Discurso durante a 33ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o pontificado do Papa João Paulo II.

Autor
Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Considerações sobre o pontificado do Papa João Paulo II.
Publicação
Publicação no DSF de 06/04/2005 - Página 7443
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JOÃO PAULO II, PAPA, COMENTARIO, HISTORIA, VISITA, BRASIL, ELOGIO, ATUAÇÃO, DEFESA, MORAL, IGREJA CATOLICA, PERIODO, REGIME MILITAR.
  • COMENTARIO, VISITA, PAPA, MUNICIPIO, ESTADO DO PARA (PA), ELOGIO, ATENÇÃO, DOENTE, REGISTRO, MOBILIZAÇÃO, POPULAÇÃO.
  • ANUNCIO, CERIMONIA RELIGIOSA, HOMENAGEM POSTUMA, ESTADO DO PARA (PA), DECISÃO, PREFEITO DE CAPITAL, ALTERAÇÃO, DENOMINAÇÃO, VIA PUBLICA, HOMENAGEM, JOÃO PAULO II, PAPA.

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Flávio Arns, Srªs e Srs. Senadores, um imperativo que considero natural do destino na vida dos humanos colocou-me na tribuna do Senado da República, em uma hora de tanta tristeza para o nosso País e para o mundo, a fim de registrar, nos Anais da Casa, a morte do Papa João Paulo II, ocorrida no último sábado em Roma.

O mundo inteiro chorou e chora, ainda e por tempo imprevisível, a morte do Papa peregrino, que percorreu mais de 120 países, levando como bagagem da sacrossanta missão o cetro da paz e do amor.

Recordar a primeira das três visitas de João Paulo II ao Brasil, é preciso. Estávamos no apogeu do regime militar e, nada obstante, problemas como a reforma agrária e as desigualdades sociais foram temas dos pronunciamentos nos encontros públicos com as classes dos trabalhadores urbanos e rurais. Corajoso e franco na defesa dos valores morais e espirituais, jamais aceitou transigir às pressões contrárias à linha da Igreja Católica, dando combate ostensivo à legalização de temas conflitivos como aborto, divórcio, união de pessoas do mesmo sexo, entre outros.

Figura carismática por excelência, conquistou a alma e o coração da família cristã no Brasil e no mundo. Tornou-se para os jovens um ídolo respeitado e amado. A prova mais eloqüente, Senador Marco Maciel, de quanto Sua Santidade dominava o carinho e a simpatia da juventude como um todo está materializada no depoimento do porta-voz do Vaticano, Joaquim Navarro Valls. Segundo afirmou, milhares de jovens decidiram passar a noite no Vaticano para render homenagem, com cânticos ou simples presença, a João Paulo II, o único Papa que conheceram em sua existência.

Vendo-os da janela do leito de dor onde se encontrava, murmurou estas palavras: “Procurei vocês. Agora, estão aqui. Eu lhes agradeço!” E cerrou os olhos, partindo para a eternidade.

Outro fato importante dos últimos momentos de João Paulo II foi o legado de uma mensagem póstuma, engrandecendo o amor pela prece mariana, lida no domingo último, dia em que se comemora a Divina Misericórdia.

Eis o texto, Sr. Presidente: “O amor converte o coração e dá a paz num mundo, onde, às vezes, parece esquecido e dominado pelo poder do mal, do egoísmo e do medo.”

Com efeito, Sr. Presidente, as homenagens à memória do Sumo Pontífice, em todos os recantos do nosso Planeta, estão a demonstrar a justeza do sentimento de pesar pelo falecimento daquele que, nos seus 26 anos de presença efetiva e dinâmica na cátedra de Pedro, foi seguro e preciso na propagação do evangelho de Jesus Cristo, conseguindo ungir com a força da fé milhões e milhões de fiéis de religiões diferentes.

Finalmente, é-me oportuno lembrar, Senador Rodolpho Tourinho, aqui e agora, alguns detalhes da visita do Papa João Paulo II a Santa Maria de Belém do Grão-Pará, minha querida cidade. Um acontecimento fantástico, marcado de emoção e esplendor, foi a série de homenagens do povo do Pará ao Santo Padre, a partir da sua chegada na Aeroporto Internacional de Val de Cans.

Por vontade pessoal, Sua Santidade foi visitar o leprosário de Marituba, Sr. Presidente, às margens da rodovia BR - 316, e, em lá chegando, foi acometido de forte emoção; confortou os enfermos, alguns mutilados pela hanseníase, a confiarem na misericórdia de Deus. Ao despedir-se, proferiu palavras de estímulo à fé e fidelidade ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A visita ao leprosário de Marituba permaneceu inesquecível na lembrança do Papa. Tanto assim que, ao receber o então Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Vicente Joaquim Zico, em data recente, perguntou-lhe, em português: “Como estão os amigos de Marituba?”

A peregrinação do Papa em Belém do Pará foi programada pelo então Arcebispo Dom Alberto Gaudêncio Ramos e contou com o apoio das autoridades civis, militares e eclesiásticas, além da enorme legião de católicos e não católicos que o saudavam por onde passava ao canto mavioso “A Bênção, João de Deus, este povo te aclama”.

O encerramento da visita teve lugar na majestosa missa concelebrada pelo Papa com todo o clero da Arquidiocese de Belém, na Avenida 1º de Dezembro, a céu aberto, onde estavam presentes mais de 30 mil fiéis, numa comunhão de amor e solidariedade.

Sr. Presidente Renan Calheiros, sábado próximo, a Prefeitura Municipal de Belém, na pessoa do ex-Senador Duciomar Costa, hoje prefeito de Belém, em parceria com a Arquidiocese de Belém, fará celebrar uma missa de Sétimo Dia para reverenciar a memória do Papa João Paulo II.

Também estou informado de que, após a celebração do ato litúrgico, o prefeito Duciomar Costa sancionará o projeto de lei que mudará o nome da Avenida 1º de Dezembro para Avenida João Paulo II, o que é um anseio da maioria do povo belenense.

Concluo, citando Inocêncio IV, papa de 1242 a 1254, ator desta locução lapidar:

Quem procura subtrair-se à autoridade do Vigário de Cristo subtrai-se à autoridade de Cristo. O Rei dos Reis constituiu-nos o seu mandatário universal na Terra e atribuiu-nos a plenitude do poder. Cabe ao Pontífice romano exercer a sua autoridade pontifical, pelo menos ocasionalmente, sobre todos os cristãos. A autoridade do governo temporal não pode ser exercida fora da Igreja, já que não existe autoridade constituída por Deus fora da Igreja.

Sr. Presidente, que Deus acolha no céu a alma do Papa João Paulo II.

Era o que tínhamos a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/04/2005 - Página 7443