Discurso durante a 35ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Celebração, na Câmara Municipal de Jataí/Go, dos 50 anos da realização do primeiro comício presidencial do então candidato Juscelino Kubitschek, ocasião em que assumiu o compromisso da construção de Brasília.

Autor
Maguito Vilela (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Luiz Alberto Maguito Vilela
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Celebração, na Câmara Municipal de Jataí/Go, dos 50 anos da realização do primeiro comício presidencial do então candidato Juscelino Kubitschek, ocasião em que assumiu o compromisso da construção de Brasília.
Publicação
Publicação no DSF de 08/04/2005 - Página 8166
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, CINQUENTENARIO, DATA, COMPROMISSO, CAMPANHA ELEITORAL, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, EFETIVAÇÃO, TRANSFERENCIA, NOVA CAPITAL, COMICIO, MUNICIPIO, JATAI (GO), ESTADO DE GOIAS (GO), PARTICIPAÇÃO, ORADOR, SOLENIDADE, CAMARA MUNICIPAL.

            O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs, Senadores, o dia quatro de abril marca uma importante data na história recente do Brasil. Há exatos 50 anos era realizado em Jataí, cidade onde nasci no sudoeste de Goiás, o primeiro comício presidencial do então candidato Juscelino Kubitschek.

            Trata-se de um ato político que mudou a história do Brasil. E não apenas porque ali se iniciou a marcha eleitoral que levaria JK à Presidência. Mas porque foi em Jataí, naquela tarde chuvosa de 1955, que Juscelino Kubitschek assumiu o compromisso de transferir a capital do país para o Planalto Central. Uma proposta que mudou seu projeto de governo, tornando-se a base do lema de 50 anos de progresso em cinco de governo.

            Tive a honra de participar ontem de uma celebração desta data, promovida pela Câmara Municipal de Jataí, onde foram homenageados participantes daquele histórico momento político. Entre eles, o advogado Antônio Soares Neto, o Toniquinho, que entrou para a história nacional ao levar, naquele 4 de abril, o então governador de Minas Gerais a firmar o compromisso de transferir a capital.

            A cidade de Jataí, então com apenas 10 mil habitantes, foi escolhida por Juscelino para iniciar sua campanha por dois motivos básicos. Era a cidade natal de um de seus mais próximos amigos da época de Faculdade de Medicina, Serafim de Carvalho, que comandava o PSD local. E porque era uma das poucas cidades do país onde o PSD mantinha uma forte hegemonia política.

            Foi um dia cheio de surpresas, que JK definiria anos depois, já na Presidência, como “um dia predestinado”. O então candidato desembarcou sob o sol para uma concentração que deveria reunir cinco mil pessoas no Largo do Grupo Escolar, a hoje praça Tenente Diomar Menezes.

            Mas após descer no aeroporto, a comitiva foi surpreendida por uma forte chuva, o que fez com que o comício para cinco mil se transformasse numa reunião para 500 pessoas que se amontoaram no galpão de uma oficina mecânica.

            Foi a mudança imprevista que gerou a possibilidade do famoso diálogo travado entre Toniquinho e o futuro presidente. Sentado próximo ao palanque improvisado de JK, Toniquinho perguntou se Juscelino, que se dizia cumpridor da Constituição, iria também cumprir o dispositivo que falava na transferência da capital para o centro do país.

            Ali, naquele momento, JK assumiu o compromisso que mudaria a história e todo o processo de desenvolvimento do Brasil. A construção de Brasília abriu novas fronteiras de progresso no interior do país, descentralizando o crescimento e a riqueza e gerando melhores oportunidades de vida para quem vivia longe do litoral.

Juscelino, com sua incansável disposição e seu inigualável otimismo, conseguiu vencer as barreiras do derrotismo que imperavam naquele momento no país. Não apenas transferiu a capital, como lançou as sementes da industrialização, da modernidade, impulsionando o desenvolvimento nacional, tendo em vista um crescimento uniforme que pudesse diminuir, como de fato diminuiu, as desigualdades regionais.

Após a fundação de Brasília, o Brasil passou a olhar para o interior com olhos diferentes. O desenvolvimento marchou para o Centro-Oeste. A Brasília de JK, que nasceu em Jataí, foi um espelho, que refletiu para o mundo o potencial desta região rica, que hoje tem contribuído decisivamente para o progresso do país.

Juscelino Kubitschek passou a fazer parte, de forma diferenciada, da história de minha querida cidade de Jataí. Os jataienses guardam, ainda hoje, tantos anos após sua morte, um carinho e um reconhecimento especial a JK e a sua família.

Lá, entre outras homenagens e lembranças de Juscelino, tivemos o prazer inaugurar, no centenário de seu nascimento, o Memorial JK. Várias autoridades nacionais estiveram presentes, entre elas o digno senador Paulo Octávio, que hoje faz parte desta belíssima família.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a lembrança permanente de Juscelino Kubitschek e sua obra é importante, porque nos remonta a uma época de grande desenvolvimento. JK nos traz um exemplo recente a ser seguido. O Brasil não pode ficar eternamente a reboque de interesses do capital financeiro internacional. É preciso buscar o crescimento, como propõe agora, após um período difícil de ajustes, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Cumprimento a Câmara Municipal de Jataí pela bela solenidade que promoveu na noite da última segunda-feira. É relembrando os grandes nomes, os grandes feitos e os grandes momentos do passado que buscamos inspiração e exemplo para construir um grande futuro.

E é esse o nosso desafio e o nosso dever. Com obstinação e com a garra e o otimismo que Juscelino nos ensinou, trabalharmos para construir um país mais forte, mais rico e mais justo com as pessoas.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/04/2005 - Página 8166