Discurso durante a 44ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comemoração dos 170 anos de instalação da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Homenagem pelo aniversário de Brasília.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 170 anos de instalação da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Homenagem pelo aniversário de Brasília.
Publicação
Publicação no DSF de 21/04/2005 - Página 9969
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), COMEMORAÇÃO, DIA NACIONAL, JOAQUIM JOSE DA SILVA XAVIER, VULTO HISTORICO, PATRONO, METALURGICO, ELOGIO, TRABALHADOR, METALURGIA.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), ELOGIO, HISTORIA, CAPITAL FEDERAL.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Eduardo Siqueira Campos, Srªs e Srs. Senadores, hoje é um dia especial, porque estamos homenageando grandes aniversariantes.

Senador Sérgio Zambiasi, sei que V. Exª também lembrou a data de hoje, em que a Assembléia Legislativa do nosso Rio Grande completa 170 anos de existência. É uma Casa da qual V. Exª foi Presidente e em que fez um belíssimo mandato, honrando todo o povo gaúcho.

Eu lembrava que, na história da Assembléia Legislativa do Rio Grande, houve grandes homens e mulheres que foram marcos no processo democrático. Cito, como exemplo, aquele que foi o primeiro Deputado Estadual negro eleito pelo voto direto na história do País: Carlos Santos foi Presidente da Assembléia e, com certeza, pelo cargo que exercia, assumiu também, por inúmeras vezes, na época, o Governo do Estado.

Registro que, na Assembléia, houve grandes momentos. Poderia falar de todo um passado bonito de luta do povo gaúcho e da Assembléia Legislativa, mas mencionarei somente um desses fatos. Dois estudantes corriam para chegar a tempo, Senador Tião Viana, de fazer o vestibular e foram interrompidos pela Polícia como suspeitos, porque eram negros. A atuação da Assembléia Legislativa do Rio Grande foi exemplar nesse caso, tanto que criou, numa homenagem a esses dois jovens, que depois acabaram entrando na universidade, o Disque-Racismo.

Para não ficar somente falando de fatos do passado e de momentos bonitos de brancos, negros e índios, lembro também a importância da Assembléia Legislativa no tempo da legalidade. E quero homenagear simbolicamente o atual Presidente, homenageando todos os ex-Presidentes.

Sr. Presidente Eduardo Siqueira Campos, amanhã é uma data histórica, de homenagem a Tiradentes, um homem que morreu esquartejado - para mim, foi assassinado - em defesa da liberdade. Tiradentes é o patrono dos metalúrgicos. Por isso, nesta homenagem que faço a Tiradentes, também homenageio todos os trabalhadores metalúrgicos deste País, já que sou um metalúrgico e estou hoje Senador da República. Homenageio os metalúrgicos e suas famílias. Enfim, à família metalúrgica do Brasil rendo as minhas homenagens pelo seu dia, que transcorre amanhã.

Mas, quando falo de Tiradentes, falo de liberdade, e a palavra “liberdade” me traz à mente a homenagem, a que assisti hoje, neste plenário, à querida Brasília. Brasília com seus horizontes sem fim. A liberdade também é infinita, não tem limites. Estou falando do coração do Brasil, que está completando amanhã, 21 de abril, seus 45 anos de idade.

Coração desenhado por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, construído com a mobilização brasileira. Brasileiros para cá se deslocaram e criaram Brasília, que, sem sombra de dúvida, é um símbolo do processo democrático e, por isso, é a nossa Capital.

Sr. Presidente, em 1957, homens e mulheres de todas as classes para cá se dirigiram. Eu poderia falar do Parque Nacional de Brasília, do Jardim Botânico, do Parque da Cidade, do lago Paranoá, das cidades satélites, onde reside o nosso povo; poderia falar do Teatro Nacional, do Estádio Mané Garrincha, da Torre de Televisão; poderia falar das flores, como menciona a Senadora Heloísa Helena. É uma pena que eu tenha pouco tempo, Senadora, senão falaria tudo que V. Exª agora lembra.

Brasília, na verdade, é uma cidade que acolhe a todos. Eu poderia ainda falar do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, criado em 1961 por Juscelino Kubitschek; poderia falar do parque administrado pelo Ibama, das cachoeiras e das minas de cristal, da flora, da fauna e das flores. Segundo pesquisa da Nasa, a Chapada foi considerada o ponto mais luminoso visto da órbita da Terra. Quem conhece Brasília sabe que ela está blindada por essa luz.

