Discurso durante a 28ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Adverte o presidente da Petrobras, sobre a greve dos marítimos.

Autor
Marcelo Crivella (PL - Partido Liberal/RJ)
Nome completo: Marcelo Bezerra Crivella
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • Adverte o presidente da Petrobras, sobre a greve dos marítimos.
Publicação
Publicação no DSF de 30/03/2005 - Página 6758
Assunto
Outros > MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • APREENSÃO, GREVE, MARITIMO, GRAVIDADE, RISCOS, COMERCIO EXTERIOR, ECONOMIA NACIONAL, PARALISAÇÃO, MARINHA MERCANTE, SOLICITAÇÃO, JOSE EDUARDO DUTRA, PRESIDENTE, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), DILMA ROUSSEFF, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA (MME), ATENÇÃO, NEGOCIAÇÃO, ACORDO COLETIVO DE TRABALHO.

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL - RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, trago aqui hoje ao Plenário desta Casa, a V. Exª, às Srªs e aos Srs. Senadores e aos nossos diletos telespectadores da TV Senado e da Rádio Senado uma preocupação com a greve dos marítimos.

A Marinha Mercante tem uma dimensão estratégica extraordinária para este País, mas nem sempre adequadamente percebida. Mais de 90% do comércio exterior do Brasil, que bateu recorde ano passado em valores - US$120 bilhões - dependem dos marítimos, dos navios, enfim, da estratégia da Marinha Mercante do Brasil. E eles estão em greve.

Como se trata de uma categoria extremamente responsável com o destino do nosso País, não entraram em greve completamente; fizeram uma greve parcial. Mas se não encontrarem um locutor para resolver os impasses - um locutor da Petrobrás, já que a Marinha Mercante é ligada à Transpetro, que, por sua vez, é ligada à Petrobras - temo, Sr. Presidente, que toda a Marinha Mercante nacional entre em greve; e não sei se o Presidente José Eduardo Dutra tem noção claramente da dimensão desse problema e do que isso pode causar aos brasileiros e ao Brasil.

Quero, então, fazer um apelo ao Presidente José Eduardo Dutra: o Rio de Janeiro tem sofrido com problemas de negociação. E já não é de agora. Por uma armadilha do destino, nossos candidatos, nossos Governadores, e agora até o Prefeito, são candidatos ao cargo de Presidente da República. Temos uma Governadora casada com um candidato à Presidência da República, e um Prefeito candidato à Presidência da República. Com isso, temos problemas para negociar com o Governo Federal. Isso motivou um impasse na saúde, e uma intervenção que hoje é capa, todos os dias, dos jornais do Rio de Janeiro.

Se a Petrobras não conduzir o processo adequadamente, se não encontrarmos um interlocutor, poderemos, mais uma vez, ter uma paralisação que será uma catástrofe para o comércio exterior do Brasil. E gostaria de fazer um apelo em nome dos trabalhadores, Sr. Presidente. Gostaria de realçar que a vida no mar é adversa. São meses de distância da família e do convívio social, sujeita - essa permanência no mar - às intempéries, às mudanças climáticas, às tempestades. E é bom lembrar que, sem navio, paramos o abastecimento do País, porque as plataformas marítimas, onde produzimos 90% do nosso petróleo, escoam sua produção por navios da Marinha Mercante. Se não encontrarmos solução ao impasse criado, essa greve, que hoje é parcial, pode chegar a ser uma greve total. Paralisando o escoamento da produção de petróleo, será necessário paralisar a produção, porque sem escoá-la terá de paralisar, conseqüentemente paralisando todo o Brasil.

Por exemplo, no Rio Grande do Sul todo o óleo combustível vem das bacias de Campos. No Nordeste, todo diesel que abastece os motores e os caminhões também vem das bacias de Campos, das refinarias do Sul do País, principalmente do Sudeste: Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

Portanto, neste momento, Sr. Presidente, estamos chamando urgentemente à responsabilidade esta Casa, o Presidente da Petrobrás e a nossa Ministra Dilma Rousseff, para que se estabeleça uma séria e competente interlocução com a representação dos trabalhadores, repito, que, responsavelmente, ainda não usaram da radicalidade, para vermos, o mais rápido possível, a negociação gerar avanços suficientes para assinatura de um acordo coletivo de trabalho e o restabelecimento e normalidade dos serviços.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Prorroguei por dois minutos o tempo de V. Exª.

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL - RJ) - Muito obrigado, Sr. Presidente, pela generosidade. Agradeço imensamente e o meu Estado do Rio de Janeiro também agradece a V. Exª.

Fica aqui, Sr. Presidente, meu apelo ao Presidente da Petrobras e à Ministra Dilma Rousseff para que possamos assinar um acordo coletivo de trabalho com os marítimos, com os funcionários que passam meses no mar, a fim de que se finalize essa greve parcial, isso porque, mais uma vez do plenário desta Casa, alerto: pode evoluir para uma greve total e uma greve total da Marinha Mercante do País vai parar a nossa economia. Não haverá mais escoamento da produção de petróleo das nossas plataformas. Não vamos ter como abastecer todos os motores a diesel e caminhões do Nordeste ou mesmo a energia que vai para o Rio Grande do Sul.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL - RJ) - Sr. Presidente, como esse é um assunto muito grave, peço a V. Exª que o meu pronunciamento faça parte dos Anais desta Casa.

Termino pedindo ao nosso Presidente da República, à Ministra de Minas e Energia e, principalmente, ao Presidente da Petrobras que possamos sentar com os trabalhadores e assinar um acordo o mais breve possível.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/03/2005 - Página 6758