A SRª HELOÍSA HELENA (P-SOL - AL. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Srª Presidente, Senadora Patrícia Saboya Gomes; Srªs e Srs. Senadores, falarei de um tema por força da minha consciência e por obrigação do meu mandato, mas não o faço com alegria alguma ou com qualquer satisfação pessoal.

Senador Jefferson Péres, V. Exª sabe que, muitas vezes, em uma casa parlamentar, há muitas discórdias, muitas tensões, muitas divergências e muitas disputas ideológicas e programáticas. Às vezes, dependendo do temperamento de cada um, somos até mais agressivos ou menos agressivos. Entretanto, construímos relações, porque é impossível que uma pessoa não consiga desenvolver afeto ou carinho por outra convivendo praticamente todos os dias durante seis anos em uma casa. Essa situação é muito difícil.

Ressalto que é muito difícil fazer este pronunciamento, porque falarei sobre o Senador Romero Jucá. Sei que S. Exª tem muito carinho e muito respeito por mim, e também tenho muito carinho por S. Exª. Nessa convivência de seis anos com o Senador Romero Jucá, S. Exª nunca foi capaz de qualquer ataque agressivo contra mim, em momento algum. Fui Líder da Oposição durante o Governo Fernando Henrique Cardoso, quando S. Exª era praticamente Líder do Governo. Houve muitos embates, muitas disputas, mas nunca o Senador Romero Jucá foi capaz de um gesto agressivo contra mim para prestar serviços ao rei.

Neste mundo da política, sabe V. Exª, Senadora Patrícia Saboya Gomes, que muitas vezes o político ataca o inimigo do rei para ficar de bem com o monarca. Quando ele sabe que uma Senadora ou um Senador não são muito queridos pelo Palácio do Planalto, ele pode atacar com virulência, com intolerância e com requintes de crueldade, porque, ao atacar o inimigo do rei, pode favorecer o monarca.

O Senador Romero Jucá nunca foi capaz de agir desse modo nem comigo nem com qualquer outro Senador da Casa, pelo que sei. Portanto, nada de pessoal há. Muito pelo contrário, se eu fosse movida simplesmente pelo sentimento pessoal, jamais faria este pronunciamento. Mas sinto-me na obrigação com a minha consciência de fazê-lo.

Todos os dias - quem acompanha o noticiário o sabe - ocorre uma denúncia nova, aparece um indício novo, cria-se uma polêmica nova nos meios de comunicação em relação ao Senador Romero Jucá. Inclusive, até pela amizade que lhe tenho, liguei para ele e disse-lhe que faria o pronunciamento. Ele afirmou que estava tranqüilo e que tinha certeza de que seria capaz de responder a todas as denúncias que estavam sendo apresentadas no jornal. Mas, evidentemente, todos os dados demonstrados ainda não nos convenceram.

Qual é a grande preocupação que tenho? Há uma coisa muito concreta hoje: se o Governo identifica que o Senador Romero Jucá não se coaduna com o padrão ético estabelecido pelo Governo - embora eu considere que ele não pode nem falar em padrão ético, com Henrique Meirelles e outras coisas mais - e, portanto, não serve para ser ministro e volta para esta Casa, teremos a obrigação de encaminhar ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar todas as denúncias que estão sendo apresentadas.

(A Srª Presidente faz soar a campainha.)

A SRª HELOÍSA HELENA (P-SOL - AL) - Se o Governo demite, é que entende que não são denúncias gastas e vazias, mas a expressão da verdade. E o Governo tem mecanismos para investigar. Com ou sem Abin, com ou sem grampo, sabe da vida de todos desta Casa; sabe do antes, do durante, do depois. O Governo, com estrutura de neo-stalinismo insuportável, é capaz de fazer qualquer coisa para aniquilar uma pessoa. Eu mesma já vi isso! Eles pegam a pata de um importante Senador e a pata de um importante ministro. Eles fazem coisas contra mim. Eles sabem de tudo, objetivamente de tudo.

(A Srª Presidente faz soar a campainha.)

A SRª HELOÍSA HELENA (P-SOL - AL) - Isso criará para o Senado um novo problema, e eu me sinto na obrigação de dizer: se não tem padrão ético para estar como Ministro, se volta a ser Senador, nós nos sentimos na obrigação de encaminhar ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar o caso do Senador Romero Jucá.

É isso, Srª Presidente.