Discurso durante a 55ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários ao movimento escotista por ocasião do transcurso, em 23 de abril do corrente, do Dia Mundial do Escoteiro.

Autor
Valmir Amaral (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comentários ao movimento escotista por ocasião do transcurso, em 23 de abril do corrente, do Dia Mundial do Escoteiro.
Publicação
Publicação no DSF de 05/05/2005 - Página 13343
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, ESCOTISMO, COMENTARIO, HISTORIA, FILOSOFIA, METODO, COMPLEMENTAÇÃO, EDUCAÇÃO, JUVENTUDE, ATUAÇÃO, BRASIL, MUNDO, VALORIZAÇÃO, PAZ, SOLIDARIEDADE.

O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em homenagem ao Dia Mundial do Escoteiro, comemorado em 23 de abril passado, gostaria de tecer alguns comentários sobre o movimento escotista no Brasil e no mundo.

O escotismo foi fundado por Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, um brilhante oficial militar do exército inglês. Devido a sua profissão, teve vida aventureira, servindo em países como o Afeganistão, a África do Sul, os Estados Unidos e o Canadá, reunindo experiências e conhecimentos que iriam, no futuro, ajudar a compor uma filosofia de vida e um método de educação complementar para jovens.

Consta que durante a Guerra do Transvaal, também conhecida como Guerra dos Bôeres, ocorrida entre 1899 e 1902, desempenhou importante papel, ao treinar e defender a guarnição de Mafeking, importante entroncamento ferroviário, de grande valor estratégico. A cidade havia sido cercada e atacada, durante meses, por tropas inimigas numericamente muito superiores, mas Baden-Powell valeu-se de habilidade, inteligência e coragem para resistir. Organizando suas linhas, investindo em logística e no preparo de forças auxiliares, compostas por jovens, pôde resistir até a chegada de reforços.

Srªs e Srs. Senadores, o episódio foi decisivo por dois motivos. Primeiro, tornou Baden-Powell um herói nacional e um ídolo para as novas gerações inglesas. Segundo, demonstrou a potencialidade daqueles jovens, pois foram freqüentes os exemplos de lealdade, dedicação e responsabilidade no cumprimento das tarefas. Estava assim, portanto, definida a pedra de toque para que se desenvolvesse o conjunto de idéias que iria resultar na formação do primeiro grupo de escoteiros, em 1907, na Inglaterra. Em seguida, o escotismo ganhou o mundo. A “Organização Mundial do Movimento Escoteiro” estima em mais de 20 milhões o número de adeptos, distribuídos por 185 países.

O escotismo chegou cedo a nosso País. Em 1909, um grupo de suboficiais da Marinha de Guerra do Brasil encontrava-se na Inglaterra, acompanhando a construção de novos navios para a esquadra brasileira. De volta ao Brasil, os marinheiros fundaram, em 1910, o Centro de Boy Scouts, aproveitando a designação original do criador do escotismo. A partir de 1914, ainda de maneira desordenada, surgiram vários grupos em outras cidades, tais como São Paulo, Florianópolis, Porto Alegre e Juiz de Fora. Com a criação da União dos Escoteiros do Brasil (UEB), em 1924, os diversos grupos dispersos pelo País foram unificados e organizados paulatinamente, ao longo de quase três décadas.

O escotismo foi reconhecido, por meio do Decreto nº 3.297, de 1917, como de Utilidade Pública Federal. Já o Decreto-lei nº 8.828, de 1946, dispõe sobre o reconhecimento da UEB como instituição destinada à educação extra-escolar. Hoje, os mais de 1.200 grupos de escoteiros coordenados pela UEB estão presentes em todas as unidades da Federação.

Caberia ainda, Sr. Presidente, perguntar sobre as razões do sucesso mundial do escotismo, afinal, trata-se de um movimento espalhado por todo o globo, e que está em vias de completar um século. Creio fortemente que as respostas se fundamentam nos valores morais e no companheirismo difundidos pelo movimento escoteiro. Mas, independentemente da importância desses valores, quer nos parecer que há mais para justificar o retumbante sucesso. Fundado por um militar, a partir de uma situação de guerra, o escotismo é, contudo, uma reunião de energia disciplinada, dirigida para a paz e o convívio fraterno da juventude.

            De outro lado, certos princípios pedagógicos, surpreendentemente modernos, estão subjacentes aos métodos de educação dos escoteiros. Por exemplo, destaca-se a relevância de aprender fazendo. Com isso, valoriza-se o aprendizado pela prática, favorecendo as habilidades de observação, dedução e indução, com o objetivo de chegar à autonomia do indivíduo, mediante o estímulo à sua autoconfiança.

            As atividades, caracteristicamente progressivas e variadas, são praticadas ao ar livre. Nelas, predominam as noções que procuram equilibrar a saúde física e mental, obedecendo à antiga diretriz latina da mente sã em um corpo são. A vida comunitária, o aspecto lúdico das obrigações e a aventura da exploração, por seu turno, explicam o elevado índice de comparecimento voluntário às atividades escoteiras.

Quero fechar minha reflexão, Senhor Presidente, voltando ao campo dos princípios morais. Em um mundo que confere cada vez mais valor à individualidade, o escotismo resgata a lealdade: “o escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais escoteiros”; “o escoteiro está sempre alerta para ajudar ao próximo”. Senhoras e Senhores Senadores, neste mundo em que a lei só é respeitada porque coercitiva, o escoteiro é aquele que, voluntariamente, por meio de um juramento, compromete-se a cumpri-la. Em um mundo, por fim, nobres Colegas, em que a honra parece ser um conceito vazio, a primeira lei escoteira assim determina: “o escoteiro tem uma só palavra, e sua honra vale mais que a sua própria vida”.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente!

Agradeço a todos pela atenção!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/05/2005 - Página 13343