Pronunciamento de Osmar Dias em 04/04/2005
Discurso durante a 32ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Homenagem de pesar pelo falecimento de Sua Santidade o Papa João Paulo II.
- Autor
- Osmar Dias (PDT - Partido Democrático Trabalhista/PR)
- Nome completo: Osmar Fernandes Dias
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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Outros:
- Homenagem de pesar pelo falecimento de Sua Santidade o Papa João Paulo II.
- Publicação
- Publicação no DSF de 05/04/2005 - Página 7357
- Assunto
- Outros
- Indexação
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- HOMENAGEM POSTUMA, JOÃO PAULO II, PAPA, ELOGIO, ATUAÇÃO, DEFESA, PAZ, ESPECIFICAÇÃO, EXTINÇÃO, GUERRA FRIA, PEDIDO, PERDÃO, HISTORIA, ATIVIDADE, REPRESSÃO, PERSEGUIÇÃO, IGREJA CATOLICA, LUTA, COMBATE, FOME, DESIGUALDADE SOCIAL.
O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Tião Viana, da mesma forma, encaminho favoravelmente todos os requerimentos, pela importância que teve o Papado de João Paulo II para o mundo. Houve algumas posições contestadas por alguns grupos, mas se trata de um Papa que foi generoso e corajoso ao mesmo tempo. O enorme carisma de Sua Santidade, fortalecido porque praticava também esportes - era alpinista, esquiava, jogava futebol -, bem como porque tinha uma paciência enorme com os jovens, com quem mantinha forte integração, permitia que, em todas as faixas de idade, o Papa tivesse uma admiração extraordinária de todas as pessoas, mesmo daquelas que, não sendo católicas, admiravam a sua postura, sempre em busca da paz no mundo.
Quero registrar três episódios. Um deles foi que o Papa foi decisivo para pôr fim à Guerra Fria. Sua Santidade foi uma das personagens que atuou de forma mais forte para que a Guerra Fria encontrasse o seu fim. Isso demonstrou a sua visão de mundo e, sobretudo, a luta que sempre empreendeu para levar a paz a todos os continentes e países.
O fato de o Papa ter participado daquele evento levou alguns líderes comunistas da época a acusarem-no de contribuir para o fim do socialismo na Europa Oriental. Mas Sua Santidade estava muito acima disso, porque o que pretendeu com o gesto que praticamente colocou fim à Guerra Fria foi restabelecer a paz entre os povos.
Um outro episódio foi de coragem, ao pedir perdão praticamente pela Inquisição. A Igreja jamais abordava o tema, mas o Papa, diante do mundo inteiro - aliás, sua postura até causou perplexidade -, teve a coragem e a humildade de pedir perdão, em nome da Igreja Católica, o que marca muito fortemente a sua característica de homem corajoso, desprendido e humilde.
O terceiro fato, Senador Tião Viana, refere-se a um evento de que pude participar em Roma, organizado pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), destinado exatamente a discutir a fome e as medidas que as 173 nações participantes poderiam colocar em prática para combater a fome no mundo. O debate sobre esse tema é antigo, principalmente na FAO, mas aquele evento contou com a presença do Papa, que fez um discurso na abertura que emocionou todos os presentes e foi aplaudido de pé. Na oportunidade tive a felicidade de acompanhar de perto o pronunciamento de Sua Santidade e de perceber a emoção que o Papa trazia nas suas palavras e que provocava naqueles que o ouviam, especialmente quando o tema era combate à fome e às desigualdades sociais.
Ali estava também o líder cubano Fidel Castro, que todos esperavam pudesse capitalizar a atenção dos presentes, mas foi o Papa, com seu jeito humilde, mas sempre carismático, que prendeu a atenção de todos os líderes, daqueles que estavam representando seus países e chefes de Estado. Praticamente paralisou-se o evento por alguns instantes, para que todos os chefes de Estado pudessem cumprimentar o Papa.
Portanto, é mais que justa a proposta de suspendermos a sessão na tarde de hoje, para que todos possamos refletir sobre as mensagens e as lições que o Papa João Paulo II deixou para toda a humanidade.
Sr. Presidente, encaminho favoravelmente a votação dos requerimentos.