O SR. FRANCISCO PEREIRA (Bloco/PL - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, farei um discurso breve para que a nobre Senadora Ana Júlia possa utilizar da palavra.

Hoje, no Dia da Saúde, faço menção a uma opinião publicada no Correio Braziliense, na quarta-feira, 6 de abril, pelo Aldo Paviani, da Asa Norte, sobre a questão do mal de Parkinson.

Sr. Presidente, Senador Garibaldi Alves, sabe V. Exª que sou portador dessa doença. A minha deficiência de fala, de voz, é devido ao mal de Parkinson. Isso me tem causado grandes transtornos por ser um homem jovem, de 47 anos, e por ter uma doença precoce como o parkinsonismo. Isso tem me trazido grandes dificuldades, como na voz e em alguns movimentos. Tenho que fazer de três a quatro horas de fisioterapia por dia.

Segundo o Sr. Aldo Paviani, daqui de Brasília, a imprensa, de um modo geral, faz amplas coberturas sobre o falecimento de João Paulo II, enaltecendo a sua biografia de padre e de político, embora omitindo certos aspectos do seu pontificado. Por exemplo, a mídia não se ocupa de falar da doença de Parkinson que o vitimou. Quando se noticiou algo a respeito, a questão foi superficial, ficando apenas nos aspectos mais visíveis, como a face de máscara e rigidez da expressão, o tremor de mão esquerda, a dificuldade no andar etc.

Não foram a fundo para descobrir que uma doença degenerativa faz sucumbir personalidades, cuja saúde ou doença deveria ser de domínio público. Numa foto, aparecem Ronald Reagan e Sua Santidade, o Papa João Paulo II, ambos vitimados da doença neurológica degenerativa. Um e outro teriam recursos para fazer aprofundar os estudos e as pesquisas de grande valor para a humanidade.

Sr. Presidente, não quero entrar na questão da opinião do Sr. Aldo, mas, se não fosse a fé que tenho em Deus e o apoio da minha família, essa vida seria bem mais difícil. Tenho lutado como um bravo para superar os efeitos dessa doença.

Deixo um apelo às autoridades para que invistam em pesquisas. Houve agora a liberação de pesquisas com células embrionárias, que nos trazem a esperança de domínio dessa e de outras doenças degenerativas que consomem as pessoas.

O custo do tratamento é caro. Gasto em torno de R$2 mil por mês. Como ficam os pobres, os necessitados, aqueles que não podem deixar o tempo do seu trabalho para se tratarem? Certamente, terão uma qualidade de vida bem pior.

Encerro, Sr. Presidente, deixando o meu apelo e observando a sensibilidade de Aldo Paviani, que lembrou que tanto Sua Santidade, o Papa João Paulo II, como Ronald Reagan, ex-Presidente dos Estados Unidos, teriam capacidade financeira para investir em projetos de parkinsonismo, doença que assola muitos brasileiros.

O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PT - DF) - Senador Francisco Pereira, concede-me V. Exª um aparte?

O SR. FRANCISCO PEREIRA (Bloco/PL - ES) - Concedo o aparte ao Senador Cristovam Buarque.

O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PT - DF) - Senador Francisco, não posso deixar de manifestar a minha admiração ao vê-lo se pronunciar. Raramente, os políticos dão conhecimento de suas doenças. O Papa João Paulo II não escondeu de ninguém que sofria do mal de Parkinson, mas geralmente os políticos tendem a esconder. Essa é a minha primeira admiração. A segunda é ver que V. Exª não está preocupado apenas consigo, mas também com aqueles que não têm como pagar pelo atendimento. Devo dizer que Aldo Paviani é um eminente professor da Universidade de Brasília, meu amigo. Vou dizer a ele do seu discurso. Felicito-o mais uma vez. Coloco-me como um daqueles que, a seu lado, pode fazer parte de uma Bancada que se preocupa com os que padecem da doença de Parkinson.

O SR. FRANCISCO PEREIRA (Bloco/PL - ES) - Agradeço a V. Exª por essa participação que muito me honra.

Realmente, a minha preocupação não é apenas pelo fato de estar com essa doença, sentindo-a no meu corpo. Fico a pensar, chegando até a me comover: se hoje tenho uma qualidade de vida satisfatória, como ficam aqueles que não podem ter o mesmo privilégio?

O Sr. Augusto Botelho (PDT - RR) - Senador Francisco Pereira, concede-me V. Exª um aparte?

O SR. FRANCISCO PEREIRA (Bloco/PL - ES) - Concedo o aparte ao Senador Augusto Botelho, que, como médico, é conhecedor desta causa.

O Sr. Augusto Botelho (PDT - RR) - Senador Francisco Pereira, V. Exª é um capixaba corajoso. Sou médico, convivo com as doenças e sei das dificuldades que as pessoas têm em revelar algo seu. Entretanto, fazendo essa revelação, V. Exª está ajudando todas as pessoas que têm a doença de Parkinson neste País. Tenha certeza disso. V. Exª os está ajudando a ter mais coragem de enfrentar a doença e de lutar. Quanto às dificuldades econômicas, V. Exª tem o tratamento da doença, graças a Deus, no seu pico de qualidade no Brasil, mas outros milhares, como V. Exª mesmo falou, não conseguem chegar a esse ponto. Foi Deus que lhe deu a coragem. Tenho certeza de que o Papa João Paulo II lhe inspirou para fazer este pronunciamento. Pode contar que, juntamente com o Senador Cristovam Buarque, entrincheirados, lutaremos para conseguir recursos para as pesquisas sobre a doença de Parkinson com células-tronco ou sobre outros males. Agradeço, em nome dos pacientes que sofrem da doença de Parkinson, como médico, como cidadão, pela sua manifestação. Parabenizo-o pela coragem. Muito obrigado.

O SR. FRANCISCO PEREIRA (Bloco/PL - ES) - Estou muito feliz com o aparte dos nobres Senadores. E sinto-me até motivado a me lançar na luta em prol da questão.

Encerro dizendo a todos que aqui se encontram e que me assistem pela TV Senado que, graças a Deus, tenho encontrado fé. Obtive apoio no seio de minha família, o que me tem motivado a viver cada dia como se fosse um novo dia, e acreditando em Deus, porque sempre há esperança.

Muito obrigado, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores.