Discurso durante a 42ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao Papa João Paulo II. Críticas ao governo Lula.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA FISCAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Homenagem ao Papa João Paulo II. Críticas ao governo Lula.
Publicação
Publicação no DSF de 20/04/2005 - Página 9753
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA FISCAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JOÃO PAULO II, PAPA.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), AUMENTO, INADIMPLENCIA, NATUREZA FISCAL, EFEITO, SUPERIORIDADE, TRIBUTOS.
  • LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, ARNALDO JABOR, JORNALISTA, CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, GETULIO VARGAS, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Papaléo Paes, Senadoras e Senadores presentes na Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, habemus papam! Assim anunciou o nosso Senador Marco Maciel.

Senador João Motta, Deus, na sua bondade, permitiu-me ser abençoado pelo Papa João Paulo II, que hoje é santo, quando governava o Estado do Piauí, a convite da própria Igreja. Coincidentemente, o Senador Eduardo Azeredo era Governador de Minas Gerais e lá também estava.

Realmente, aqui me apresento, Senador Marco Maciel, como o Apóstolo Paulo, que nos ensinou: percorra o seu caminho, pregue a sua fé e combata o bom combate. Essa é a lição daquele velho guerreiro que mais divulgou o cristianismo.

Combater o bom combate - aqui estamos. E trago a manchete do jornal de economia do Jornal do Brasil, que diz que “R$450 bilhões fogem do Leão”, do Leão do Lula, do Leão do PT, Senadora Serys Slhessarenko. Isso nunca foi visto antes.

Senador Papaléo, o PT, partido dos tributos, está matando a galinha dos ovos de ouro: o povo trabalhador, os empresários, quem verdadeiramente sustenta essa máquina do Governo - Executivo, Legislativo e Judiciário.

Os impostos são tantos, tantos... Esse Governo os aumentou 16 vezes, Senador Pedro Simon, e ainda nos ameaça com medidas provisórias. Então, o povo só tem uma saída, pois não pode, não agüenta: sonegar.

Senador Pedro Simon, se Gandhi estivesse no Brasil, como fez na Índia, pregaria a desobediência civil para não se pagar mais imposto, porque não dá. Aqui o resultado: “R$450 bilhões fogem do Leão”. Aperto fiscal provoca aumento da inadimplência com receitas e débitos que já superam o total arrecadado do ano passado.

São tantos impostos que o povo honrado, Senador Papaléo, o brasileiro e a brasileira que trabalham, corretos, que nunca fugiram, só têm esta alternativa: fugir, porque a exploração está demais.

Foi assim que Luís XVI, último rei da França, e Maria Antonieta acabaram na guilhotina. Tanto aumentaram os impostos que o povo saiu à rua e gritou: “liberdade, igualdade e fraternidade”.

Foi assim que os césares caíram, por aumento de impostos.

Foi assim que se sacrificou Tiradentes em 21 de abril. Sei que tem Brasília em 21 de abril, sei que tem Tancredo em 21 de abril, mas, quando eu era estudante, não tinha nada disso. Reverenciava-se Tiradentes, que teve coragem de lutar contra o que foi apelidado de derrama, e agora está muito pior.

Farei um resumo do que o jornal da economia diz:

A forte elevação da carga tributária que acontece no Brasil está sendo acompanhada de uma reação ainda maior contra os cofres do próprio governo. Nos últimos 12 meses - período de recorde de arrecadação - os débitos tributários não pagos à Receita passaram de R$276,7 bilhões para R$455,7 bilhões. A expansão de inadimplência nesse período foi de 65%.

O brasileiro é honrado, é honesto, é trabalhador. Senador Papaléo Paes, ele não está podendo mais pagar; ele não está podendo mais agüentar essa máquina, esse nepotismo, esse empreguismo, esse desgaste extraordinário e irresponsável.

Segundo Gilberto Amaral, Presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, esses dados são preocupantes e mostram que o sistema tributário exauriu a capacidade da sociedade de arcar com a alta de impostos.

Sei que imposto é coisa velha. Senador Leomar Quintanilha, V. Exª se lembra de quando Cristo andou no mundo: o povo já era revoltado contra imposto e dizia: “É justo pagar a César?” E Ele, com sua inteligência, perguntava: “O que está nesta moeda? É a cara de César? Então, dê a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Mas se Cristo andasse hoje nesta Brasília e no Brasil, diria, com toda certeza, que não é mais justo não. O povo está escravizado, está explorado pelo PT, o Partido do Tributo.

