Discurso durante a 29ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Equívocos e falsas alegações atribuídas ao setor madeireiro, por certos organismos nacionais e internacionais, com intuito de impedir o desenvolvimento da Amazônia.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Equívocos e falsas alegações atribuídas ao setor madeireiro, por certos organismos nacionais e internacionais, com intuito de impedir o desenvolvimento da Amazônia.
Publicação
Publicação no DSF de 31/03/2005 - Página 7020
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • DEFESA, ATUAÇÃO, CLASSE EMPRESARIAL, SETOR, MADEIRA, REGIÃO AMAZONICA, VITIMA, DIVERSIDADE, ACUSAÇÃO, OBJETIVO, IMPEDIMENTO, DESENVOLVIMENTO, REGIÃO NORTE, PAIS.
  • IMPORTANCIA, CONTRIBUIÇÃO, SETOR, MADEIRA, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), CRIAÇÃO, EMPREGO, EXPORTAÇÃO, PAIS.

O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, volto, hoje, à questão do desenvolvimento da Amazônia, um tema já recorrente em meus pronunciamentos. E esse é um tema recorrente em meus pronunciamentos, Senhoras e Senhores Senadores, porque recorrentes também são os discursos equivocados e as falsas alegações de certos organismos nacionais e internacionais que visam, exatamente, a impedir o desenvolvimento da Amazônia. É uma campanha orquestrada, Senhor Presidente. Orquestrada de maneira maquiavélica. Orquestrada com argumentos marotos, disfarçados sob o manto do “politicamente correto”. Orquestrada com tal nível de hipocrisia, de farisaísmo, que pode, infelizmente, confundir a cabeça das pessoas de boa-fé.

Por isso, cada vez que surge na mídia algum evento relacionado à Região Amazônica, é imprescindível que o analisemos com serenidade, com isenção, para que não nos deixemos enganar pelos oportunistas de plantão, pelos pretensos defensores do meio ambiente. É necessário, acima de tudo, que não tiremos conclusões apressadas, que esperemos a chegada de informações completas, para dar chance à aparição da verdade.

Recentemente, por exemplo, o País assistiu, chocado, ao assassinato da missionária Dorothy Stang. Um crime hediondo. Um crime condenável em todos os sentidos, seja pela crueza, seja pela covardia, seja pela gratuidade. Não obstante, Srªs e Srs. Senadores, o que fizeram imediatamente alguns setores da sociedade e, mesmo, algumas autoridades? Ao invés de aguardar a total apuração dos fatos, para, aí sim, dirigir sua indignação aos verdadeiros culpados, não tiveram o menor pejo de generalizar as acusações. Cuidaram de logo atribuir a culpa ao setor florestal, e mais especificamente ao madeireiro. O crime chegou a ser qualificado como “atitude pensada de alguns empresários do setor madeireiro, revoltados com a política que se faz no Estado do Pará e em toda a Amazônia”.

Ora, Sr. Presidente, por que citar, de forma genérica, o setor madeireiro? Esse setor responde, hoje, por 2% do Produto Interno Bruto de nosso País. Calcado na atuação de 13 mil e quinhentas empresas, gera 2 milhões e quinhentos mil empregos. Em 2004, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, suas exportações atingiram 3,85 bilhões de dólares, o que representou um crescimento de 44% em relação ao ano anterior. E o resultado é ainda mais significativo se considerarmos que o setor madeireiro foi responsável, no ano passado, por 10% de todas as exportações do agronegócio brasileiro, ficando atrás apenas do complexo soja.

Pois é esse setor, Srªs e Srs. Senadores, que certos segmentos da sociedade e certas autoridades resolveram atacar gratuitamente; com o aplauso interessado e interesseiro, é claro, de certas organizações não governamentais cujas motivações são por demais conhecidas.

Como pano de fundo, sempre, o surrado e escorregadio discurso da intocabilidade da Amazônia, a batida lengalenga de que a Região deve ser preservada. E eu sempre pergunto: preservada para quem, Sr. Presidente? Para o povo brasileiro ou para grandes empresas multinacionais?

Na Amazônia, Srªs e Srs. Senadores, vivem 20 milhões de pessoas. Cidadãos de nosso País, cidadãos a quem temos a obrigação de dar trabalho, educação, saúde, transporte e lazer. Gente que não se satisfaz com uma retórica falsamente preservacionista. Gente que espera, mais que tudo, por um plano de desenvolvimento da Região, um plano integrado que contemple todas as questões envolvidas: não somente as ambientais, mas também, e principalmente, as econômicas e sociais.

            Mas parece que os sucessivos governos de nosso País, historicamente incapazes de conceber e pôr em prática um plano dessa importância e magnitude, preferem adotar a solução mais cômoda de encontrar bodes expiatórios. E o bode expiatório mais fácil, nesses últimos acontecimentos, era o setor madeireiro; de modo que foi ele o escolhido para levar a culpa. Foi ele o escolhido como alvo do repúdio da sociedade.

Se esse setor, somente na Amazônia, é composto por duas mil e seiscentas empresas, que geram 400 mil empregos, isso parece não importar.

Se esse setor é responsável por 15% do Produto Interno Bruto da Região, isso parece não importar.

O que parece importar aos governantes de nosso País, ao longo dos tempos, é ter sempre à mão alguém em quem botar a culpa por qualquer entrevero que ocorra na Amazônia. Enquanto isso, Sr. Presidente, os planos de desenvolvimento vão sendo postergados, as soluções vão sendo adiadas, e o povo brasileiro vê crescer, cada vez mais, a cobiça internacional sobre aquela vasta e rica Região.

Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/03/2005 - Página 7020