Discurso durante a 42ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a decisão da sexta Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, a respeito dos envolvidos no caso Marka Cindam, que motivou a "CPI dos Bancos".

Autor
João Alberto Souza (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MA)
Nome completo: João Alberto de Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
BANCOS.:
  • Considerações sobre a decisão da sexta Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, a respeito dos envolvidos no caso Marka Cindam, que motivou a "CPI dos Bancos".
Publicação
Publicação no DSF de 20/04/2005 - Página 9882
Assunto
Outros > BANCOS.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, DECISÃO, VARA CRIMINAL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), CONDENAÇÃO, PRISÃO, EX PRESIDENTE, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), PRESIDENTE, CONSULTOR, BANCO PARTICULAR, ILEGALIDADE, OPERAÇÃO, DESVIO, RECURSOS, SETOR PUBLICO, ALEGAÇÕES, PROTEÇÃO, SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL.
  • ELOGIO, TRABALHO, CENTRO DE TECNOLOGIA INDUSTRIAL (CTI), BANCOS, MELHORIA, SISTEMA BANCARIO NACIONAL.

O SR. JOÃO ALBERTO SOUZA (PMDB - MA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores,

     Senhor Presidente,

     Senhoras e Senhores Senadores,

     “A justiça tarda, mas não falha” afirma adágio popular no Brasil. Foi o que aconteceu, Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores, recentemente na 6ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, mediante decisão da juíza titular Ana Paula Vieira de Carvalho. A juíza, em um extenso relatório, detalhou o ambiente subterrâneo e frenético que marcou a virada cambial ocorrida no mês de janeiro de 1999. Nessa ocasião, o Banco Central, então dirigido pelo economista Francisco Lopes, socorreu os bancos Marka, do ex-banqueiro Salvatore Cacciola, e o FonteCindam, de Luiz Antônio Gonçalves, com a justificativa de evitar “uma crise sistêmica”, ou seja, uma quebradeira geral de instituições, o que poderia levar pânico e caos no sistema financeiro, gerando grandes prejuízos ao Brasil. Numa operação ilícita, esses personagens e outros uniram-se para “desviar dinheiro público”. O montante dos recursos atingiu 1,5 milhão de reais. Francisco Lopes foi condenado a dez anos de prisão em regime fechado por peculato. Cacciola, foragido da justiça desde 2000, foi condenado a treze anos de prisão, também em regime fechado, por peculato e gestão fraudulenta. Luiz Augusto Bragança, ex-consultor de Cacciola e amigo de Francisco Lopes, que intermediou a concessão da ajuda financeira, fazendo a ponte entre Chico Lopes e Cacciola, foi sentenciado com cinco anos de prisão, também por peculato.

     O caso Marka Cindam motivou a criação da CPI dos Bancos, da qual fui Relator.

     Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores, Graças à CPI, ficou patenteado o esquema clandestino utilizado pelo grupo para tirar proveito em benefício próprio, fraudando a Nação: informações privilegiadas fornecidas a Cacciola, pagamento de propinas de 500 mil reais pelas informações, viagens em jatinhos alugados, sociedades mantidas à sombra, bilhetes escritos em linguagem cifrada, relações pessoais antigas e sólidas. Importantes dispositivos legais nasceram dos trabalhos da CPI, o que tornou mais difícil a utilização do sistema bancário para fins lesivos aos cofres públicos.

     A ação da justiça infelizmente não recompõe o prejuízo sofrido pelos cofres públicos, estimados em um bilhão e 57 milhões de reais, no entanto, a condenação dos principais responsáveis encerra significativa exemplaridade para coibir frituras ações ilícitas. O sistema bancário brasileiro não permaneceu o mesmo após a CPI dos Bancos. Os resultados podem ser apresentados como um grande serviço prestado ao Brasil, na árdua luta que tem empreendido para vencer a corrupção. Muito obrigado! 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/04/2005 - Página 9882