O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero registrar o aniversário de uma empresa que é motivo de orgulho para todo o Brasil. Refiro-me à Embrapa, que comemora hoje 32 anos de criação e que nesse período multiplicou riquezas pelo Brasil afora, independentemente do Governo que a liderava.

A Embrapa, a despeito dos Governos, sempre foi eficiente e sempre orgulhou nosso País. Há 32 anos, o Brasil plantava 24 milhões de hectares e colhia quatro vezes menos do que colhe hoje quando planta em torno de 45 milhões de hectares. Portanto, a área plantada não chegou a dobrar nesses 32 anos, mas, a produção quadruplicou. Isso significa que o que a Embrapa acrescentou em tecnologia resultou na safra que estamos colhendo este ano: em torno de 130 milhões de toneladas, o que significa - repito - quatro vezes tudo que colhíamos quando a Embrapa foi criada.

E se falarmos em carne, Sr. Presidente, aí veremos que houve um avanço. Três milhões de toneladas era o volume exportado há 32 anos. Mas hoje exportamos quase 18 milhões de toneladas, incluindo-se aí a carne de frango, suínos e bovinos. Isso significa multiplicar por seis o volume de carnes exportadas, ou seja, multiplicar muitas vezes o volume de divisas que isso proporciona ao desenvolvimento do Brasil.

Se tomarmos apenas o setor de carne de frango, verificaremos que de um total de 217 mil toneladas, passamos para 12 milhões de toneladas. Tudo isso graças aos avanços tecnológicos proporcionados pela Embrapa.

Se eu tivesse que registrar a maior conquista da Embrapa, eu diria, sem nenhuma dúvida, que foi o avanço da agricultura no cerrado, o que significou a incorporação de novas áreas e um potencial que se abre para a incorporação, sem destruir o meio ambiente, de quase 100 milhões de hectares de novas áreas de cerrado que poderão ser incorporadas ao processo produtivo, colocando o Brasil como o único País com esse enorme potencial para crescer, num momento em que todo o mundo tem a expectativa de que dentro de alguns anos haverá problemas de abastecimento em todos os países.

O Sr. Marco Maciel (PFL - PE) - V. Exª me concede um aparte, nobre Senador Osmar Dias?

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR) - Senador Marco Maciel, concedo o aparte a V. Exª, mesmo porque é uma das lideranças políticas deste País que mais prestigiam, que mais valorizam a Embrapa. Em todos os aniversários dela, a sua presença é muito comemorada lá.

O Sr. Marco Maciel (PFL - PE. Com revisão do orador.) - Muito obrigado, Senador Osmar Dias. Desejo, nesta breve intervenção, associar-me à manifestação de louvor de V. Exª à Embrapa pela passagem do seu 32º aniversário. Vi a Embrapa nascer. Naquela ocasião, era Deputado Federal. Podemos constatar, ao longo da sua história, que a Embrapa contribuiu, de maneira decisiva, para, como lembrou com propriedade V. Exª, fazer com que o Brasil se transformasse não somente em grande produtor de grãos e de carnes, mas também passasse a ser ativo membro da sociedade internacional na área do agronegócio. Obviamente, isso se deve à Embrapa, que formou quadros, pesquisadores, cientistas e tecnólogos em diferentes áreas, permitindo ao Brasil explorar da melhor forma a sua vocação nas diferentes regiões do País. Refiro-me ao aproveitamento do cerrado, onde o papel da Embrapa foi marcante, sem deixar de lembrar o muito que fez no semi-árido ou nas Regiões Norte, Sul e Sudeste do País. Por isso, V. Exª procede muito bem ao registrar, nesta tarde, a passagem do aniversário da Embrapa e ressaltar o papel que essa empresa vem desempenhando em sua existência. Parabéns, Senador Osmar Dias.

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR) - Obrigado, Senador Marco Maciel, pelo seu aparte.

Sr. Presidente, antes de concluir, gostaria apenas de registrar que a Embrapa, detentora do maior banco de germoplasma do mundo, enfrenta um problema burocrático neste momento. Não há tempo para falar deste assunto hoje, mas, ainda nesta semana, vou manifestar-me a esse respeito. É importante registrar que a Embrapa foi a responsável pela perpetuação de espécies de milho, vegetal cultivado em todas as fronteiras agrícolas do mundo. A Embrapa, que perpetuou espécies cultivadas pelos índios kraós, agora, por um problema burocrático, está impossibilitada de prosseguir com os seus trabalhos de pesquisa, o que pode jogar fora todo o empenho que a Embrapa fez e todo esse patrimônio genético que a Embrapa guarda no seu banco de gemoplasma.

Sr. Presidente, a Embrapa precisa ter, por parte do Governo, uma melhor atenção, principalmente no que diz respeito aos seus pesquisadores, que são treinados com investimentos públicos. Esses pesquisadores são atraídos, muitas vezes, por salários que significam o dobro, três vezes mais do que recebem, mas permanecem na Embrapa por uma vocação de cientista, e essa vocação não é reconhecida pelo Governo na forma de remuneração justa. Precisa, no entanto, ser vista com bons olhos pelo Governo atual, porque não o foi também do Governo passado.

Sobretudo quanto aos recursos orçamentários, a Embrapa não tem sido respeitada. Fica impossível desempenhar um papel tão importante quanto o que a Embrapa desempenha sem um orçamento condizente com a sua importância e com o respeito que ela conquistou no mundo inteiro. É, sem dúvida, Sr. Presidente, a maior empresa de pesquisa agropecuária do mundo. Somente os Governos é que não têm reconhecido isso ao longo do tempo.