A SRª HELOÍSA HELENA (P-SOL - AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, primeiramente, quero compartilhar da preocupação da Senadora Lúcia Vânia, absolutamente precisa no seu pronunciamento, especialmente nesses dias em que mais um Governo faz de conta que lança um projeto de planejamento familiar para a Nação brasileira, sem se dar conta da falta de serviços a serem disponibilizados, além da ausência concreta de condições de vida para a nossa juventude.

Sr. Presidente, por várias e várias e várias vezes, nesta Casa ou em todas as audiências públicas que foram encaminhadas pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, tive a oportunidade de debater o tema da transposição do São Francisco, que insisto em caracterizar como uma fraude política e uma farsa técnica. O Governo Lula imita também o Governo Fernando Henrique nesse sentido, o qual não fez a transposição porque, com a crise do setor elétrico, acabou sendo impedido por condições objetivas dos reservatórios e do próprio Rio São Francisco.

No entanto, eu ainda não havia tido a oportunidade de ver ou de conversar com as outras pessoas que assistem mais à televisão do que eu.

Rapidamente, falarei sobre mais uma propaganda enganosa, uma peça publicitária muito bonita, muito cara, muito mentirosa, que está sendo apresentada pelo Governo Federal nos meios de comunicação, sobre a transposição do Rio São Francisco.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, sei que farsa técnica e fraude política conseguem ludibriar o povo brasileiro, especialmente o nordestino, que é tão maravilhoso, tão trabalhador, mas tão sofrido que, ao longo da História, foi sendo engabelado por conversas e mais conversas em relação a panacéias, a fórmulas mágicas, a projetos faraônicos que supostamente resolverão o problema e não o fazem.

Reconheço que dá status essa verdadeira tara existente entre os governantes de fazerem grandes obras, grandes placas, muito dinheiro no bolso, muito dinheiro no bolso dos serviçais da política em face dos acordos sujos com empreiteiras, com construtoras e outras coisas mais.

O que é mais grave, Senador João Capiberibe, é que esse projeto tem a ousadia, a malícia maldita de dividir o povo nordestino. Porque quem é de outros Estados, diz pertencer àquele Estado. Mas no Nordeste, não. No Nordeste é nordestino. Às vezes, o indivíduo, que é nordestino, pelo seu sotaque carregado, é apontado como paraibano, ou baiano, ou alagoano. Mas nós nos consideramos, acima de tudo, nordestinos! Brinco sempre, dizendo que eu reclamaria muito, quando chegasse ao céu, se não tivesse nascido mulher e nordestina, porque amo muito a minha região. Gosto muito do Nordeste.

Mas, essa medida conseguiu, pela malícia, pela mentira, pela fraude política e pela farsa técnica, dividir os Estados que têm o rio São Francisco na sua bacia hidrográfica e os Estados que supostamente seriam beneficiados com a transposição do rio.

O que é pior é que parte da população pobre do nosso Nordeste, que supostamente seria beneficiada com a transposição do rio São Francisco, engana-se, uma vez que o projeto de transposição, além de visar a privatização do uso da água por meio das PPPs e encher a pança das empreiteiras, construtoras e consultoras, destina-se ao agrishow, ao agribusiness, aos plantadores de algodão colorido e de frutas maravilhosas que uma criança pobre nunca verá, porque são destinadas à agricultura de exportação.

Por isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que eu não poderia deixar de fazer o meu protesto, mais uma vez, diante dessa propaganda mentirosa e enganosa, que está sendo paga com o dinheiro público, essa fraude política e essa farsa técnica, mentindo para o povo pobre do Nordeste, dizendo que o projeto da transposição é a salvação dos pobres do Nordeste, quando, na verdade, é um projeto para continuar enchendo a pança dos grandes latifundiários e dos ricos do Nordeste, de uma forma geral e, mais uma vez, esvaziando as alternativas de abastecimento humano, de abastecimento animal, de projetos de irrigação, de projetos de geração de emprego para todos os Estados do Nordeste.

Portanto, Sr. Presidente, mais uma vez, deixo aqui registrado o nosso protesto.