Brasília é uma cidade jovem. Eu poderia falar da história de Tancredo, da forma como o Papa aqui dialogou com a população; poderia falar que a Unesco considerou Brasília patrimônio histórico e cultural da humanidade, mas não dá para falar de tudo.

Sr. Presidente, sei que meu tempo, apesar da tolerância de V. Exª, já está praticamente encerrado. Como não pude falar pela manhã da nossa querida Brasília, encaminho-me para o final do meu pronunciamento.

No início, falei da história de Brasília, de Tiradentes, de metalúrgicos, da Câmara Legislativa e, ao final, quero mencionar Aquele que inspira, que ilumina, que chama à razão, que fortalece a luta pela justiça social; Aquele que nos permitiu chegar até aqui e dar voz aos que não a têm; Aquele a quem pedimos que nos permita cumprir nossa missão nesta cidade; Aquele a quem pedimos que as idéias e as decisões que partem de Brasília sejam pelo bem de todos os brasileiros.

Quero falar do nosso povo, afirmando: “A voz do povo é a voz de Deus”. O grande arquiteto universal, com sua sabedoria, concedeu uma luz especial para a nossa Capital.

Obrigado, Brasília, lar de todos nós, que aconchega diferentes culturas. Obrigado, Brasília de um horizonte sem fim, por nos acolher na vastidão de sua beleza.

Sr. Presidente, Senador Eduardo Siqueira Campos, ontem, falei de sua luta justa e correta e da minha solidariedade aos médicos de Cuba.

Obrigado, Sr. Presidente.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR PAULO PAIM.

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O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os dias de hoje e de amanhã nos reservam grandes aniversariantes.

A Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul comemora hoje, 20 de abril, 170 anos de existência.

Ela é uma casa aberta ao povo gaúcho, onde pessoas, representando os mais variados segmentos sociais, buscam o diálogo com aqueles que os representam.

É com grande honra que me reporto ao Parlamento Gaúcho, a homens e mulheres que enriquecem a história do nosso estado e do nosso País.

Assembléia Legislativa que registra em sua história grandes nomes como o do Deputado Carlos Santos, que foi o primeiro negro a ocupar mandato de Deputado Estadual e presidir o Parlamento gaúcho.

Também registra grandes momentos, como aquele que envolveu os dois irmãos negros impedidos de prestar vestibular para o curso de Engenharia Mecânica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Naquele momento a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul lançou o Disque-Racismo.

Cumprimento ao Presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, aos demais Parlamentares e ao povo gaúcho pelo aniversário de 170 anos dessa Casa Legislativa, espaço democrático gaúcho.

Sr. Presidente, amanhã é a data que lembramos Tiradentes, que morreu em defesa da liberdade. Tiradentes é patrono dos metalúrgicos, por isso amanhã também é a data que homenageamos a todos os metalúrgicos do Brasil.

Quando falo de Tiradentes, falo de liberdade e a palavra liberdade me traz à mente a homenagem a Brasília. Brasília com seus horizontes sem fim. Liberdade é infinita, não tem limites. Estou falando do coração do Brasil, que estará completando amanhã, dia 21 de abri, seus 45 anos de idade.

Coração desenhado por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, construído com a mobilização de brasileiros que se deslocaram espontaneamente de várias regiões do país.

Em 1957, homens de todas as classes, trabalhadores impulsionados pelo espírito de otimismo e aventura que acreditavam estar diante de novos tempos e de um futuro magistral, deram início à construção de Brasília.

As grandes máquinas acionadas por esses candangos, começaram a tornar o sonho realidade e em 21 de abril de 1960, coube a Juscelino Kubitschek a inauguração da nova capital brasileira.

Nós comemoraremos amanhã o aniversário desta cidade que abriga hoje, juntamente com as cidades satélites, 2.282.049 (dois milhões duzentos e oitenta e dois mil e 49) habitantes, segundo dados do IBGE.

Cidade que Juscelino descreveu como, “cérebro das altas decisões nacionais”.

Cidade que nos brinda com tesouros como o Parque Nacional de Brasília, mais conhecido como Água Mineral, distante apenas 10 Km do centro da cidade. São 30 mil hectares de área de preservação ambiental responsável por proteger uma porção significativa de cerrado e nascentes que fornecem água potável à população do Plano-Piloto.

Temos ainda o Jardim Botânico, o Parque da Cidade, o Lago Paranoá, o Teatro Nacional o Estádio Mané Garrincha, a Torre de Televisão, enfim preciosidades dessa terra.

