Discurso durante a 32ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem pesar pelo falecimento de Sua Santidade o Papa João Paulo II.

Autor
Hélio Costa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MG)
Nome completo: Hélio Calixto da Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pesar pelo falecimento de Sua Santidade o Papa João Paulo II.
Publicação
Publicação no DSF de 05/04/2005 - Página 7355
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JOÃO PAULO II, PAPA, IGREJA CATOLICA, ELOGIO, ATUAÇÃO, DEFESA, PAZ.

           O SR. HÉLIO COSTA (PMDB - MG. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, pedi a palavra exatamente para encaminhar o requerimento do Senador Marco Maciel.

           S. Exª solicita a suspensão da sessão desta tarde em virtude do falecimento do Santo Padre.

           Como representante do povo de Minas Gerais nesta Casa, trago ao Brasil inteiro, por meio da TV Senado, o sentimento do povo mineiro pelo falecimento do Santo Padre.

           O Papa João Paulo II visitou, na década de 80, a nossa capital, onde teve a felicidade de reunir quase 200 mil pessoas, no centro de Belo Horizonte, em um local que hoje é denominado, carinhosamente, de Praça do Papa, exatamente pela verdadeira multidão que lá compareceu quando Sua Santidade esteve na cidade.

           Em Minas Gerais, todos nós sentimos de uma forma muito direta a perda de uma figura tão bonita, tão nobre, tão querida como a do Papa João Paulo II. Recordo-me de que, no sábado à tarde, já no começo da noite, quando veio a notícia da morte, o meu filho Gabriel, de apenas 8 anos, vendo-me defronte à televisão e atendendo ao telefone várias vezes, perguntou-me por que todo mundo gosta tanto do Papa. Foi a indagação de um menino de 8 anos ao ver aquela comoção. Disse-lhe que o Papa era tão amado, tão querido, porque nos amava, amava o povo, a humanidade. Era o Papa da paz, que lutava contra a guerra, que percorreu o mundo inteiro, passando por mais de cem países, pregando a paz, o entendimento entre os povos, a bondade entre as pessoas.

           Recordo-me de que, na década de 70, ainda como jornalista, em Nova Iorque, como repórter responsável pela sucursal da Rede Globo de Televisão nos Estados Unidos, tive a oportunidade de conhecer o Papa pela primeira vez. Tive vários encontros com o Santo Padre, mas essa foi a primeira vez que encontrei João Paulo II. Foi numa grande manifestação pela juventude no grande ginásio esportivo da cidade de Nova Iorque, que se chama Madison Square Garden. Ali tínhamos 50 mil jovens reunidos, vindos de várias partes do país e do mundo, para ouvir a palavra do Santo Padre. E uma coisa marcou profundamente aquele instante: o carisma desse homem extraordinário que foi João Paulo II era tão grande que, no instante em que ele entrou, a comoção, a emoção de vê-lo foi tamanha que os jovens começaram a falar, a fazer aquela algazarra, muito barulho. O Santo Padre, que era mostrado num grande telão do Madison Square Garden, então apenas levou o dedo indicador aos lábios e fez o sinal de silêncio. Imediatamente havia um silêncio sepulcral entre os 50 mil jovens.

           Ali ele falou aos jovens do mundo inteiro e deixou cunhada uma frase que até hoje não esqueço: “Quando trabalho com os jovens, eu me renovo, eu me sinto jovem também”.

           A segunda oportunidade que tive de estar com João Paulo II, na década de 80, foi na Argentina, onde eu cobria, como repórter, a viagem do Santo Padre para conversar com o ditador militar Leopoldo Galtieri, que havia levado a Argentina à Guerra das Malvinas e insistia naquela empreitada absurda.

           A chegada do Papa João Paulo II à Argentina mais uma vez comoveu uma nação e levou à solução daquele conflito, porque foi a passagem de João Paulo II pela Argentina que sensibilizou não só o Presidente, o ditador, como também os Deputados e Senadores e o povo argentino a querer acabar com aquele conflito.

           Nós todos que tivemos a oportunidade de acompanhar a peregrinação de João Paulo II pelo mundo inteiro, por mais de cem países, pudemos ver a sua insistente, a sua permanente defesa da paz, a maneira como apresentava a paz como solução para o mundo. Temos certeza de que a Igreja saberá repor essa perda lamentável. Tenho certeza de que o próximo Chefe da Igreja vai continuar esse trabalho maravilhoso de peregrinação pelo mundo e esperamos que ele tenha o mesmo carinho e atenção que João Paulo II teve com o Brasil, sobretudo falando a nossa língua. O Papa falava em claríssimo português, em prosa e sintaxe, de forma tão eloqüente que deixava todos os brasileiros que o visitavam sensibilizados com a qualidade de sua fala em português. Aliás, Sua Santidade não falava só em português, mas também em francês, em alemão, em inglês, em espanhol e, evidentemente em sua própria língua, o polonês.

           Essa criatura maravilhosa, que, certamente, está nas mãos do Criador, deixa, portanto, uma lembrança bonita, maravilhosa, de sua passagem pela Terra.

           E nós, em nome dos mineiros - e tenho certeza de que o nosso Governador Aécio Neves, que está em Roma, e o nosso Embaixador naquela cidade, o ex-Senador Itamar Franco, certamente já levaram à Santa Sé a preocupação e os sentimentos do povo das Minas Gerais -, repetimos esse sentimento de perda e de solidariedade com a Igreja e com a Santa Sé ao apoiar o requerimento do Senador Marco Maciel para a suspensão da sessão desta tarde em homenagem e reconhecimento pelo trabalho feito por João Paulo II por toda a humanidade.

           Muito obrigado, Sr Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/04/2005 - Página 7355