Discurso durante a 31ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Crise no atendimento prestado pela rede hospitalar do Estado do Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Crise no atendimento prestado pela rede hospitalar do Estado do Piauí.
Publicação
Publicação no DSF de 02/04/2005 - Página 7297
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, PRECARIEDADE, SAUDE PUBLICA, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, CONSTRUÇÃO, ESTABELECIMENTO PENAL.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, DIARIO DO POVO, ESTADO DO PIAUI (PI), DENUNCIA, FALTA, MATERIAL HOSPITALAR, HOSPITAL, CAPITAL DE ESTADO, PREJUIZO, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO, ESTADO DO TOCANTINS (TO), ESTADO DO MARANHÃO (MA), ESTADO DO CEARA (CE).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, que preside esta sessão de sexta-feira, 1º de abril de 2005, Senadoras e Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo Sistema de Comunicação do Senado Federal, hoje é tido no calendário como o “Dia da Mentira”.

Entendemos que comunicação é comunhão, é participação. E ninguém melhor do Cristo como comunicador, quando dizia: “Em verdade, em verdade vos digo”. Mais ainda, Cristo deixou uma mensagem: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Busquemos a verdade, embora hoje seja o “Dia da Mentira”.

Com relação ao problema da saúde, que enfrenta um momento grave no País, advertimos muitas vezes desta tribuna como está mal a situação neste Governo. O povo trabalha cinco meses durante um ano a fim de pagar impostos ao Governo. De doze meses de trabalho, cinco são destinados ao Governo, que não aplica os recursos em áreas essenciais, como segurança. Segundo Norberto Bobbio, o mínimo que se deve exigir de um Governo é segurança à vida, à liberdade e à propriedade. Nessa questão, o Governo é nota zero.

O Governo comemora hoje o “Dia da Mentira”, Senador Paulo Paim. Que vergonha, que lástima o Ministério da Justiça! Todo o País rememora o episódio Fernandinho Beira-Mar. Pretendeu-se construir cinco penitenciárias de segurança máxima. Sr. Ministro, hoje é o seu dia. Nenhuma das penitenciárias foi construída. Quiseram levar o Beira-Mar para o Piauí e colocá-lo em uma penitenciária que seria construída a doze quilômetros da Capital. Eu e os outros dois Senadores do Piauí nos unimos contra essa violência, e nenhuma penitenciária foi construída. Aí está a segurança. Tudo é mentira. Hoje é um dia de homenagem aos que governam o País. Eles são homenageados porque mentem a cada instante. Dizem que tudo vai bem, mas é mentira.

Convido os homens do núcleo duro a levarem suas esposas a passear na praça, e namorarem nas madrugadas, nas ruas e avenidas das cidades do Brasil. Tenho agido assim com a minha Adalgisa nas cidades do mundo - Santiago, Buenos Aires, Montevidéu e outras. Há segurança e respeito. Aqui, há muita propaganda.

Merece aplausos Goebbels Duda Mendonça, que conquistou o pódio que era de Joseph Paul Goebbels, o comunicador de Hitler. Duda Mendonça vence Goebbels.

A saúde deve ser como o sol, que nasce para todos. Não é aquela focalização do Rio de Janeiro. Posso falar, porque fiz minha pós-graduação naquela Capital, no Hospital Servidores do Estado (Ipase).

Senador Paulo Paim, meus maiores amigos são gaúchos - o Brasil todo se encaminhava para aquele centro de estudos: Léo Gomes, de Dom Pedrito; Jaime Pieta, de Porto Alegre. Há pouco tempo, estive no Rio de Janeiro e fui ao Hospital Servidores do Estado. Estado era o Ipase, era a Nação, era o servidor público. Lá eu vi internado João Baptista Figueiredo, doente do coração. Olha como piorou! Como fiquei constrangido ao ver o Hospital Servidores do Estado! Essa é a medicina de hoje! Essa é a medicina que Goebbels Duda Mendonça pretende transformar em uma vitória do Governo.

Mas aprendi, Senador Paulo Paim, com o caboclo honrado do meu Piauí, que busca a verdade, que é mais fácil tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade. A verdade é que a saúde está igual à segurança, está igual à educação: zero!

Sr. Presidente, este é um jornal do Piauí, o Diário do Povo, que busca a verdade. Atentai bem à manchete: “HGV suspende cirurgias por falta de gaze”. O melhor hospital do Piauí! A medicina no Piauí é mais avançada do que a de Brasília, pois, à época da ditadura do grande gaúcho Getúlio Vargas, o interventor do Piauí, diferentemente de todos os outros, que eram tenentes, era médico. Leônidas Melo implementou esse grandioso hospital. E, mostrando sua gratidão, batizou de Getúlio Vargas. Governei o Piauí e ampliei o hospital com um pronto-socorro, UTI e sala de cirurgia.

