Discurso durante a 58ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, que completa 32 anos de atividades.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, que completa 32 anos de atividades.
Publicação
Publicação no DSF de 10/05/2005 - Página 13881
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), LEITURA, DISCURSO, PRESIDENTE, ENTIDADE.

O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna hoje, com o objetivo de homenagear a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, que acaba de completar 32 anos, fazendo aqui, para conhecimento do Brasil inteiro, a leitura do discurso que foi efetuado pelo seu Presidente, Pesquisador, Dr. Sílvio Crestana, onde estavam presentes o Presidente da República, o Ministro da Agricultura e Abastecimento e demais autoridades.

Permitam-me não fazer aqui, uma prestação de contas, em defesa do que a Embrapa realizou nesse ano. Socorrem-me nesse propósito dois bons motivos. O primeiro é que todo esse evento é uma prestação de contas, é

a renovação do nosso compromisso com a sociedade brasileira.

O segundo é simples e definitivo: não há melhores e maiores defensores da Embrapa que o presidente Lula e o ministro Roberto Rodrigues. Com eles, se alinham os representantes do Legislativo, da sociedade civil, da comunidade internacional e dos ministérios da área científica, social e econômica. Eu lhes agradeço pela honra de suas presenças.

Nossa Embrapa e o nosso colega Rodolfo Rumpf foram agraciados hoje com a Ordem Nacional do Mérito Científico por seu trabalho, o que nos emociona e envaidece. O que a Embrapa produz é fruto de sua parceria com agricultores, suas cooperativas, jornalistas, cientistas, a indústria, e o governo em todos os níveis. É uma grande ação cooperativa, como sempre nos ensinou o ministro Roberto Rodrigues, essa "Cooperativa do Bem", que é o agronegócio, cuja sinergia permite que a Embrapa possa se superar, e seguir adiante.

Nessa data, homenageamos alguns desses parceiros. A eles hipoteco o meu respeito e admiração. Acima de todas as razões, eles estão sendo premiados porque reverenciaram a grandeza do seu ofício e perceberam o sagrado de suas missões. Eles se iluminaram, transcenderam e tornaram a aventura humana mais digna, mais nobre, maior.

Isaac Newton explicava sua enorme contribuição à ciência dizendo se apoiava em “ombros de gigantes”. Penso que a Embrapa pode alegar o mesmo. Estão conosco aqui hoje Luiz Fernando Cirne Lima, Alysson Paulinelli, José Irineu Cabral, Eliseu Roberto de Andrade Alves, Luiz Carlos Guedes, quem sabe Roberto Meirelles e Almiro Blumenschein e, certamente, a lembrança de Edmundo da Fontoura Gastal. Ou seja, os ministros da agricultura e dirigentes dos primeiros dias da Embrapa.

São alguns dos nossos gigantes. Eles também transcenderam, tiveram a visão desse Brasil e dessa agricultura tropical de que nos orgulhamos, e criaram a Embrapa para realizar essa visão. E sempre houve gigantes no DNPEA, no IAC, no IPA, no Emílio Goeldi, nas universidades, enfim em todos os centros de pesquisa agrícola que ajudaram a Embrapa.

O Dr. Irineu Cabral lança nessa noite o livro "Sol da Manhã", mais um ato de resgate da memória da Embrapa. Essa memória há de dizer que a Embrapa foi moldada por esses gigantes para ajudar a criar a moderna agricultura tropical, com o propósito - como ainda nos alerta o Presidente Lula - de nutrir e elevar a nossa dignidade e auto-estima, de fazer a redenção da família brasileira, sobretudo a do interior, então transformada em ave de arribação, então vivendo a sina da Asa Branca.

A agricultura tropical está cumprindo esses propósitos. O país está abastecido, sem crises. A gente do interior está crescendo, com renda, empregos, educação, saúde, mais infância, sem precisar sair da sua terra.

