Pronunciamento de Edison Lobão em 05/04/2005
Discurso durante a 33ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Considerações sobre o pontificado do Papa João Paulo II.
- Autor
- Edison Lobão (PFL - Partido da Frente Liberal/MA)
- Nome completo: Edison Lobão
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- Considerações sobre o pontificado do Papa João Paulo II.
- Publicação
- Publicação no DSF de 06/04/2005 - Página 7461
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM POSTUMA, JOÃO PAULO II, PAPA, ELOGIO, LUTA, ATUAÇÃO, MULHER, IGREJA CATOLICA, DIFUSÃO, CRENÇA RELIGIOSA, COMBATE, COMUNISMO.
O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a história da humanidade e da sua evolução material e espiritual pode ser entendida através da privilegiada existência das grandes personalidades que dignificaram o ser humano. Dentre elas, destaca-se o Papa João Paulo II, cuja obra como religioso e como homem público universal não encontra paralelo.
O antigo operário, ator e padre polonês, que sofreu a orfandade na infância e o jugo soviético na fase adulta, foi uma bênção para o mundo ao ser sagrado Papa aos 58 anos de idade, o primeiro dignitário não italiano em 450 anos.
Conservador, ele realmente o foi nos assuntos de doutrina, mas amplamente liberal, progressista e moderno na sua ação apostólica, sem ferir a tradição milenar dos ritos e dos arraigados conceitos da Igreja Católica. Conservadora deve ser a Igreja, e nisto está a sua força milenar, porém nada teve de conservadora, sem ferir seus dogmas, quando promoveu a aproximação das religiões ou pediu perdão àqueles que, num passado deplorável, utilizaram a crueldade citando em vão o nome de Deus.
Na sua discordância ao desejo de que se permitisse às mulheres tarefas puramente sacerdotais - junto às suas críticas ao aborto, homossexualismo e a outros valores e conquistas do mundo moderno -, João Paulo afirmou que primeiro se deveria valorizar o que a lei da Igreja permite. Na sua conhecida oração do Ângelus, em sua casa de campo, ele disse que a participação das mulheres era importante para a Igreja - o ensino teológico, a presença ativa na liturgia, inclusive no altar, os conselhos pastorais e administrativos. No entanto, mantinha-se inflexível na defesa dos valores quase dogmáticos da Igreja, embora amplamente aberto nas idéias e opiniões em relação aos problemas sociais.
João Paulo II não introduziu mudanças essenciais na vida da Igreja, mas soube administrá-la em feições modernas.
Orientou a Igreja a melhor comunicar-se, quando pregou que “os novos tempos exigem que a mensagem cristã chegue ao homem de hoje mediante novos métodos de apostolado, e que seja expressada numa linguagem e forma acessíveis ao homem latino-americano, necessitado de Cristo e sedento do Evangelho.”
Harmonizou sua ação pastoral com a dinâmica da globalização que aproxima as civilizações. Teve uma visão universal da sua missão evangélica, percorrendo como nenhum outro todos os rincões do mundo: 104 viagens de João Paulo II ao exterior e 146 em território italiano, visitando, e produzindo mais de 3.000 pronunciamentos, centenas de cidades. Levou ânimo, mesmo enfrentando os maiores sacrifícios e estado enfermo, às comunidades cristãs nos mais longínquos lugares do mundo.
Guiou a Igreja, com acentuada determinação, para o novo milênio. Contribuiu de maneira relevante para a queda do comunismo, ele que sentira em si próprio os atentados do comunismo contra a liberdade e os direitos humanos.
Raros homens tiveram o condão de alcançar o carisma de João Paulo II, que encantou todos os povos, inclusive pessoas de outras religiões. Um carisma que adveio da sua coragem e devotamento às causas nobres.
Em outubro de 1991, como Governador do Estado, tive o privilégio de recebê-lo no Maranhão, e dele pude receber os eflúvios da sua personalidade bondosa e determinada, e fiquei feliz com a satisfação com que ele recebeu as manifestações de carinho das dezenas de milhares de maranhenses que o aplaudiram em todas as suas aparições públicas. Depois fui visitá-lo em Roma, onde fui recebido com a cordialidade serena de sua personalidade.
O Papa João Paulo II guiou a Igreja, com acentuada determinação, para o novo milênio.
Como proclamou um dos tantos que comentaram a lamentável morte do Papa João Paulo II:
“Desceu do trono de São Pedro para ser o papa do povo, um líder mundial.”
Era o que eu tinha a dizer.
Obrigado.