O SR. HÉLIO COSTA (PMDB - MG. Pela Liderança do PMDB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, volto a esta tribuna para reforçar declarações que já fiz aqui anteriormente, por inúmeras vezes, sobre a absoluta necessidade de o Ministério dos Transportes e o Departamento Nacional de Infra-Estrutura Terrestre - Dnit, tomarem uma providência com a maior urgência com relação às estradas do Triângulo Mineiro.

O Triângulo Mineiro representa uma das áreas mais produtivas do Brasil. Na verdade, quando se ameaça tirar aquele nariz do Estado de Minas Gerais, que é o Triângulo Mineiro, do complexo econômico do nosso Estado, Minas Gerais cai do segundo lugar para o oitavo lugar em produção econômica. Essa é a pujança da região do Triângulo. E, lamentavelmente, Sr. Presidente e Srs. Senadores, as estradas do Triângulo, que são o escoamento da produção dessa região altamente competente e capaz do Brasil, estão sem nenhuma possibilidade de trânsito.

Agora vejam os dados que estão sendo prejudicados por essas estradas: em primeiro lugar, o Triângulo Mineiro contribui anualmente com R$2 bilhões em impostos para o Governo Federal; R$2 bilhões em impostos saem da região do Triângulo Mineiro. Ora, será possível que não conseguimos voltar com o minimum minimorum para consertar as estradas dessa região tão absolutamente importante?

Essa mesma região do Triângulo Mineiro, capitaneada pela minha Uberlândia, hoje abate 4 milhões de aves por mês, ou seja, 200 mil aves por dia são abatidas no Triângulo Mineiro e são levadas para o Brasil inteiro e exportadas para outros países. Essa é a mesma região do Triângulo Mineiro que é a maior esmagadora de soja do País. Toda essa produção tem que passar sobre as rodas dos caminhões e das carretas que trafegam pela região do Triângulo Mineiro. Essas regiões estão totalmente abandonadas, essas estradas estão intransitáveis! Estive, na semana passada, na região do Triângulo Mineiro e fiquei desgostoso ao verificar que uma região como aquela esteja sendo penalizada, apesar de contribuir com R$2 bilhões por ano com os impostos nacionais.

A situação está tão grave que estou preocupado, porque o Presidente Lula vai a Uberaba, daqui a algumas semanas, participar da exposição agropecuária daquela cidade. Vou fazer uma sugestão a Sua Excelência: seria bom que ele descesse em Uberlândia, Senador Aelton, e fosse de carro de Uberlândia até Uberaba - não é preciso pegar um caminhão. Se ele fizer esse trajeto, que normalmente é realizado em uma hora, levará duas horas e meia. Se for de caminhão, levará de três a quatro horas. Isso porque há lugares em que é impossível passar.

Essa região tem uma relação comercial importantíssima com todo o Brasil. A BR-050 é uma estrada importante, porque liga dois dos maiores centros produtores do meu Estado de Minas Gerais, duas das mais importantes cidades de Minas e do Brasil. Uberlândia tem 600 mil habitantes - é uma cidade maior do que a capital de muitos países da América Central e da América do Sul. No entanto, a cidade está sendo sacrificada dessa forma.

Sr. Presidente, eu entreguei à Liderança do Governo, ao Líder Aloizio Mercadante, um requerimento para que o Presidente da República receba o Presidente da ACIUB, representando os produtores do Triângulo Mineiro, para que ele receba também o Presidente do Sindicato Rural da região do Triângulo Mineiro, cuja base está em Uberlândia, e também o Presidente da CDL, pois são os representantes dos produtores que estão sendo prejudicados de uma forma brutal.

A economia de Minas Gerais está sendo, na verdade, esmagada pela situação das estradas. Todas as vezes que passamos pelo Triângulo Mineiro, temos de ouvir pacientemente essas insistentes reclamações, que são perfeitamente válidas. Para dizer a verdade, o problema não é só do Triângulo Mineiro.

Faço hoje essa observação sobre o Triângulo, mas, em todo o Estado, a situação das nossas estradas é precária. Vejam, por exemplo, o estado da entrada da BR-381, que vai até Lavras. Há oito anos, está-se tentando fazer essa estrada ficar um pouquinho melhor, pois faz a ligação entre a BR-040 e a BR-381. Sem essa ligação, como faremos o fluxo entre essas importantes rodovias, que ligam Minas Gerais a São Paulo? Há oito anos se procura fazer um acesso melhor para a cidade de Lavras, mas até agora não conseguimos.

Sem dúvida nenhuma, o Diretor do DNIT tem boa vontade. Há boa vontade também por parte do nosso Ministro dos Transportes, que recebeu delegações do Triângulo, do sul de Minas, da Zona da Mata, de todos os lugares. Mas, enquanto o Ministro Antônio Palocci não disser: “Eu autorizo”, não tem jeito.

Fazemos esta sugestão: que o Presidente da República, indo participar como nosso convidado especial - é tradicional a ida do Presidente da República - da exposição agropecuária de Uberaba, desça daquele avião bonito em Uberlândia, onde será recebido, como sempre, com todo o carinho e atenção, mas siga de carro até Uberaba para ver a situação calamitosa, lamentável, frustrante, ridícula das nossas estradas, de uma região que é a mais produtiva do meu Estado, que dá um exemplo de capacidade industrial, sobretudo no campo, criando emprego, gerando a economia nacional, mostrando o valor da gente de Minas Gerais e do Triângulo. Não é possível que o meu Estado seja penalizado dessa forma, miseravelmente, trazendo uma situação de absoluto desconforto, que vai causar um prejuízo tremendo à economia de Minas Gerais, à economia do nacional, não só na região do Triângulo, mas a todo o Estado de Minas Gerais, que fica prejudicado na medida em que essa região altamente produtiva é prejudicada dessa forma.

Então, Sr. Presidente, faço esse apelo porque temos tido, sim, todo o carinho, toda a atenção do ministro, que nos recebeu há cerca de duas semanas, o DNIT está sempre pronto a nos atender, mas falta o Ministro Palocci colocar na cabeça o chapéu da cordialidade e da sensibilidade e dizer assim: “Para algumas estradas, o dinheiro da Cide tem que ser usado.

E é por essa razão que venho aqui hoje fazer esse apelo. Temos recursos, sim. O dinheiro da Cide tem que ser rigorosamente destinado à recuperação e construção das nossas estradas. A situação que vivemos em Minas Gerais não é diferente da situação que se vive na Bahia, tenho certeza, o Senador César Borges está aqui e não me deixa mentir. E da mesma forma que se vê na região do Estado de Goiás, Senador Demóstenes Torres. Todos nós estamos vivendo a mesma coisa. O dinheiro do imposto da gasolina tem que ser usado nas estradas.

Agora, não adianta fazer todo esse trabalho, de trazer aqui as lideranças, de receber o apoio do Ministro do DNIT se o dinheiro não sai.

Portanto, o meu discurso é dirigido, sim, ao Ministro Antonio Palocci: Ministro Antonio Palocci, por favor, V. Exª é o Ministro da Economia, ou resolvemos o problema das estradas do Triângulo Mineiro, ou resolvemos o problema das estradas de Minas Gerais e do Brasil ou a economia vai parar e V. Exª é que vai ser responsabilizado.

Muito obrigado, Sr. Presidente.