Os alimentos estão mais baratos, o salário vale mais na feira, estamos mais competitivos e a cada dia exportamos mais. Estamos mais independentes e soberanos e melhorando a distribuição de renda. Cuidamos melhor do meio ambiente. A natureza, agradecida, nos dá safras crescentes.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tudo isso aconteceu a partir de três idéias encadeadas: criar competência própria, ou seja, capital humano de qualidade, estimulado e equipado para trafegar na fronteira do conhecimento; para conhecer bem os recursos naturais e agregar mais conhecimento; para então poder crescer via produtividade.

Essa, é a maneira da Embrapa criar soluções e resolver conflitos. Que não é só nossa, mas de todas as universidades, dos institutos do Ministério da Ciência e Tecnologia e, cada vez mais, a maneira das empresas criarem progresso e riquezas.

Essa, Sr. Ministro, é a única defesa que faço nessa data. É a defesa da ciência & tecnologia, essa ferramenta política essencial para gerência dos conflitos do crescimento, que antevê problemas e antecipa investimentos, pavimentando o caminho da paz e prosperidade. Precisamos dela.

Sim, porque a moderna agricultura tropical ainda não realizou todo o bem a que está destinada. Ainda há fome, pois falta renda para cerca de um milhão de brasileiros à margem da produção. Há ainda muitos municípios que não conheceram o progresso da moderna agricultura.

E ela precisa ser ainda mais eficiente, pois a reação de competitividade da agricultura temperada certamente virá, em busca de recuperar mercados. Precisamos melhorar a tecnologia de defesa ambiental, para que seja investimento que dá lucro e faça de cada empreendedor um defensor da natureza.

O próprio crescimento da agricultura apresenta desafios. Já se desenha um novo corredor de progresso, que passa pelo Mato Grosso, Tocantins, Maranhão e Piauí, espaço que se oferece à eclosão dos empreendimentos de agroenergia, porque rico em terras e infra-estrutura para exportação. É empreitada que demandará novo esforço tecnológico.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, mas o maior desafio é o de participar do resgate da nossa dívida com os países africanos, para o qual o Presidente Lula nos convocou, de sorte a ajudar no desenvolvimento de sua agricultura. A liderança do processo de expansão da moderna agricultura tropical, com profundo impacto sobre a fome mundial, é missão à qual o Brasil não pode se recusar.

            Mas a África é um resgate histórico e emotivo que precisamos fazer. O desenvolvimento inicial das Américas se fez à custa de um investimento compulsório imposto às nações africanas pela escravatura, que lhes sequestrou o seu melhor capital humano. Parece-me simplesmente justo e humanitário que lhes devolvamos em conhecimento e tecnologia o que um dia recebemos em sangue, suor, cultura e alma.

Assim, gerir a Embrapa encerra dois grandes desafios. De um lado, precisamos manter sólida e competente essa Embrapa já histórica que cuida da agricultura tropical no Brasil. De outro, precisamos criar uma nova Embrapa, mais ágil e flexível para trafegar com eficiência, e em associação com as empresas brasileiras, nesse espaço de inovação e de negócios no mundo tropical.

Precisaremos - quem sabe? - criar laboratórios , os nossos Labex, na África e na Ásia. Precisaremos certamente investir mais na manutenção e renovação desse capital humano de qualidade, que move a Embrapa. Estamos certos de que a Lei de Inovação, promulgada pelo Presidente Lula, vai nos ajudar a buscar esses objetivos.

Vamos dar mais um passo firme e decidido na direção de nosso destino histórico. Liderados pelo nosso Presidente e pelo nosso Ministro, vamos construir juntos essa nova Embrapa,. Por isso, mais do que nunca, ministro Roberto Rodrigues, Senadores, Deputados, a Embrapa confia no seu apoio para continuar construindo sonhos e alimentando as esperanças de todos os brasileiros.

Muito obrigado!.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/05/2005 - Página 13881