Discurso durante a 55ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo Dia do Taquígrafo. Homenagem ao novo Líder da Minoria, Senador José Jorge, e elogios também ao trabalho do ex-Líder Sérgio Guerra. Participação de S.Exa. em reunião, ontem, com o setor têxtil que se mostrou preocupado com entrada de produtos chineses no país.

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ATUAÇÃO PARLAMENTAR. COMERCIO EXTERIOR. :
  • Homenagem pelo Dia do Taquígrafo. Homenagem ao novo Líder da Minoria, Senador José Jorge, e elogios também ao trabalho do ex-Líder Sérgio Guerra. Participação de S.Exa. em reunião, ontem, com o setor têxtil que se mostrou preocupado com entrada de produtos chineses no país.
Aparteantes
João Batista Motta.
Publicação
Publicação no DSF de 05/05/2005 - Página 13341
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ATUAÇÃO PARLAMENTAR. COMERCIO EXTERIOR.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, TAQUIGRAFO.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, SERGIO GUERRA, SENADOR, LIDERANÇA, BANCADA, MINORIA, SENADO.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, REUNIÃO, INDUSTRIA TEXTIL, COMENTARIO, APREENSÃO, SETOR, AUMENTO, IMPORTAÇÃO, PRODUTO TEXTIL, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, PREJUIZO, INDUSTRIA NACIONAL.
  • REGISTRO, REUNIÃO, MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUSTRIA E DO COMERCIO EXTERIOR (MDIC), CONSELHEIRO, EMBAIXADA, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, NEGOCIAÇÃO, PROCEDIMENTO, SOLUÇÃO, PROBLEMA.
  • APREENSÃO, AUMENTO, IMPORTAÇÃO, CEBOLA, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Finalmente, Sr. Presidente. Pensei que S. Exª fosse entoar “Eu voltei, voltei para ficar...”

Senador Romeu Tuma, que nos preside, Srªs e Srs. Senadores aqui presentes, tivemos ontem uma sessão muito concorrida de homenagem aos 40 anos da Rede Globo. Mas tenho certeza absoluta de que, em nenhum momento, foi mencionado que ontem se comemorava o Dia do Taquígrafo, esse importante segmento que registra tudo o que falamos neste plenário, que faz a coleta de todos os nossos depoimentos e consigna nos Anais desta Casa tudo o que é debatido e deliberado.

Assim, eu não poderia deixar, ao iniciar o meu pronunciamento, de homenagear esse segmento que compõe o corpo funcional do Senado e parabenizar todos pela passagem do seu dia.

É pena que o Senador Sérgio Guerra não esteja aqui. Eu gostaria de homenageá-lo pelo período em que esteve à frente do Bloco da Minoria. Desejo que o Senador José Jorge, que o está substituindo, tenha as condições de manter aquele comportamento extremamente tranqüilo, aglutinador, cooperativo do Senador Sérgio Guerra. Realmente, foi uma convivência muito positiva, de contribuição muito significativa. Então, espero que o Senador José Jorge possa dar continuidade à boa liderança, tão calma e tranqüila, exercida pelo Senador Sérgio Guerra.

Menciono ainda uma reunião extremamente importante que tive oportunidade de acompanhar ontem sobre um importante setor produtivo do nosso País: o setor têxtil.

Esse setor está extremamente preocupado com o crescimento significativo, no último período, da entrada de produtos chineses. Em Santa Catarina, temos um dos setores produtivos de relevância, não somente pela importância econômica, mas pelo volume de mão-de-obra contratada, de emprego gerado.

Temos uma preocupação muito grande com o setor têxtil, mais ainda do que com qualquer outro setor, porque exatamente ali há um grande número de mulheres empregadas. Portanto, além da solidariedade, digamos, e da importância econômica, também para nós, mulheres, é um setor pelo qual temos sempre uma atenção especial.

O setor têxtil de Santa Catarina nos trouxe a sua preocupação, que levamos ao Ministro Luiz Fernando Furlan, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que imediatamente nos ouviu. No início de abril, realizamos uma importante reunião com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e os quatro principais sindicatos da indústria têxtil de Santa Catarina. Nessa reunião, o Ministro Furlan sinalizou que, com relação à entrada dos produtos chineses, deveríamos trabalhar numa lógica de fazer negociação pontual. Estrategicamente, a China é um parceiro importante neste momento, por todas as articulações que estão sendo feitas, com vista a tratativas do interesse dos países emergentes, da composição do G-20 e do G-5. Ou seja, toda essa articulação para tentar contrapor-se ao domínio excessivo e quase que absoluto existente nas relações de comércio internacional dos grandes grupos econômicos e principalmente dos pólos - Estados Unidos e União Européia.