A análise dos dados da Receita mostra ainda que o apetite tributário é ainda maior sobre os pequenos contribuintes. Em conseqüência, as pessoas físicas em débito com o Fisco passaram de 1,75 milhão em abril de 2004 para 2,25 milhões em março de 2005. E as pessoas jurídicas em dívida com o Fisco passaram de 1,57 milhão para 1,79 milhão, um crescimento de 14%.

Em resumo, reforça-se a seguinte tese: no aperto do Leão, no abuso de Lula ao aumentar os impostos, as grandes empresas entram na Justiça para atenuar as suas dívidas e os pequenos tornam-se inadimplentes. Senador Papaléo, esse é o retrato do Brasil atual.

Como ainda tenho dois minutos, cito uma inteligência privilegiada que o Brasil admira: Arnaldo Jabor. Ele sintetiza o Brasil de hoje: “Virgens no bordel ou prostitutas puras”. Essa é a transformação, segundo ele. Quis Deus que entrasse um puro, um virgem do PT. Ele diz que estão todos se transformando em prostitutas puras.

Diz Arnaldo Jabor:

“(...) as gafes do Dirceu que eu considerava um bom articulador mas que resultou num bolchevista sem causa, depois picuinhas estudantis sem fim com o Lula dançando xaxado de boné, até que hoje abro os jornais do dia e vejo:

José Genoíno e Stédile abraçados, sorrindo como dois guerrilheiros, com o MST dentro do gabinete do Palocci, rindo de pernas para o ar; leio que os gastos do INSS crescem 50 bilhões; vejo que foram contratados mais 40 mil funcionários (...)” - sem concurso, companheiros que entraram pela porta larga da imoralidade e da indecência.

(...)

“Virgens no bordel” agora se acham “prostitutas puras””.

Os canalhas temem a opinião pública.

Senador Tião Viana, ele termina:

Como escreveu Shakespeare, “somethings wicked this way comes!” Tradução: Vem merda aí!

Esse, Senador Tião Viana, é o Arnaldo Jabor. Como dizia Shakespeare, há algo de podre no reino da Dinamarca. Que diria Shakespeare hoje, ante esse Governo?

Senador Tião Viana, essas são as nossas palavras. Quero crer que ainda há tempo de voltar atrás, nós que tivemos esperança, que acreditamos e votamos no Presidente Lula.

Quis Deus estar presente o Senador Garibaldi Alves Filho, símbolo do PMDB de hoje, homem de vergonha e virtudes, para relembrar ao nosso partido algumas palavras de Ulysses. Quando se lançou candidato contra a ditadura, o anti-candidato disse que, repetidas vezes, quando chega a prudência, desaparece a coragem. Nossos mortos, levantem-se de seus túmulos. Venham, aqui e agora, testemunhar que os sobreviventes da invicta nação peemedebista não são uma raça de poltrões, de vendidos, de alugados, de traidores. Venham todos. Venham os mortos de morte morrida, simbolizados em Juscelino, Teotonio Vilela, Tancredo Neves; venham os mortos de morte matada, encarnados pelo Deputado Rubens Paiva, o político; Wladimir Herzog, o comunicador; Santos Dias, o operário; e Margarida Alves, a camponesa. Não digam que isso é passado. Passado é o que passou. Não passou o que ficou na memória ou no bronze da história.

O PMDB é também o passado que não passou. Não o enterremos, pois estaríamos...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Este presidente é generoso. Agradecemos.

O PMDB é também o passado que não passou. Não o enterremos, pois estaríamos calando vozes que a Nação ouviu e esquecendo companheiros que não se esqueceram de nós.

Encerrando, Senador Tião Viana, lembraria Getúlio Vargas, que faz aniversário hoje. Na minha infância, todo 1º de Maio Getúlio falava: “Trabalhadores do Brasil...”, e anunciava um salário-mínimo digno.

Peço a Deus, ao novo Papa e ao Papa que está no Céu que Lula, no 1º de Maio, não use a tribuna para dizer: “Banqueiros do mundo, tranqüilizai-vos que garanto seus lucros”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/04/2005 - Página 9753