Hoje, a verdade vem no Dia da Mentira, o dia em homenagem ao núcleo duro que governa esta Pátria. “HGV suspende cirurgia por falta de gaze.” Mais ainda, Senador Paulo Paim: quando governava o Piauí, fiz uma pesquisa sobre o centro cirúrgico desse hospital e descobri que, de cada 100 operados, 37 eram do Maranhão. O HGV serve ao Tocantins, ao Maranhão, ao Ceará, pela localização estratégica de Teresina, no centro do Estado.

“HGV volta a suspender cirurgias. A falta de material é um dos motivos suspeitos.” Segundo o médico José Pessoa, que é um Vereador - um moreno enxuto, assim como o Paulo Paim, não há gesso. Olhem, imaginem um acidentado, um politraumatizado, quebra um braço, uma perna, e não há gesso. Como fica a sua esposa, a sua mãe, o seu filho? Carreiro, que é do Maranhão: 37% dos operados desse hospital são maranhenses!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador, V. Exª tem mais cinco minutos para concluir.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Paulo Paim, lembro a amizade e a coragem do povo do Rio Grande do Sul. Nós fizemos batalhas pela grandeza do Brasil. Vós, a Farroupilha, sonhando com a liberdade dos negros e o governo do povo pelo povo; e nós, com a batalha do Jenipapo, na qual expulsamos os portugueses. Então, quis Deus essa condescendência.

Mas ele diz aqui - ele é um Vereador, como V. Exª é Senador - que não há gesso. Gesso! Senador Paulo Paim, o Piauí orgulha-se do nível da sua medicina. Lá, os competentes médicos fazem cirurgia cardíaca com êxito.

Mas o Governo, o núcleo duro nos leva a essa vergonha - como diz o Boris Casoy. Todo o Brasil se lembra de que passei aqui mais de dois anos reivindicando 60, sessentinha, para que pudesse funcionar o hospital das clínicas do Piauí. Tanto dinheiro, tanta mordomia, tantos empregos para os companheiros incapazes e incompetentes, inspirados e atraídos pelo núcleo duro. Tantas farras, mas o hospital universitário funciona hoje parcialmente, apenas ambulatorialmente, graças à inteligência do ex-reitor Pedro Leopoldino. Mas, na parte de leito, o Governo medíocre, o Governo duro, castiga o Piauí.

Então, eu quero que aquela atenção dada ao Rio de Janeiro pelo Governo Federal seja dada ao Piauí. Vamos botar o Exército, vamos ajudar, vamos botar dinheiro, vamos dar o gesso que falta.

Senador Paulo Paim, fui um menino travesso, era metido a goleiro. Lembro-me do que significava isso: quebrei um braço treinando, depois, o outro, jogando no gol, e já havia gesso lá. Agora, não há mais gesso.

Ó Getúlio, eu lhe agradeço por ter permitido nascer esse hospital. Ó Getúlio, eu lhe peço perdão por esse desrespeito, por esse hospital que tem o seu nome, o nome desse homem dedicado e extraordinário. Ó Getúlio, inspire o Lula.

Getúlio foi somente a Buenos Aires, e os outros presidentes, como Franklin Delano Roosevelt, Perón, vieram aprender com ele. Então, que Getúlio, que, naquela época, nos anos 30, conseguiu implantar o ícone do serviço de saúde do Nordeste, que é o Hospital Getúlio Vargas, inspire o nosso Presidente da República, inspire-o a sentir as necessidades do pobre, do sofrido.

Dizem que o Presidente da República nasceu no Nordeste. Está certo. Mas de lá saiu pequenino e se esqueceu. Ficou envolvido pelo núcleo duro e passou a servir os que servem ao dinheiro, ao capital. Ele desobedeceu aos ensinamentos de Rui Barbosa, primazia ao trabalho...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Cristo fez o Pai-Nosso que nos salva. Permita-me, irmão Cristo, que neste minuto final as minhas palavras cheguem aos céus, cheguem ao núcleo duro do Planalto, à consciência de Lula, para reclamar para o Piauí atenção e respeito aos problemas nossos de saúde. Nunca fomos tão esquecidos como atualmente.

Assim, estas palavras são dirigidas ao Ministro da Saúde, que é nordestino: lembre-se de fazer o HGV voltar a ser aquilo que foi no sonho e no ideal de Getúlio Vargas - que a saúde fosse como o sol, igual para todos.

Minhas últimas palavras são de gratidão e respeito aos profissionais de saúde, que engrandecem aquele hospital, orgulho de todos os piauienses.

Era o que tinha a dizer, agradecido pelo tempo que me foi concedido, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/04/2005 - Página 7297