Discurso durante a 33ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o pontificado do Papa João Paulo II.

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Considerações sobre o pontificado do Papa João Paulo II.
Publicação
Publicação no DSF de 06/04/2005 - Página 7446
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, PAPA, ELOGIO, VIDA, CRENÇA RELIGIOSA, LUTA, PAZ, MUNDO.

O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL. Pela Liderança do PMDB.) - Sr. Presidente, Senador Ney Suassuna, Srªs e Srs. Senadores, Georg Hegel, o maior representante da filosofia clássica alemã, dizia que os fatos e personagens de grande importância histórica ocorrem sempre duas vezes. Mas, neste momento em que o mundo pára para chorar a morte de um homem, penso que será difícil que surja um outro personagem histórico com a potência geopolítica e religiosa equivalente à do Papa João Paulo II.

Chefe de uma das religiões mais difundidas no mundo - a Católica Romana -, Sua Santidade empunhou a bandeira da luz num tempo de trevas, pregou a paz e o amor num tempo de guerra e egoísmo, lembrou aos homens que o divino existe, mas que é preciso realizá-lo já, agora, resgatando a mensagem do próprio Jesus Cristo.

Destaco, neste momento, o papel decisivo de João Paulo II na disseminação do diálogo e da cooperação pelo mundo. Em um gesto histórico, admitiu a omissão da Igreja Católica no massacre de judeus pelos nazistas. Buscou a interlocução das igrejas ortodoxas russa e grega, da religião judaica, do islamismo. Respeitou o materialismo dos comunistas, mas visitou Cuba, onde foi recebido pelo Presidente Fidel Castro e aclamado por uma multidão em Havana - o que parecia absolutamente impossível até o final do Século XX.

Atuou de forma decisiva para espalhar a lufada de ares democráticos que varreu o Leste Europeu, inclusive sua Polônia natal.

Durante o seu pontificado, duplicou o número de países com relações diplomáticas com o Vaticano: de 92, há um quarto de século, passou para 178 países, número comparável aos 191 países representados na ONU.

Diante de tais e tamanhos feitos, Sr. Presidente, meus colegas Senadores e Senadoras, reitero que a dimensão histórica de João Paulo II dificilmente será repetida, quer de forma absoluta, quer de forma relativa.

Srªs Senadoras e Srs. Senadores, iniciei este pronunciamento citando Hegel, mas vou terminá-lo recorrendo ao nosso Dom Helder Câmara, inesquecível Arcebispo Emérito de Olinda e Recife. Disse ele: “É preciso um mínimo de conforto para a prática da virtude”. Estou certo de que, ao partir, João Paulo II deixou o mundo mais confortável para que pratiquemos a virtude.

Por hoje, era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/04/2005 - Página 7446