Discurso durante a 41ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Monopólio da Companhia TAM nos vôos para o Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA DE TRANSPORTES. ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
  • Monopólio da Companhia TAM nos vôos para o Piauí.
Publicação
Publicação no DSF de 19/04/2005 - Página 9424
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA DE TRANSPORTES. ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
Indexação
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), HISTORIA, BRASIL.
  • HOMENAGEM, ATLETA AMADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), VITORIA, PROVA, AMBITO INTERNACIONAL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
  • APREENSÃO, PRECARIEDADE, TRANSPORTE AEREO, ESTADO DO PIAUI (PI), SUPERIORIDADE, EXCEDENTE, PASSAGEIRO, CAPITAL DE ESTADO, SOLICITAÇÃO, AUTORIZAÇÃO, ABERTURA, LINHA AEREA, PROTESTO, MONOPOLIO, EMPRESA DE TRANSPORTE AEREO.
  • CRITICA, POLITICA DE TRANSPORTES, GOVERNO FEDERAL, FALENCIA, AEROPORTO, BRASIL.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DENUNCIA, AUMENTO, FUNCIONARIOS, GOVERNO FEDERAL, AUSENCIA, CONCURSO PUBLICO.

  SENADO FEDERAL SF -

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SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobre Senador Paulo Paim, que preside esta sessão, nesta segunda-feira, dia 18 de abril de 2005, Srªs e Srs. Senadores aqui na Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem através do sistema de comunicação do Senado.

Senador Paulo Paim, quis Deus que V. Exª esteja aí presidindo quando eu me apresento aqui com orgulho de ter nascido no Piauí, imaginando, Senador Tião Viana, se houvesse uma disputa entre os 27 Estados Brasileiros: tenho a convicção de que o povo piauiense levaria a medalha de ouro; estaríamos no pódio. Quase com certeza, os gaúchos levariam a medalha de prata. Mas - e o Carreiro, que atentamente nos ouve - desclassificaria do pódio o vizinho e irmão Estado do Maranhão, e digo o porquê.

Senador Paulo Paim, sei da grandeza dos gaúchos na História do Brasil: no Império, foram os Farroupilhas, lutando dez anos, tendo como líder Bento Gonçalves; os lanceiros negros... Depois, na República, dignificando o trabalhismo tivemos Alberto Pasqualini e o Presidente Getúlio Vargas. Goulart, o pacificador, o homem da paz; Brizola, o homem da coragem; Pedro Simon e Paim, os lanceiros negros. Mas o nosso Piauí tem muito mais.

Os senhores podem olhar assim, mas o Piauí é Brasil e está em dificuldades porque o País está em dificuldades e nós somos diferentes. Durante duzentos anos, fomos dominados por Pernambuco; durante cem anos, pelo Maranhão e, nesse pouco tempo, essa é a nossa história. Expulsamos os portugueses em batalha sangrenta. O Brasil não iria ser “grandão”, não. Olhem o mapa. Por que ele não iria ser “grandão”? Os colonizadores sempre foram os portugueses, e eles não eram boa gente. Que digam os negros! Não somos nós que temos que pedir perdão, Lula! Quem tem que pedir perdão são os portugueses e os ingleses, pois somos vítimas dessa história. Essa é a verdade.

Foram os portugueses que trouxeram os escravos, que negociaram, venderam e humilharam. Nós, não. Nessa confusão toda, fomos o único povo que, numa batalha sangrenta, expulsou os portugueses.

O D. João VI disse ao filho para ele ficar com o Sul, que ele ficaria com o Norte. O nome do país era País Maranhão, que estava unido aos portugueses. Nós, em batalha sangrenta, expulsamos os portugueses e por isso o Brasil ficou “grandão”.

            Senador Paulo Paim, o Brasil merece o heroísmo do farroupilha. Uma das exigências da república defendida pelos farroupilhas era liberdade e igualdade - libertar os negros.

            Senador Tião Viana, imagine um jornal Oitenta e Nove; no Piauí, teve. Teresina foi a primeira capital inventada e planejada neste País. Nós tivemos menos anos. Fomos dominados por pernambucanos por duzentos anos e por maranhenses por cem anos, mas fizemos a primeira capital planejada. Foi ela que inspirou Goiânia, Brasília, Belo Horizonte e Palmas.

