Discurso durante a 33ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Repúdio as denúncias feitas pela imprensa contra o ministro da Previdência Social Romero Jucá, de que teria incluído, no Projeto de Lei de conversão proveniente da Medida Provisória 222, de 2004, artigo autorizando o uso de terras suspeitas de grilagem para quitar débitos previdenciários.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA.:
  • Repúdio as denúncias feitas pela imprensa contra o ministro da Previdência Social Romero Jucá, de que teria incluído, no Projeto de Lei de conversão proveniente da Medida Provisória 222, de 2004, artigo autorizando o uso de terras suspeitas de grilagem para quitar débitos previdenciários.
Publicação
Publicação no DSF de 06/04/2005 - Página 7419
Assunto
Outros > IMPRENSA.
Indexação
  • DEFESA, IDONEIDADE, COMPETENCIA, ROMERO JUCA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL (MPS), INJUSTIÇA, ACUSAÇÃO, IMPRENSA, REGISTRO, ESCLARECIMENTOS, MINISTRO, REMESSA, DOCUMENTAÇÃO, PROCURADORIA GERAL DA REPUBLICA.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs; Senadores, na vida, muitas vezes, nós nos arrependemos de não ter feito alguma coisa importante. Lembro-me de uma ação que deixei de fazer e da qual até hoje me arrependo.

Tinha um amigo chamado Aluísio Guimarães Mendes, que foi Presidente da Eletrobrás, e foi injustiçado por ter feito um acordo considerado lesivo à empresa. Ele ficou tão chateado que enfartou e morreu.

Posteriormente, quando vieram a fazer o acordo, ele veio a custar o dobro. Então, ele tinha feito exatamente o melhor possível. E arrependo-me de não ter vindo à tribuna defendê-lo.

Hoje, estamos vendo um companheiro desta Casa, brilhante, da nossa Bancada - o que muita nos honra -, sendo citado em diversas matérias jornalísticas, nos últimos dias, em que se tem levantado uma série de denúncias, que nada mais são do que assuntos requentados. Falo do nosso companheiro, Senador Romero Jucá, atual Ministro da Previdência, e que todos nós aqui conhecemos. É um homem habilidoso, operativo, inteligente, capaz, foi importante no Governo FHC e é importante no Governo Lula.

Aqui no Senado, S. Exª ganhou a confiança do Governo ao ser relator da matéria do PIS/Cofins, da reforma tributária e do Orçamento. S. Exª sempre buscou e encontrou soluções inteligentes e, por isso, ficou tão bem visto que foi chamado pelo Governo para ser Ministro da Previdência.

Como Líder da Bancada, indagaram-me na época da indicação se havia algo que o desabonasse. Fiz essa pergunta a S. Exª, olhando no seu olho, e a resposta foi: “Tenho quatro processos, dos quais dois eu ganhei; um foi arquivado e o último refere-se a uma demanda comercial entre mim e o Basa, em relação à qual entrei na Justiça, inclusive, porque, depois de oito anos, procuraram me relacionar como fiador e isso não era possível. Então esse é o problema.”

Informei o Governo e aí está S. Exª brilhando como Ministro da Previdência. Hoje mesmo teve uma reunião longa com o Presidente, com o Ministro Palocci e vários Ministros, apresentando as ações que podem trazer o saneamento da nossa Previdência, que hoje custam R$40 bilhões, um sacrifício tremendo para a nossa sociedade.

Neste momento, S. Exª está dando uma entrevista coletiva, apresentando todas as explicações. S. Exª, de própria vontade, procurou o Procurador-Geral e pediu para ser investigado pela Procuradoria.

Foi estabelecido um prazo para entrega da documentação e, se não me engano, S. Exª já o fez, e está tranqüilo, cuidando da sua missão. Mas não param os bombardeios, não param os tiroteios.

E não me sentiria bem, até pelo exemplo anterior, se não viesse a esta tribuna para dizer da minha crença em Romero Jucá, da minha certeza de que se está cometendo uma injustiça. E creio que o desafio que S. Exª está enfrentando, de lutar pelo saneamento da Previdência, certamente desafogará toda a República.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Por isso ocupei esta tribuna, como Líder do meu Partido, para fazer essa declaração.

Um repórter, há poucos minutos, perguntou-me: “E o problema da medida provisória que tinha um artigo a mais?” Houve um acordo feito na Câmara pelos Deputados Paulo Rocha, José Borba e Professor Luizinho, e S. Exª teve a lisura de dizer: “Vou incluir porque vocês fizeram um acordo, mas vou pedir para vetar.” E foi vetado.

Essas são situações pelas quais todos nós, políticos, somos passíveis de vivenciar na nossa vida pública. Mas eu não me sentiria bem se não viesse à tribuna para falar sobre isso.

Para encerrar, Sr. Presidente, perguntaram-me: “O Governo pediu para V. Exª fazer a defesa dele?” Não. O Governo não me deu nenhuma sinalização nesse sentido, não me pediu nada. Mas eu não me sentiria bem se não fizesse o que estou fazendo. Todas as vezes que eu achar que alguém está sendo injustiçado, nunca mais vou me calar. Até hoje me amargura o caso de Aluísio Guimarães Mendes. Eu deveria ter vindo a esta tribuna defendê-lo e não o fiz. Peço desculpas ao amigo que já se foi. Daqui para frente, sempre buscarei a defesa daqueles que eu entender que estão sendo injustiçados.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/04/2005 - Página 7419