Discurso durante a 33ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o pontificado do Papa João Paulo II.

Autor
Edison Lobão (PFL - Partido da Frente Liberal/MA)
Nome completo: Edison Lobão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Considerações sobre o pontificado do Papa João Paulo II.
Publicação
Publicação no DSF de 06/04/2005 - Página 7461
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JOÃO PAULO II, PAPA, ELOGIO, LUTA, ATUAÇÃO, MULHER, IGREJA CATOLICA, DIFUSÃO, CRENÇA RELIGIOSA, COMBATE, COMUNISMO.

O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a história da humanidade e da sua evolução material e espiritual pode ser entendida através da privilegiada existência das grandes personalidades que dignificaram o ser humano. Dentre elas, destaca-se o Papa João Paulo II, cuja obra como religioso e como homem público universal não encontra paralelo.

O antigo operário, ator e padre polonês, que sofreu a orfandade na infância e o jugo soviético na fase adulta, foi uma bênção para o mundo ao ser sagrado Papa aos 58 anos de idade, o primeiro dignitário não italiano em 450 anos.

Conservador, ele realmente o foi nos assuntos de doutrina, mas amplamente liberal, progressista e moderno na sua ação apostólica, sem ferir a tradição milenar dos ritos e dos arraigados conceitos da Igreja Católica. Conservadora deve ser a Igreja, e nisto está a sua força milenar, porém nada teve de conservadora, sem ferir seus dogmas, quando promoveu a aproximação das religiões ou pediu perdão àqueles que, num passado deplorável, utilizaram a crueldade citando em vão o nome de Deus.

Na sua discordância ao desejo de que se permitisse às mulheres tarefas puramente sacerdotais - junto às suas críticas ao aborto, homossexualismo e a outros valores e conquistas do mundo moderno -, João Paulo afirmou que primeiro se deveria valorizar o que a lei da Igreja permite. Na sua conhecida oração do Ângelus, em sua casa de campo, ele disse que a participação das mulheres era importante para a Igreja - o ensino teológico, a presença ativa na liturgia, inclusive no altar, os conselhos pastorais e administrativos. No entanto, mantinha-se inflexível na defesa dos valores quase dogmáticos da Igreja, embora amplamente aberto nas idéias e opiniões em relação aos problemas sociais.

João Paulo II não introduziu mudanças essenciais na vida da Igreja, mas soube administrá-la em feições modernas.

Orientou a Igreja a melhor comunicar-se, quando pregou que “os novos tempos exigem que a mensagem cristã chegue ao homem de hoje mediante novos métodos de apostolado, e que seja expressada numa linguagem e forma acessíveis ao homem latino-americano, necessitado de Cristo e sedento do Evangelho.”

            Harmonizou sua ação pastoral com a dinâmica da globalização que aproxima as civilizações. Teve uma visão universal da sua missão evangélica, percorrendo como nenhum outro todos os rincões do mundo: 104 viagens de João Paulo II ao exterior e 146 em território italiano, visitando, e produzindo mais de 3.000 pronunciamentos, centenas de cidades. Levou ânimo, mesmo enfrentando os maiores sacrifícios e estado enfermo, às comunidades cristãs nos mais longínquos lugares do mundo.

Guiou a Igreja, com acentuada determinação, para o novo milênio. Contribuiu de maneira relevante para a queda do comunismo, ele que sentira em si próprio os atentados do comunismo contra a liberdade e os direitos humanos.

Raros homens tiveram o condão de alcançar o carisma de João Paulo II, que encantou todos os povos, inclusive pessoas de outras religiões. Um carisma que adveio da sua coragem e devotamento às causas nobres.

Em outubro de 1991, como Governador do Estado, tive o privilégio de recebê-lo no Maranhão, e dele pude receber os eflúvios da sua personalidade bondosa e determinada, e fiquei feliz com a satisfação com que ele recebeu as manifestações de carinho das dezenas de milhares de maranhenses que o aplaudiram em todas as suas aparições públicas. Depois fui visitá-lo em Roma, onde fui recebido com a cordialidade serena de sua personalidade.

O Papa João Paulo II guiou a Igreja, com acentuada determinação, para o novo milênio.

Como proclamou um dos tantos que comentaram a lamentável morte do Papa João Paulo II:

            “Desceu do trono de São Pedro para ser o papa do povo, um líder mundial.”

Era o que eu tinha a dizer.

Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/04/2005 - Página 7461