Senador Paulo Paim, havia um jornal Oitenta e Nove. Senador Tião Viana, o que significava isso? O jornalista piauiense David Caldas colocou o nome no jornal de Oitenta e Nove. Por que e para quê? Porque, em 1789, o povo, decepcionado com os reis, com os governos absolutistas, foi à rua e gritou: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.

Esse foi o jornal que inspirou o Brasil. Um século depois, foi quando proclamamos a nossa República, Governo do povo pelo povo. No Piauí, dezessete anos antes, havia o jornal Oitenta e Nove. David Caldas era o profeta. Daí, Senador Paulo Paim, levamos a medalha de ouro.

Está ali Rui Barbosa, para que não perdemos. Igual a ele foi Evandro Lins e Silva. Não foi Senador, mas não está um milímetro atrás de Ruy Barbosa, que cito com todo respeito. Ele foi Presidente do STF no momento mais difícil da ditadura. Se não fosse ele, todos os presos teriam ido para Fernando de Noronha, que hoje é turística. Todos teriam sido comidos por jacaré. Miguel Arraes mesmo conta que já estava aceitando ser devorado. Atentai bem, Evandro Lins e Silva é da minha cidade.

Vejo um STF, em uma atitude nojenta, intrometendo-se aqui para elevar os nossos salários e os deles. Evandro Lins contou-me, Senador Tião Viana, atentai bem, que só tinha uma mesinha, uma carteirinha, mas tinha força moral de derramar justiça neste País. Esse é o Piauí!

Aqui, vire-se, Renan! Igualar Petrônio Portella será muito difícil. Fecharam o Congresso, e ele disse: “É o dia mais triste da minha vida!” só um homem do Piauí, que eu represento, tem essa coragem.

Quando fecharam o Congresso na ditadura, o maior jornalista - não existe segundo não -, que inventou o jornalismo político, Carlos Castelo Branco, o Castelinho, como disse o Presidente José Sarney em seus discursos, era a tribuna, era a pena, era o que substituía o Congresso fechado - Castelo, do Piauí.

Na administração, nenhum foi melhor. A ditadura teve o seu desenvolvimento. A luz foi João Paulo dos Reis Velloso, melhor Ministro do Planejamento de toda a história. O primeiro PNB, e o segundo PT. E mais, Senador Tião Viana. Dez anos de mando e ditadura, mas nenhuma indignação, nenhuma corrupção, nenhuma imoralidade, que não são virtudes de gente do Piauí.

Faço esse pronunciamento para saudar o piauiense que venceu a maratona de São Paulo. Essa é a nossa gente.

O Senador Tião Viana é um homem culto. O PT não tem apenas ignorância. O Senador Aloizio Mercadante é um homem arejado. O Líder, Senador Delcídio Amaral, e o Senador Paulo Paim têm responsabilidade. No entanto, S. Exªs não são escutados nem influenciam o Governo. O Senador Tião Viana deveria estar no lugar de José Dirceu há muito tempo.

Presto a nossa homenagem ao grande homem do Piauí José Telles de Souza, que, na sua simplicidade, é o campeão da nossa raça.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador Mão Santa, V. Exª dispõe de mais cinco minutos.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - É o tempo suficiente para prestar esta homenagem ao grande piauiense, vencedor da última maratona de São Paulo. A ele o respeito de todos nós piauienses e brasileiros.

Senador Tião Viana, vamos falar mais sobre o Piauí. Este Brasil é complicado. Quando eu governava o Piauí, eu levei a TAM ao Estado. Não houve festa, Senador Tião Viana, porque já havia a Transbrasil, a VASP e a Varig. Hoje, só há a TAM. Esse é o retrato do Governo Lula, do Governo do PT.

            Senador Tião Viana, na última vez em que fui viajar, havia 40 excedentes. Há pessoas do Maranhão. Teresina também é capital do Sul do Maranhão. São Luiz fica em meio ao Atlântico. Então, eles pegam o transporte, geograficamente, em Teresina - Sul, Leste ou Oeste. Senador Paulo Paim, havia 40 passageiros sobrando.

