O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no mercado internacional de produtos culturais, não é fácil uma empresa de um país em desenvolvimento se destacar, competir de igual para igual com as poderosas empresas dos países hegemônicos, tornar-se conhecida e respeitada em todo o mundo.

Essa proeza, ilustres Srªs e Srs. Senadores, foi indubitavelmente alcançada pela Rede Globo de Televisão, como é fácil constatar no momento em que são comemorados os 40 anos de atividade da emissora.

Hoje, a programação da Rede Globo difunde a cultura brasileira para espectadores de cerca de 130 diferentes países, em todos os continentes. Sendo altamente significativo esse feito, que traz a nós, brasileiros, um justificado orgulho, nem por isso deve ser considerado a maior conquista da Rede Globo. É certo que a mais importante realização da emissora é ter-se espalhado por todos os quadrantes deste País, unindo seu povo em uma mesma identificação cultural, sempre renovada, reforçando nosso pertencimento a uma grande e diversificada Nação.

Foram esses 40 anos de trajetória, Sr. Presidente, marcados por uma firme determinação de identificar os anseios de cultura e de entretenimento da população brasileira, acrescentando-lhes a indispensável dose de criatividade e originalidade, sem as quais sua programação não teria vida própria e não evoluiria. O que se viu, ao contrário, foi o permanente compromisso entre a inovação e a sensibilidade para com as tradições e gostos do povo brasileiro.

O dinamismo empresarial e a largueza de vistas, imprimidos desde o início à direção da Rede Globo pela lucidez de seu fundador, Roberto Marinho, jamais foram abandonados ao longo destas quatro décadas. A competência na condução da empresa, tanto no âmbito cultural como nos aspectos técnicos e administrativo-financeiros, não deve ser menosprezada como um detalhe irrelevante. Ao contrário, constituem a competência e o profissionalismo fator decisivo, no conjunto das atividades econômicas, para arrancar o Brasil dos espaços tolhidos do subdesenvolvimento, lançando-o em um plano de projeção internacional a que ele pode e deve almejar.

O resultado dessa incessante busca pelo aperfeiçoamento é o “padrão globo de qualidade”, facilmente reconhecido aqui como no estrangeiro. Ele perpassa e deixa sua marca em toda a programação da emissora, dos telejornais aos programas humorísticos, das novelas à cobertura de esportes.

No que se refere aos aspectos técnicos, a Globo demonstrou, em seguidas ocasiões, sua vocação vanguardista: inovando, desde o início, no uso do videoteipe que concedeu grande liberdade em relação ao espaço fixo do estúdio; continuando com marcantes transmissões ao vivo, como a da Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra; com a operação em rede no Brasil, em 1969, pela qual o Jornal Nacional fez jus ao seu nome; a transmissão em cores, em 1972; o estabelecimento de uma programação nacional, três anos depois, façanha esta tanto técnica quanto mercadológica, com forte impacto sociocultural no País.

Hoje, são 113 as emissoras, entre geradoras e afiliadas, que levam essa programação, de elevado nível técnico e cultural, a todo o povo espalhado por nosso Brasil.

Uma das particularidades da Rede Globo, Sr. Presidente, é o alto percentual de programas por ela transmitidos que são realizados no País e, em especial, pela própria emissora. Seus oito mil funcionários, entre os quais quatro mil diretamente envolvidos na criação dos programas, levaram a Rede Globo à posição de maior produtora de programas próprios de televisão do mundo.

Srªs e Srs. Senadores, como mensurar o papel que o “Jornal Nacional”, em seus mais de 35 anos de existência, tem cumprido ao levar informações do Brasil e do mundo para incontáveis lares, espalhados, hoje, por 99,84% dos 5 mil e 43 municípios brasileiros?

Como não considerar a importância dos chamados “telejornais praças” - tal qual, aqui no Distrito Federal, o DF TV -, levantando a cada dia problemas que afligem as populações locais, muitos dos quais passam, só então, a receber a atenção devida?

Como avaliar a relevância social, econômica e cultural de que se revestem programas como o “Globo Repórter”, o “Globo Rural” e o “Globo Comunidade”?

Como estimar o significado das novelas globais no sentido de criar uma teledramaturgia essencialmente brasileira, mas que apela para espectadores de todos os continentes?

É difícil responder, em toda a sua amplitude, a tais questões, na medida em que sabemos o quanto o dia-a-dia da população brasileira permanece ligado, por um vínculo todo especial, com a programação da Globo. Embora outras emissoras venham, ultimamente, crescendo e conquistando espaço junto ao público - o que é ótimo e bastante saudável no que se refere ao quadro nacional das telecomunicações -, devemos reconhecer, ainda assim, o carinho e a identificação singulares com que o povo brasileiro se liga à Rede Globo.

Não posso, Sr. Presidente, furtar-me a mencionar, mesmo que superficialmente, o sério compromisso social assumido pela emissora.

Um exemplo sobejamente conhecido por toda a população é a campanha “Criança Esperança”, realizada há mais de 15 anos, com o objetivo de conscientizar e mobilizar a população e as autoridades para a situação insatisfatória em que vive grande parte da população mais jovem do País. Os mais de cem milhões de reais arrecadados ao longo do período de existência da campanha foram empregados em ações concretas e relevantes, tais como ações básicas de saúde, programas de atendimento a meninos e meninas de rua e projetos na área da educação básica.

Citemos, ainda, o projeto Ação Global, em parceria com o Sesi, voltado para assegurar relevantes aspectos da cidadania às populações carentes, assim como as diversas campanhas publicitárias do Globo Serviço, entre as quais podemos lembrar a primeira campanha pública contra a difusão da Aids.

Por tantas razões, Sr. Presidente, é que não podemos negar a imensa participação da Rede Globo de Televisão nos mais variados aspectos da vida nacional, imprimindo em todos eles o selo de competência e seriedade que tornou essa emissora a maior do País, e uma das de maior destaque em todo o mundo.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado!