Discurso durante a 42ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao novo Papa Bento XVI.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. SENADO.:
  • Homenagem ao novo Papa Bento XVI.
Publicação
Publicação no DSF de 20/04/2005 - Página 9756
Assunto
Outros > HOMENAGEM. SENADO.
Indexação
  • REGISTRO, ESCOLHA, BENTO XVI, PAPA, COMENTARIO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, SEMELHANÇA, JOÃO PAULO II, LUTA, PAZ, JUSTIÇA SOCIAL, MUNDO.
  • MANIFESTAÇÃO, OPOSIÇÃO, PROPOSTA, AUTORIA, ARTHUR VIRGILIO, SENADOR, CONCESSÃO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, VITALICIEDADE, CARGO PUBLICO, SENADO.
  • SUGESTÃO, CRIAÇÃO, PROJETO DE RESOLUÇÃO, PROPOSIÇÃO, MANUTENÇÃO, CONTRIBUIÇÃO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, GOVERNO.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Tião Viana, em primeiro lugar, registro a escolha feita pelo Colégio de Cardeais do nome do Cardeal Joseph Ratzinger, que escolheu o nome de Bento XVI, para ser o novo Papa.

Fiquei um pouco preocupado, sinceramente, porque tinha a esperança de que pudesse ser escolhido um dos representantes da Igreja dos países em desenvolvimento, fosse ele da Ásia, da África ou da América Latina. Também tinha certa esperança de que, quem sabe, Dom Cláudio Hummes pudesse ser o escolhido.

Por outro lado, como muitos de nós, soubemos que o Cardeal Joseph Ratzinger, agora Papa, teve uma atitude bastante rígida e conservadora quando, por exemplo, dirigiu as ações que impuseram um silêncio obsequioso ao Frei Leonardo Boff, nosso frei franciscano, que, depois de toda aquela situação, acabou deixando a sua ordem religiosa, embora nunca tenha deixado de ser um franciscano e, sobretudo, um admirador e seguidor dos passos de São Francisco de Assis.

Certamente, o Papa Bento XVI deve ter qualidades excepcionais para ter sido escolhido pelo Colégio de Cardeais como sucessor de João Paulo II. E quero desejar a Sua Santidade todas as bênçãos de Deus e que possa seguir os aspectos mais positivos do pontificado de João Paulo II, como sua sensibilidade para os problemas sociais e de desigualdade no mundo, a sua determinação e assertividade, pois foi uma das pessoas que mais batalhou para que não houvesse guerras ou uso de violência neste mundo.

Desejo que o Papa Bento XVI, portanto, seja um seguidor de João Paulo II em seus esforços pela paz, sobretudo como resultado da construção de condições de justiça dentro de cada nação e entre todas as nações, em especial naqueles países que ainda sofrem com conflitos armados, como o Iraque, Israel e a Palestina, no Oriente Médio; e a Colômbia, na América Latina, que ainda tem uma guerra de guerrilhas em parte do seu território.

Precisamos também pensar em situações como as que vivemos no Brasil, caracterizadas por verdadeira guerra civil, em decorrência dos gravíssimos problemas sociais, das intensas desigualdades, do alto nível de desemprego e da falta de condições dignas de vida, grandes disparidades que caracterizam a vida de nosso povo e que estão presentes nas grandes cidades, nos bairros periféricos, mas também em áreas rurais, no interior, haja vista a violência que por vezes ocorre no Pará, em São Paulo, no Rio Grande do Sul, em quaisquer dessas áreas.

Então, desejo ao Chefe da Igreja Católica Apostólica Romana, ao Papa Bento XVI, que possa seguir os melhores passos do Papa João Paulo II.

Sr. Presidente, nesses últimos dias, ouvimos um debate relativamente a uma proposição do Senador Arthur Virgílio, que foi objeto de diálogo com o Senador Aloizio Mercadante, Líder do Governo. Segundo relato da imprensa e das entrevistas de ambos, no vôo que fizeram juntos o Presidente Lula, o ex-Presidente José Sarney, o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, o Presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, e o Presidente do Senado, Renan Calheiros, o assunto relativo à possibilidade de conceder a condição de Senadores vitalícios a ex-Presidentes da República foi ventilado e pareceu haver um entendimento positivo sobre essa proposição, apresentada pelo Senador Arthur Virgílio ainda na legislatura anterior.

Li entrevistas diversas, inclusive do meu companheiro, Senador Tião Viana, e também do Líder do PFL, Senador José Agripino, cuja opinião é semelhante a minha. Respeito a proposta do Senador Arthur Virgílio, que foi abraçada pelo Senador Aloizio Mercadante, mas sinceramente não fui persuadido dessa idéia e, quando apresentada na legislatura passada, lembro-me de aqui ter-me pronunciado contrariamente.

Avalio que, se, em algum momento, o Senado Federal considerar importante ouvir a opinião de algum ex-Presidente da República, poderemos tomar essa iniciativa e, quem sabe, ver a maneira adequada de, tratando-os com o maior respeito, abrir a oportunidade de um diálogo construtivo. E ainda se, porventura, algum ex-Presidente da República transmitir a nós, Senadores, o desejo de apresentar suas proposições, idéias e reflexões, para melhorar os destinos do nosso País, embora essa situação ainda não tenha ocorrido até o momento. Eu, pelo menos, não vivenciei uma situação dessa. A não ser o caso do Senador José Sarney, que se tornou Senador e aqui convive entre nós plenamente com os seus direitos de Senador, e o caso do ex-Presidente Itamar Franco, que aqui esteve para ser sabatinado como indicado para Embaixada do Brasil na Itália, não me lembro - quem sabe o Senador Antonio Carlos Magalhães possa se lembrar - de já termos ouvido algum ex-Presidente aqui no Senado.

Entendo que, para abrirmos essa oportunidade de interação entre Senadores e ex-Presidentes da República, poderíamos pensar em um projeto de resolução do Senado Federal, que regulamentasse a possibilidade de abrirmos o diálogo com ex-Presidentes para tratarmos de assuntos de interesse comum do Senado, dos ex-Presidentes da República e da Nação, sem prejuízo das suas condições de ex-Presidentes.

(Interrupção do som.)

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Portanto, quando ambas as parte - o Senado ou um ex-Presidente - tiverem a vontade de interagir, abriremos esse canal, seja com a presença do ex-Presidente em sessão no Senado Federal ou em alguma comissão. Mas avalio que não seria o caso de criar a figura de Senador vitalício.

Quero ouvir melhor todos os argumentos, mas ainda não estou persuadido dessa idéia, com todo o respeito aos meus companheiros e amigos, Senadores Aloizio Mercadante e Tião Viana, que se expressaram favoravelmente a essa idéia, que considero legítima, do Senador Arthur Virgílio.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/04/2005 - Página 9756