A SRª ANA JÚLIA CAREPA (Bloco/PT - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de trazer ao conhecimento desta Casa que chegou ao meu gabinete a informação de que a Viação Aérea Rio-Grandense S.A. - Varig, estaria considerando a possibilidade de encerrar as suas operações na cidade de Santarém, oeste do Pará. Como senadora daquele estado, sinto-me na obrigação de alertar para as implicações desta decisão que, se efetivada, provocará enormes conseqüências negativas não só para os moradores daquela cidade, mas para toda a região oeste do Pará.

Santarém é a terceira maior cidade do Estado e o maior pólo econômico do oeste paraense. Essa região, localizada no coração da floresta amazônica, representa 58% da área total do Pará, o que significa um território maior do que a França ou da Espanha. Vale mencionar que essa área convive há longa data com propostas de emancipação, para constituir o pretenso estado de Tapajós. Embora não seja o objetivo entrar no mérito dessa questão, trata-se de uma região que tem sido negligenciada pelos sucessivos governos na destinação de recursos e políticas de desenvolvimento adequadas.

A despeito disso, o seu potencial turístico, especialmente de Santarém, conhecida como “Pérola do Tapajós”, é uma riqueza que pode e deve ser explorada. Afinal, a cidade de Santarém ocupa uma posição privilegiada: exatamente na junção de dois lindos e grandes rios, o Amazonas e o Tapajós. Em frente da cidade, é possível testemunhar um dos maiores espetáculos da natureza: o encontro das águas verde-esmeraldas do Tapajós com as águas ocre-argila do Amazonas, as quais correm juntas por muitos quilômetros sem se misturarem.

Por causa das águas claras do Tapajós, o município tem uma grande extensão de praias exóticas e primitivas que mais parecem mar, com areias brancas e finíssimas, algumas de fácil acesso, outras completamente isoladas. Uma das mais conhecidas é Alter-do-Chão, conhecida como “Caribe Amazônico”. Além de suas belezas naturais, Santarém também atrai turistas pela beleza de seus prédios históricos e monumentos, muitos deles herança da colonização portuguesa na região.

Por tudo isso é que Santarém, distante 850 quilômetros de Belém, é uma das mais fortes potências turísticas do Estado do Pará. A própria Varig contribuiu para o aproveitamento desse potencial - podemos citar aqui a construção do Tropical Hotel, até agora um dos maiores hotéis da região amazônica, com 250 empregos diretos. Hoje, com apenas um vôo e outro compartilhado, a empresa transporta 1.800 a 2.500 passageiros por mês de um total de 6.000 passageiros e 45 toneladas de cargas.

Sem poder contar com o transporte aéreo, aumenta-se a distância entre essa região e o restante do país, tão marcante é a escassez de estradas transitáveis. Afinal, a falta de estradas asfaltadas na região faz com que o transporte por terra seja uma alternativa praticamente inexistente. A outra opção, o barco, não obstante a beleza da travessia, é uma viagem demorada, podendo-se levar até três dias rumo a Belém.

Por isso é que venho à tribuna para falar desse assunto. Afinal, a continuidade das operações da Varig em Santarém é fundamental para o turismo da região. Sendo o turismo uma indústria limpa, capaz de gerar inúmeros empregos e com enorme potencial de geração de renda, particularmente em uma região tão carente de infra-estrutura, mas ao mesmo tempo tão rica de recursos naturais, estimulá-lo é importante não só para Santarém, mas para o estado do Pará. Vou mais além, para o Brasil.

Muito obrigada.