Discurso durante a 33ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o pontificado do Papa João Paulo II.

Autor
Delcídio do Amaral (PT - Partido dos Trabalhadores/MS)
Nome completo: Delcídio do Amaral Gomez
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Considerações sobre o pontificado do Papa João Paulo II.
Publicação
Publicação no DSF de 06/04/2005 - Página 7445
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, PAPA, ELOGIO, VIDA, LUTA, DEMOCRACIA, DIFUSÃO, CRENÇA RELIGIOSA, MUNDO.

O SR. DELCÍDIO AMARAL (Bloco/PT - MS. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, João Paulo II, um dos mais notáveis Papas da história da humanidade, conseguiu a proeza que o destino reserva apenas a poucos e privilegiados. Conseguiu ser, simultaneamente, conservador e revolucionário.

João Paulo II não propôs mudanças, muito menos revoluções, mas, desde sua ascensão ao Pontificado, foi um revolucionário.

Textos e análises estão sendo produzidos aos milhares nestes dias de luto universal. A maioria ainda se perguntando qual o segredo daquele homem vestido de branco, cujo magnetismo atraía milhões e milhões de homens e mulheres por onde passava; qual o conteúdo mágico de suas mensagens.

Um dos seus biógrafos, André Frossard, ex-dirigente do Partido Comunista Francês, observou que um dos segredos de Karol Wojtila era saber falar a todos os cristãos, e não apenas aos católicos. Mas ainda é pouco.

Multidões de indivíduos não cristãos seguiram e aclamaram sua passagem em dezenas de países, como jamais haviam feito com um personagem religioso. Apenas sentiam que estavam diante de um gigante da humanidade. Um gigante, um estadista, um intelectual, lúcido, testado nas lutas contra o nazismo na Polônia, em seguida, no seu combate a toda a forma de opressão.

Um homem do seu tempo. Feito para o momento.

Era preciso um esforço de todos, e ele soube como ninguém utilizar todos os recursos, inclusive do marketing, em torno do seu carisma extraordinário para derrotar ideologias que não cabiam mais num mundo moderno.

O Papa João Paulo II foi um homem moderno, apesar das análises preconceituosas que tentam desenhar Sua Santidade com traços de reacionarismo.

Ao longo dos milênios, a Igreja Católica teve a sabedoria de avançar lentamente.

Enquanto as Nações atormentam-se em conflitos, guerras e revoluções, a Igreja transforma-se com cuidado, com as mudanças estratégicas, profundamente medidas, calculadas.

Se tivesse apressado o passo, provavelmente teria perdido o momento exato de se transformar num dos principais agentes das mudanças ocorridas na geopolítica mundial.

No momento em que escolheu Karol Wojtila para ser seu líder, a Igreja iniciava uma revolução que só terminaria com a queda do muro de Berlim, ação política da qual o Papa João Paulo II foi um dos mais proeminentes, senão o principal protagonista.

Sr. Presidente, espero que a santidade, a luz e a paz de João Paulo II nos iluminem e também os nossos caminhos, e que o seu exemplo venha a ser adotado, mais do que nunca, como uma referência na busca do entendimento, da conciliação entre os povos, da humildade, e, mais do que nunca, na consolidação de um mundo de todos, com menos desigualdades sociais, com mais fraternidade, com mais solidariedade e, acima de tudo, com mais amor a Deus.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/04/2005 - Página 7445