Pronunciamento de Heloísa Helena em 08/04/2005
Discurso durante a 36ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Críticas aos programas sociais do Governo Federal.
- Autor
- Heloísa Helena (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/AL)
- Nome completo: Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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CALAMIDADE PUBLICA.
POLITICA AGRICOLA.:
- Críticas aos programas sociais do Governo Federal.
- Publicação
- Publicação no DSF de 09/04/2005 - Página 8460
- Assunto
- Outros > CALAMIDADE PUBLICA. POLITICA AGRICOLA.
- Indexação
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- PROTESTO, AUSENCIA, LIBERAÇÃO, RECURSOS, GOVERNO FEDERAL, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO, VITIMA, SECA, MUNICIPIOS, ESTADO DE ALAGOAS (AL), ESTADO DE EMERGENCIA, CRITICA, INCOMPATIBILIDADE, PROGRAMA, ASSISTENCIA SOCIAL.
- SOLICITAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, CORREÇÃO, SALDO DEVEDOR, NEGOCIAÇÃO, ANISTIA, DIVIDA, PEQUENO PRODUTOR RURAL, REGIÃO NORDESTE, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE ALAGOAS (AL), PERDA, SAFRA, EFEITO, SECA, SUSPENSÃO, EXECUÇÃO, BANCO DO BRASIL, BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S/A (BNB).
A SRª HELOÍSA HELENA (P-SOL - AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero agradecer ao Senador Sibá a troca da ordem de inscrição, para que eu pudesse falar primeiro.
Já falei, umas quinhentas vezes, desta tribuna, sobre a situação não apenas da reforma agrária, mas também da política agrícola, especialmente da agricultura familiar, do pequeno e médio produtor rural. Da mesma forma, já falei, centenas de vezes, sobre a situação gravíssima da seca em Alagoas e repito, mais uma vez, quase numa cantilena exaustiva, que, desde agosto, Senador Tião Viana, os 29 Municípios de Alagoas que decretaram estado de emergência e que passam por uma situação terrível até agora não tiveram liberada uma cesta básica sequer.
Eu já falei centenas de vezes, mas Alagoas é muito desprestigiada. Acho que é porque o Governo sempre pensa que, comprando os Parlamentares com cargos, prestígio e poder, eles não vão mais defender seus Estados. Deve ser isso.
Parece que é uma tara de todo Governo simplesmente manobrar o Congresso Nacional desse jeito, porque é inadmissível que, desde agosto do ano passado, os 26 Municípios lutem para atestar o estado de emergência, que gerou, inclusive, uma visita simbólica dos três Senadores do Estado, até o sertão de Alagoas. A TV Senado foi lá, cobriu toda a viagem e, até agora, nada, nem uma cesta básica, porque, como disse na semana passada, o Governo age de forma infame, desrespeitosa e insensível e agora ousou dizer que a família que recebe R$15,00 num programa de bolsa não pode receber uma cesta básica.
Então, o que acontece com as famílias pobres? Elas dizem que não querem estar mais no programa de bolsa, porque, em vez de R$15,00, querem receber uma cesta básica, que tem o valor médio de R$70,00.
Sr. Presidente, quero, mais uma vez, apelar para que seja liberado o recurso a que Alagoas tem direito.
Como se isso não fosse pouco, V. Exª e esta Casa devem lembrar uma briga muito grande que presenciei aqui, algo que não era novidade, porque já tinha tido a oportunidade de me dedicar não apenas àquilo que trata da reforma agrária, mas também da política agrícola para a agricultura familiar e pequeno e médio produtor rural e, inclusive, de apresentar três projetos importantes nessa área. E não fui a única: os Senadores Jonas Pinheiro e César Borges apresentaram projetos, e um deles está tramitando. O Deputado Roberto Pessoa, na Câmara dos Deputados, e vários outros Parlamentares que têm sensibilidade também se dedicam a esse tema.
Tentei muito, na votação de uma das milhões de medidas provisórias do atual Governo, incorporar um artigo que tratava da repactuação do saldo devedor, porque sabia e já dizia naquela época que a medida provisória, como estava sendo aprovada, não atenderia a necessidade da grande maioria dos pequenos produtores do Nordeste.
Dito e feito! Não é à toa que existem agora muitas ações do Banco do Brasil e do Banco do Nordeste para executar produtores. Ou seja, o Governo não faz reforma agrária. Não é à toa que retirou do orçamento da reforma agrária praticamente R$2 bilhões, o que é gravíssimo. Repito: o Governo nem faz a reforma agrária - basta ver a violência no campo e milhões de famílias perambulando pelas estradas deste País ou habitando as favelas, porque não têm terra para trabalhar -, nem implementa uma política agrícola para o pequeno e médio produtor.
Daqui a pouco, o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste serão os maiores latifundiários da Região Nordeste, porque nunca vi uma sanha tão grande para executar o pequeno e médio produtor como a desses dois bancos. Sei que os dois bancos, que são oficiais, também ganham com essa política econômica de alta de juros, de agiotagem, de jogar o Orçamento público na lama da especulação. Mas é inadmissível o que está acontecendo.
De 15 dias para cá, então, a situação ficou muito mais grave. E o problema não é do Judiciário, porque, se as ações estão lá, é absolutamente natural que ele, de alguma forma, fazer com que a matéria caminhe. Ele não pode ficar aguardando determinada ação de execução.
Só no Estado de Alagoas, Senador Tião Viana, trezentos pequenos e médios produtores estão à mercê de perder suas propriedades; no Nordeste, são centenas de pequenas e médias propriedades. Não é à toa que o último censo mostrava que o número de famílias assentadas consegue ser menor do que o número de pequenos e médios produtores que perdem a sua terra para a instituição oficial de crédito.
Nós, então, estamos aqui, mais uma vez, solicitando do Governo a correção das distorções do saldo devedor, a repactuação das dívidas, a anistia para os pequenos e médios produtores que perderam a safra em função do problema da seca ou de qualquer adversidade climática e a suspensão imediata das execuções, pelo Banco do Brasil e pelo Banco do Nordeste, contra os pequenos e médios produtores de Alagoas e do Nordeste de uma forma geral.
Fica aqui, mais uma vez, o apelo no sentido de que esse problema seja resolvido o mais rápido possível.
É só, Sr. Presidente.