Pronunciamento de Heloísa Helena em 28/03/2005
Discurso durante a 27ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Denuncia abandono do semi-árido alagoano pelo Governo Federal.
- Autor
- Heloísa Helena (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/AL)
- Nome completo: Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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CALAMIDADE PUBLICA.
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
- Denuncia abandono do semi-árido alagoano pelo Governo Federal.
- Publicação
- Publicação no DSF de 29/03/2005 - Página 6539
- Assunto
- Outros > CALAMIDADE PUBLICA. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
- Indexação
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- CRITICA, INDISPONIBILIDADE, RECURSOS, GOVERNO FEDERAL, ATENDIMENTO, MUNICIPIOS, ESTADO DE ALAGOAS (AL), ESTADO DE EMERGENCIA, SECA.
- SOLICITAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, LIBERAÇÃO, RECURSOS, REGIÃO NORDESTE, INVESTIMENTO, INFRAESTRUTURA, ABASTECIMENTO DE AGUA, IRRIGAÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, CRIAÇÃO, EMPREGO, BENEFICIO, POPULAÇÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
A SRª HELOÍSA HELENA (P-SOL - AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Gastarei um tempo menor que esse, Senador Eduardo Siqueira Campos.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, mais uma vez vou falar aqui sobre algo de que já tive a oportunidade de falar centenas de vezes, como também outros Parlamentares o fizeram. Às vezes, Senador Tião Viana, sentimo-nos meio parte de uma cantilena, de um repeteco das mesmas coisas, das mesmas críticas e das mesmas propostas. O problema é que, como o Governo, de um lado, vem com a sua cantilena enfadonha e mentirosa, dizendo que não há recursos para serem disponibilizados para o sertão, temos que vir, mais uma vez, reproduzir aquilo que significa dor, sofrimento, desemprego e pobreza no Nordeste de uma forma geral, e, de uma forma muito especial, em Alagoas.
Sabe o que me deixa absolutamente constrangida, Senadores? O Senador Teotônio fez uma proposta honesta, uma proposta interessante, pedindo que os três Senadores de Alagoas - é do conhecimento de todos as divergências ideológicas e programáticas que temos uns com os outros, quase um abismo nos separa do ponto de vista das divergências ideológicas e programáticas -, como um ato simbólico, mostrassem a unidade da Bancada, para que, de alguma forma, se tentasse solucionar um problema gravíssimo por que passa hoje metade da população de Alagoas, embora apenas um terço dos Municípios tenham conquistado o chamado decreto de estado de emergência, que sequer é de calamidade. Fomos os três Senadores - o Senador Teotonio, o Presidente do Congresso e eu -, a Presidente da Associação dos Municípios de Alagoas, a Prefeita Roseana, vários Prefeitos e lideranças.
Como já tive oportunidade de dizer a esta Casa, a população pobre e sofrida da minha querida Alagoas nos olhava entre surpresa, por ver tanta gente junta, e esperançosa, com aquela ponta de esperança que sempre têm as pessoas pobres. O povo sertanejo consegue renascer todos os dias com o sol, em coragem, em esperança, e continua lutando por novos e melhores caminhos para o sertão.
Sei como age o Governo Lula, que imita o Governo Fernando Henrique e trata com mel a base de bajulação, os Parlamentares que aceitam que se coloque uma etiqueta em sua testa informando seu preço. Esses o Governo trata bem, mas com aqueles que não têm dobradiça nas costas, que não se acovardam, que não bajulam o Governo, que não lambem as botas e os sapatos importados do Presidente, dos Ministros ou de quem quer que seja, a turma é danada. É o velho estratagema do mel na boca e da bílis no coração. Há uns que são tão cínicos que riem para nós e nos esfaqueiam pelas costas, basta que passemos.
O que está acontecendo em Alagoas? Sabem qual recurso foi disponibilizado para o Estado?
Há meses, os Prefeitos e as lideranças do sertão de Alagoas tentam garantir aquele ridículo papel chamado de estado de emergência. Conseguiram a sua publicação e sabem quanto foi disponibilizado para Alagoas? Nada, zero, nenhum real, nenhum centavo.
Se o Governo não teve sensibilidade sequer para disponibilizar as migalhas das cestas básicas e dos carros-pipas a fim de minimizar a dor e o sofrimento dos sertanejos, imaginem a sua má vontade para com aquilo que o povo de Alagoas e do Nordeste quer, que são as obras de infra-estrutura, os projetos para abastecimento humano e animal, a revitalização das adutoras, a reconstrução dos açudes, dos reservatórios e das cacimbas. Para isso, nada. Zero para projetos de irrigação, zero para projetos de abastecimento humano e animal, e zero até para as migalhas - migalhas! - das cestas básicas e dos carros-pipas. Não foi liberado nenhum centavo.
Sr. Presidente, sei que adianta pouco ficarmos falando, porque o Governo Lula sabe exatamente quem são os Parlamentares de cada Estado que se vendem. Como sabe que alguns Parlamentares se vendem por cargos, prestígio e poder - e estes ficarão caladinhos, com a boquinha fechada e a pança cheia de cargos, prestígio e poder -, o Governo faz absolutamente tudo o que quer a canalha e nada para a maioria do nosso povo.
Só sabe o que são aquela miséria e aquele sofrimento quem esteve lá, quem passou por lá. Nós sensibilizamo-nos, choramos e angustiamo-nos de forma passageira, porque a mecânica da vida - o nosso filho escolhendo o que comer e tendo uma cama para dormir, abrigado nas noites de chuva - encarrega-se de apagar isso das nossas cabeças e dos nossos corações. As pessoas que estão lá não têm um único sofrimento. Não é o sofrimento de um ano, mas de anos e anos de pobreza, miséria e manipulação por uma canalha política que espera que haja a pobreza e a miséria para que continue usufruindo da estrutura eleitoral e de poder.
Mais uma vez fica o meu protesto para que o Governo Federal disponibilize aquilo a que Alagoas e o Nordeste têm direito: obras de infra-estrutura de abastecimento humano e animal, e projetos de irrigação que dinamizem a economia e gerem emprego e renda. Isso não acontece porque, infelizmente, o Governo prioriza recursos para a canalha sem pátria, que são os donos do capital financeiro, e sobra pouco para o povo pobre da minha querida Alagoas e do Nordeste de uma forma geral.