Muitos dizem estranhar a forma diferente que a cidade adotou, de nomear ruas, chamando-as de Superquadra norte 210, ou Superquadra sul 314. Considerando apenas o Plano Piloto, são 100 superquadras, mas na verdade Brasília também é conhecida por ter sua Rua das Farmácias, Rua dos Restaurantes, Rua das Elétricas, sua Rua da Igrejinha.

Brasília é na verdade uma cidade que acolhe muitas outras cidades, que abraça diversos costumes, que agrada paladares de quem aprecia a comida italiana, alemã, mexicana. Agrada paladares de baianos, paraenses, cearenses, gaúchos, e assim por diante.

Não quero deixar de mencionar neste pronunciamento, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, criado em 1961 por Juscelino Kubitschek, localizado em Goiás, a 240 KM de Brasília.

O Parque, administrado pelo Ibama, abriga uma das mais antigas formações geológicas do mundo, com cerca de 1,8 bilhões de anos, sendo anterior à Floresta Amazônica e à Mata Atlântica.

Trata-se de uma reserva ecológica com cachoeiras, minas de cristal, e ricas flora e fauna. Segundo pesquisa da NASA, a chapada foi considerada o ponto de maior luminosidade, visto da órbita da Terra, devido à quantidade de cristais de quartzo que afloram do solo, além de inúmeros outros metais e minérios.

Quem conhece Brasília sabe que ela é brindada por essa luminosidade.

Brasília é uma cidade jovem que presenciou diversos momentos da nossa Nação: policiais invadindo a Universidade de Brasília, palco de discussões políticas, de onde os pioneiros puderam acompanhar vários fatos históricos; a inauguração do autódromo onde Emerson Fittipaldi venceu a corrida de Fórmula 1; a primeira visita oficial do Papa João Paulo II ao Brasil; o fim da ditadura; a morte de Tancredo Neves, primeiro Presidente Civil do nosso País após a ditadura; a decisão inédita da UNESCO que, em 1987 declarou Brasília Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, título até então reservado apenas a cidades centenárias; a manifestação popular dos cara-pintadas, multidão que acompanhou a votação pelo impeachment do então Presidente Fernando Collor de Mello e; diversos outros momentos significativos.

O povo brasileiro olha para Brasília e vê essa jovem cidade receber aqueles que por ele foram eleitos.

O povo brasileiro marcha rumo a Brasília, trazendo seus anseios gravados no peito e estende-os sobre os tapetes gigantes desta beleza espetacular que é a nossa Esplanada, a Esplanada dos brasileiros.

Sindicalistas, trabalhadores rurais, ferroviários, metalúrgicos, professores, prefeitos, governadores, grupos de portadores de deficiência, integrantes da raça negra, índios, enfim todos convergem para essa cidade em busca de soluções para suas demandas.

Os brasileiros de todos o País permanecem com seus olhos e ouvidos atentos às notícias de Brasília. Eles querem saber sobre as medidas implementadas quanto às enormes filas que enfrentam quando buscam assistência médica, sobre medidas que viabilizem o acesso à educação para as camadas mais pobres da população, sobre o enfrentamento de chagas como preconceito racial, trabalho infantil, descaso com idosos, com pessoas deficientes, discriminação para com as mulheres sobre o preço da cesta básica, sobre o índice de aumento do salário mínimo, sobre o percentual a ser aplicado nos vencimentos de aposentados.

Nós estamos aqui, ajudando a dar forma a essas notícias, a transformar esperanças em realidade.

No início de meu pronunciamento eu falei a respeito de três personagens importantíssimos na história da nossa capital.

Ao final, eu quero mencionar Aquele que inspira, que ilumina, que chama à razão, que fortalece na luta pela justiça social. Aquele que nos permitiu ter chegado até aqui e dar voz aos anseios da nossa gente brasileira.

Aquele a quem nós pedimos que nos permita cumprir nossa missão nessa cidade.

Aquele a quem nós pedimos que as idéias, as decisões que daqui partem, sejam pelo bem de todos os brasileiros.

Quero falar aqui do nosso povo, dizendo: “A voz do povo é a voz de Deus”, o grande arquiteto Universal que com certeza, com Sua sabedoria, concedeu uma luz especial para a nossa capital.

Obrigado, Brasília, lar de todos nós, lar que aconchega diferentes culturas, obrigado por nos acolher na vastidão da tua beleza.

Era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/04/2005 - Página 9969