V. Exªs sabem que os assessores do Senado funcionam bem no aeroporto e sempre nos dizem que encontram uma solução para o problema. Deus me livre! Não agirei desse modo mesmo que tenha que ir de ônibus. Não vou passar na frente de ninguém na fila pelo fato de ser Senador e trazido pelo povo. Havia lá uma senhora da região de fronteira, esposa do ex-Prefeito, que cuida da igreja, a Dona Maria. Havia oito dias que ela ia ao aeroporto. É o caos. Esse é o Governo do PT.

Então, vim pedir que ajamos agora a fim de que a Gol passe a atuar também naquele trecho. Dizem por aí que o Sr. José Dirceu é sócio da TAM e pretende extinguir tudo, permanecendo apenas aquela companhia aérea. Onde há fumaça, há fogo. Ninguém tem confiança no Sr. José Dirceu, o homem que levou Waldomiro Diniz. Ninguém é ingênuo e V. Exª não é criança, Senador Tião Viana, pois é médico e sabido, estudou psicologia. Quem acredita num homem que leva um Waldomiro, secretário dele, picareta, que conhece há 20 anos, para fazer toda espécie de picaretagem, manchando o Congresso?

Há fundamento para fazermos uma CPI, porque todas as empresas estão falindo, e fica essa TAM. Vamos favorecer que a Gol atue no Piauí, fazendo os vôos da Vasp de novo. No Estado já houve quatro empresas. Aliás, na minha cidade, Parnaíba, havia vôos diários. Então, esse é o retrato do PT.

Este Senado observa o que está havendo com o transporte aéreo. Havia 400 aeroportos. Tião Viana, o País vai mal. Quatrocentos aeroportos funcionavam, hoje há em torno de 100. Se estão falindo os poderosos, avalie os pequenos, com esses impostos do Lula, com esse juro alto. Só está bom mesmo para esse pessoal do PT.

Senador Tião Viana, para terminar, tenho que atacar o Governo. É agora! É uma vergonha!

Está ali o Senador Paulo Paim, nosso Martin Luther King, que teve o sonho de liberdade para os negros. Tivemos um sonho também de que esse Presidente Lula ia melhorar o País. E eu votei nele, trabalhei, acreditei, sonhei.

Trouxe um exemplar do jornal O Estado de S. Paulo com a notícia do nosso campeão do Piauí para comemorar aqui.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Em um minuto Jesus rezou o pai-nosso. Esse é o tempo suficiente para que o povo entenda, Sr. Presidente.

Leio no jornal O Estado de S. Paulo que Lula quase dobrou o quadro de servidores não concursados - aí é que está a vergonha: servidores não concursados! O Presidente não lê nem a Bíblia - sabemos que ele não lê livros -, que orienta a buscar a porta estreita, que é a da vergonha e da dignidade, e não a escancarada, do abandalhamento e da sem-vergonhice.

Lula quase dobrou o número de funcionários sem concurso: de 18.040, em 2002, aumentou para 33.204, em 2004. Só esses vigaristas, para contribuir para o Partido, para tentar ganhar eleição. Isso é um vergonha! Esse não era o sonho de Paim. O sonho de Paim e de Tião era a moral e a dignidade.

Apresento aqui um gráfico.

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Terminou o seu tempo, Senador Mão Santa, mas a Mesa lhe dará mais um minuto.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Estou quase dando, junto com o Piauí, medalha de ouro para o Rio Grande do Sul.

Eram 497.125 servidores em 1999; em 2000, o número baixou para 486.912, segundo o gráfico; e, em 2001, para 485.303. Aí entrou Lula, começou a subir: 485.631 em 2002; depois, 499.138 em 2004, todos sem concurso.

Liberdade e igualdade, isso é o concurso. Igualdade é o sonho de Paim; igualdade seria a presença de Tião Viana, no mínimo como Ministro da Saúde, para acabar o que está aí.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Sr. Presidente, agradeço-lhe a generosidade do tempo. Ainda tenho mais cinco minutos?

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - V. Exª não tem mais nada, Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Então, voltarei amanhã.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/04/2005 - Página 9424