Discurso durante a 43ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do quadragésimo quinto aniversário de Brasília.

Autor
Valmir Amaral (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração do quadragésimo quinto aniversário de Brasília.
Publicação
Publicação no DSF de 21/04/2005 - Página 9924
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CAPITAL FEDERAL, SAUDAÇÃO, HISTORIA, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), INICIATIVA, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESENVOLVIMENTO, INTERIOR, PAIS, ELOGIO, SUPERIORIDADE, INDICE, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, ESPECIFICAÇÃO, DADOS, EDUCAÇÃO, RENDA PER CAPITA, INFRAESTRUTURA.

O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no festejo dos seus 45 anos, que se completam amanhã, pode-se dizer que Brasília é uma cidade jovem, alegre, cheia de energia e vitalidade, sobretudo se considerarmos sua alta responsabilidade de abrigar os elevados Poderes da República e de avocar a si condição de referência maior para todo o povo brasileiro.

Em menos de meio século, Brasília não se tornou uma realidade, apenas, mas se consolidou como uma de nossas grandes metrópoles; deu concretude ao sonho de Dom Bosco, ao ideal de Juscelino Kubitschek e às aspirações de milhões de brasileiros; e tornou o Brasil um País menos desigual e mais fraterno, com a efetiva incorporação de extensas áreas de nosso território historicamente relegadas ao abandono.

Com uma população que supera dois milhões de habitantes, com a maior renda per capita do País e indicadores que igualam a qualidade de vida de seus moradores à dos povos mais desenvolvidos, Brasília é a síntese da tenacidade e da ousadia de seus idealizadores e da operosidade de seu povo.

Grato que sou a esta cidade, que me acolheu de forma tão cordial, assim como acolheu e acolhe brasileiros de todos os quadrantes, não poderia saudá-la sem fazer merecida homenagem àqueles que a tornaram possível. O primeiro nome que nos vem à mente, nessa justa reverência, é o do saudoso Presidente Juscelino Kubitschek, como já mencionamos.

A mudança da Capital para o interior do País, como sabemos, era um sonho que remontava à época colonial. Atravessando o Brasil Império, esse sonho tomaria a forma de dispositivo constitucional, na Carta de 1891, nos primórdios da República. No Governo Vargas, embora não se tivesse concretizado, ganharia consistência, com o lançamento da Marcha para o Oeste, com a qual se buscava interiorizar o desenvolvimento e integrar o sertão ao Brasil litorâneo e desenvolvido.

Eu seu livro Por que Construí Brasília, Juscelino descrevia aquilo que, para ele, se tornou uma obsessão: “O Brasil, voltado então para o mar, teria de assumir uma atitude diametralmente inversa, isto é, voltar as costas para o oceano e empenhar-se em tomar posse efetiva do seu território, de cuja existência só tinha conhecimento por meio de mapas”.

Hoje, quando o Centro-Oeste assume o papel de celeiro do País, quando nossas fronteiras agrícolas se expandem para as vastas terras da região Norte, e quando a Capital da República se torna um pólo irradiador de desenvolvimento e um instrumento da integração nacional, somos obrigados a admitir que o Brasil se agigantou, se modernizou e se tornou mais altivo com a construção de Brasília.

Essa obra, Sr. Presidente, imponente, grandiosa e decisiva para o nosso futuro, não poderia ser gerada por uma única pessoa, por mais descortino, coragem e persistência que tivesse. Juscelino, então, confiou a realização de Brasília a profissionais gabaritados, a homens de confiança cuidadosamente escolhidos, como Bernardo Sayão, Israel Pinheiro, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, entre outros, aos quais rendo minhas homenagens.

Finalmente, não poderia esquecer o trabalho anônimo de milhares de brasileiros que para cá acorreram, convocados para dar sua contribuição na concretização daquele sonho. Aos candangos, esses heróis desconhecidos, muitos dos quais aqui permaneceram ou deixaram seus familiares, estendo meu preito de admiração e reconhecimento.

Brasília, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, ao longo destes 45 anos, viveu contínua transformação. Superando as expectativas mais promissoras, a cidade se consolidou como a sede do Poder Legislativo, do Executivo e do Judiciário, além das representações diplomáticas e de organismos internacionais.