Então, o próprio Ministro Furlan deixou muito claro que deveríamos trabalhar tentando evitar a regulamentação das salvaguardas; que deveríamos trabalhar nas negociações pontuais caso a caso, pois havia da parte do Governo chinês essa sinalização, apresentada inclusive quando a principal autoridade chinesa esteve em visita ao Brasil há poucos meses.

Portanto, na tarde de ontem, houve a reunião oficial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio com o Ministro-Conselheiro de Assuntos Econômicos da Embaixada da China, o Sr. Jin Xiangchen. Ficaram acertados os procedimentos para que efetivamente tanto o Governo brasileiro quanto o Governo chinês possam tratar cada caso. O primeiro caso a ser apresentado, em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, às autoridades chinesas é exatamente a questão têxtil e confecções.

A reunião de ontem, pois, foi extremamente positiva, sob o comando pelo Secretário de Comércio Exterior, Dr. Ivan Ramalho. Também participou de forma muito ativa o Dr. Mário Mugnaini, Presidente da Camex. Até a metade de maio, vamos ter a reunião tripartite entre a Embaixada Chinesa, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e o setor produtivo têxtil brasileiro. Eu não poderia deixar de fazer este registro aqui, primeiro com muita honra, porque a reivindicação catarinense acabou se transformando em uma pauta nacional importante...

(Interrupção do som.)

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) -... com um encaminhamento concreto a partir da reunião de ontem.

Não bastasse isso, eu ando um pouco exibida, porque, além da questão dos têxteis, que conseguimos pautar em Santa Catarina - conseguimos pautar as relações Brasil-China para a negociação agora no mês de maio -, e depois dessa turbulência Brasil-Argentina, com o Presidente Néstor Kirchner ameaçando engrossar o caldo, fui informada ontem de que o Brasil vai levar o tempero do caldo para a bilateral dos dias 16 e 17, ou seja, na reunião bilateral Brasil-Argentina, o primeiro ponto de pauta é a questão da cebola, a entrada desenfreada do produto argentino, trazendo muito prejuízo, muita dificuldade; Santa Catarina, mais uma vez, trouxe o assunto para o Ministério da Agricultura e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Primeiro a cebola, depois o alho e o terceiro, para acompanhamento do caldo, o vinho do Rio Grande do Sul.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Peço um minutinho, Senador Romeu Tuma, para eu ouvir o Senador João Batista.

O Sr. João Batista Motta (PMDB - ES) - Quero me solidarizar com a Senadora Ideli Salvatti, de Santa Catarina, e agradecer-lhe pela musiquinha cantada, em que mostrou grande potencialidade. Aquela música é obra de mais um capixaba, Roberto Carlos.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Do Espírito Santo. O Espírito Santo está com tudo aqui hoje.

O Sr. João Batista Motta (PMDB - ES) - A respeito da abordagem de V. Exª sobre Santa Catarina, sobre a China, o que o Governo brasileiro tem que fazer, nobre Senadora, é olhar com mais carinho para os produtores nacionais. Não é só a cebola e a indústria têxtil não...

(Interrupção do som.)

O Sr. João Batista Motta (PMDB - ES) - ... também o arroz do Paraguai está provocando o mesmo efeito. O Governo brasileiro tem que ter preço mínimo para os produtos brasileiros. Não tem cabimento que a indústria nunca tenha diminuído um centavo no preço do automóvel, ou do desodorante, ou da geladeira. Só há a lei da oferta e da procura quando é o brasileiro que produz, quando é o pobre do agricultor. O Governo Federal deveria ter preço mínimo para o arroz, para a cebola, para os nossos produtos. Deveria assumir essa responsabilidade e colocar esses produtos em outros locais, ou, se for o caso, até distribuí-los no Fome Zero,...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O Sr. João Batista Motta (PMDB - ES) - ... mas nunca deixar esquecidos os produtores brasileiros como estão hoje. Muito obrigado, Senadora.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Eu agradeço, Senador. Quero apenas concluir o pronunciamento, dizendo que estamos em momento extremamente benéfico e propício,...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - ... com os recordes sucessivos das exportações. E livre comércio pressupõe o resguardo dos interesses do nosso País, mas sempre tendo o entendimento de que não há livre comércio sem perdas. É um jogo. Precisamos sempre jogar na lógica de que o resultado seja o mais favorável ao nosso povo.

Dessa forma, o Governo Lula tem demonstrado à exaustão que temos tido saldos positivos, de acordo com o interesse nacional. Agora, quando aparece a situação, também há a posição firme, como assisti ontem, no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, com relação aos representantes da Embaixada da China, em que se colocou de forma clara: “Está tudo bem, mas temos um problema aqui que deve ser resolvido, porque poderá trazer problemas futuros, já que temos uma decisão de parceria estratégica”.

Era o que gostaria de dizer, Sr. Presidente, agradecendo a V. Exª pela tolerância de alguns minutos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/05/2005 - Página 13341