, fichados, humilhados e deportados dos Estados Unidos. E gastaram, no mínimo, U$2 mil...

O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA.) - Peço que conclua, Senador.

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL - RJ) - (...) para fugir do País.

Sr. Presidente, Senador João Alberto, para concluir e não passar dos 29 segundos que o relógio ainda me concede, faço um clamor ao Governo, para que possamos...

Senador Eduardo Suplicy, por favor.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Marcelo Crivella, V. Exª toca neste assunto da grande dificuldade para os brasileiros que aspiram a uma condição melhor e têm enormes dificuldades de hoje ingressar nos Estados Unidos e lá permanecerem. Gostaria de registrar, inclusive, que...

(Interrupção da gravação.)

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL - RJ) - Sr. Presidente, apenas para que o Senador possa concluir.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - (...) no momento da presença do Secretário da Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, que veio aqui discutir diversos temas com o Presidente Lula e o Ministro das Relações Exteriores, somos solidários sim às vítimas do terrorismo, inclusive nos Estados Unidos, mas gostaríamos de ressaltar que, se for para resolver para valer os problemas de não-realização de justiça, que muitas vezes causam o terrorismo, será importante termos a perspectiva da livre mobilidade dos seres humanos ao longo das fronteiras entre os países das Américas. Cumprimento-o por esta batalha para que não haja mais o tipo de barreira existente hoje. Já avançamos muito no âmbito do Mercosul, dos países latino-americanos, para que haja maior liberdade de locomoção das pessoas. Entretanto, ainda hoje, os jornais noticiam que o governo do Paraguai está para expulsar muitos brasileiros de lá. Mas é importante avançarmos na direção da liberdade de circulação dos seres humanos nas Américas. Obrigado.

O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) - Senador Marcelo Crivella, o tempo de V. Exª está esgotado. Por gentileza, conclua seu pronunciamento.

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL - RJ) - Sr. Presidente, só para concluir, agradeço ao Senador Eduardo Suplicy e a V. Exª pelo tempo, deixando aqui este apelo dramático para que possamos rever nossas metas de inflação, nossas taxas de juros e para que possamos dar solução ao problema do desemprego que tanto aflige os brasileiros.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/03/2005 - Página 6227