Sede, também, de um belíssimo conjunto arquitetônico e artístico, fincado num plano urbanístico revolucionário e inovador, foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, em 1987. Sua população desfruta de invejável qualidade de vida, como prova o IDH de 0,844 pontos na escala da Organização das Nações Unidas. O indicador da ONU, como se sabe, avalia as condições de vida nos países e nas cidades, analisando, numa escala de zero a um, a educação, a infra-estrutura, a longevidade da população e a renda per capita.

Dos 2 milhões e 51 mil habitantes de Brasília em 2002, conforme levantamento do IBGE, 96,2% dispunham de televisão; 95,5%, de geladeira; 75,9%, de telefone; e 23,9%, de computador. O IDH relativo à renda do brasiliense foi de 0,842, o maior do Brasil.

Os índices de educação também conferem a Brasília uma condição privilegiada: 98,9% das crianças entre sete e 14 anos estão na escola; 94,3% de todos os habitantes são alfabetizados; e 20,1% têm mais de 12 anos de escolaridade.

O quesito infra-estrutura também é amplamente favorável. Levantamento do Codeplan, órgão do Governo local, indica que água, luz, asfalto e coleta de lixo são serviços ofertados à grande maioria da população. Em 99,3% dos domicílios há energia elétrica, 94,5% deles recebem água encanada.

Em Brasília, também se vive mais e melhor. A expectativa média de vida, que era de 68 anos, subiu para 71 anos; a mortalidade infantil, de 14,4 por mil nascidos vivos, é metade da média nacional, de 29,6; e a soma do fator saúde e do fator sobrevivência, que definem o quesito longevidade na metodologia da ONU, coloca Brasília entre os primeiros lugares na classificação nacional.

É interessante observar, Sr. Presidente, que Brasília, sendo uma cidade jovem, tem também uma população eminentemente jovem. Vale observar, ainda, que não se completou a segunda geração dos brasilienses de nascimento, uma vez que a cidade só agora atinge os 45 anos. Entretanto, a juventude de seus moradores se destaca mesmo se considerarmos a população por inteiro, com todos os migrantes que para cá se dirigiram.

Os jovens de Brasília se beneficiam da excepcional qualidade de vida que a cidade oferece e da renda per capita que é a mais alta do País. Pesquisa realizada há dois anos indicava que o poder de compra da juventude brasiliense ia além do consumo de roupas, calçados e acessórios, possibilitando também a freqüência a shoppings e restaurantes e o acesso a celulares e computadores.

Essa juventude tem à sua disposição uma rede de ensino e uma infra-estrutura de entretenimento invejáveis. Os jovens se divertem nas boates, nos shoppings e nos numerosos clubes à margem do Lago Paranoá; mas também no Parque da Cidade, um dos maiores do mundo, e no parque da Reserva Água Mineral, aonde acorrem pessoas de todas as classes, notadamente nos fins de semana e nos feriados.

Mas a juventude de Brasília, Sr. Presidente, não vive apenas de sonhos dourados e de entretenimento. Pesquisas realizadas para determinar o Índice de Desenvolvimento Juvenil, da Unesco, demonstraram que - em que pese o desemprego, principalmente no segmento que tenta entrar no mercado pela primeira vez - 79,2% dos brasilienses entre 14 e 15 anos trabalham ou estudam, ou exercem as duas atividades. Não surpreende, portanto, que o jornal Correio Braziliense, ao comentar as expectativas desses jovens, ao término de um ciclo de conferências juvenis, tenha assim assinalado: “Quase meio século depois, o horizonte de paz e de progresso sonhado por JK na imensidão do Planalto Central é defendido por jovens que apostam numa sociedade mais justa. Que querem construir um país diferente e surpreendem com discursos bem elaborados e ações de cidadania. Gente que se organiza, traça objetivos comuns e vai à luta”.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no ensejo do quadragésimo quinto aniversário de Brasília, quero renovar minhas homenagens aos seus idealizadores e à multidão anônima que tirou a cidade das pranchetas e lhe deu existência real; quero parabenizar a população brasiliense e todos os visitantes que acolhemos, porque Brasília é a Capital de todos os brasileiros; mas, hoje, quero dirigir-me especialmente aos jovens de Brasília, que serão os responsáveis pelos rumos da cidade num futuro que já se revela promissor. Ao cumprimentá-los, quero manifestar minha expectativa de que as novas gerações terão sempre um especial carinho por esta cidade, que a todos acolhe tão carinhosamente.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/04/2005 - Página 9924