Discurso durante a 60ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apelo ao governo federal para que destine recursos orçamentários para o funcionamento do Instituto Nacional do Semi-Árido (Insa), sediado em Campina Grande - PB. (como Líder)

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Apelo ao governo federal para que destine recursos orçamentários para o funcionamento do Instituto Nacional do Semi-Árido (Insa), sediado em Campina Grande - PB. (como Líder)
Aparteantes
Almeida Lima.
Publicação
Publicação no DSF de 13/05/2005 - Página 14497
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • REGISTRO, LUTA, SUBSISTENCIA, POPULAÇÃO, REGIÃO NORDESTE, DIFICULDADE, CLIMA, ORDEM ECONOMICA E SOCIAL, INSUFICIENCIA, AUXILIO, GOVERNO.
  • IMPORTANCIA, DESENVOLVIMENTO, PESQUISA, SOLUÇÃO, TECNOLOGIA, COMBATE, SECA, SAUDAÇÃO, CRIAÇÃO, INSTITUTO NACIONAL, REGIÃO SEMI ARIDA, PROTESTO, FALTA, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, EXPECTATIVA, INICIO, ATUAÇÃO, CONCLAMAÇÃO, BANCADA, SENADOR, CLASSE POLITICA, REGIÃO NORDESTE, MOBILIZAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não são desconhecidas as dificuldades enfrentadas pelos nordestinos em sua luta para se desenvolver, para despertar o potencial econômico da região, para fazê-la prosperar. Dificuldades enormes, muitas vezes, para assegurar a simples sobrevivência sua e a dos seus.

Mas os nordestinos são fortes, são rijos e teimosos, e resistem. Não lhes resta alternativa senão aprender a resistir, diante da inclemência da natureza, diante de estruturas sociais e econômicas opressivas, diante da insuficiente ajuda das autoridades municipais, estaduais e federais.

Srªs e Srs. Senadores, novas esperanças têm surgido, contextualizadas num projeto de desenvolvimento orgânico, para a sofrida população do Nordeste, não apenas por termos no comando do Governo um Presidente nordestino, mas porque o povo do Brasil inteiro sabe que o Presidente migrou do nordeste para o sul, passou dificuldades tanto lá como cá, mas venceu. O povo pobre tem confiança no Presidente Lula e acredita que ele jamais esquecerá sua origem e as duríssimas condições que precisou enfrentar, o que faz ainda hoje. São muitas as dificuldades com que deparam os nordestinos, mas não há como negar que elas são aumentadas pelas condições climáticas que atingem a maior parte da região.

Além do periódico e infausto tempo de seca, Srªs e Srs. Senadores, as condições normais do clima semi-árido exigem um especial empenho dos habitantes da região para conseguir desenvolvê-la, particularmente no que se refere às atividades agropecuárias, que são, no semi-árido, as mais tradicionais e as mais importantes.

Não há como imaginar, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que essa luta possa ser vencida sem o auxílio da tecnologia, particularmente uma tecnologia adaptada às condições próprias do semi-árido.

É inegável também que essa tecnologia deva surgir de um esforço contínuo e sistemático de pesquisa.

É sem dúvida desejável e muito recomendável, Sr. Presidente, que essa pesquisa e essa tecnologia, imprescindíveis para os sertanejos e para todo o Nordeste, sejam realizadas e desenvolvidas por nós mesmos, brasileiros, é claro, olhando os exemplos de outros cantos do globo.

E, decerto, devem essas pesquisas ser efetuadas de preferência no próprio semi-árido nordestino, onde se encontram as condições climáticas, de solo, de relevo, de regime hidrográfico, culturais e outras que devem ser defrontadas.

Essa era a essência do clamor contido na Carta de Sousa, cidade paraibana, datada de 08 de abril de 2003, e que teve por destinatário o Presidente da República, Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, cujo resultado foi a criação do Instituto Nacional do Semi-Árido (Insa).

O Insa nasceu como um dos marcos de renovação profunda das diretrizes políticas para o Nordeste, instrumento que se mostrava como um desaguadouro natural para a necessidade de pesquisarmos e criarmos soluções tecnológicas próprias e adequadas para as condições do agreste e do sertão nordestino, onde vivem cerca de 20 milhões de brasileiros em condições terríveis de penúria. Entretanto, a expectativa auspiciosa gerada pela criação do Instituto Nacional do Semi-Árido não se concretizou até o momento.

Esperávamos, Sr. Presidente, que toda a fauna e a flora fossem pesquisadas, que produtos pudessem ser aplicados e que culturas fossem feitas, buscando-se o que poderia ser utilizado como fármacos e substâncias ativas para remédios. Enfim, tínhamos esperanças mil.

Onde estão os recursos orçamentários destinados a promover o início dos projetos de pesquisa? Até agora, nenhum centavo aportou no Instituto, que se resume a uma pequena sala melancólica com meia dúzia de pessoas, sem as indispensáveis ferramentas de trabalho.

É lamentável, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, mas o sonho do Insa não saiu do papel e hoje é um projeto de faz-de-conta, uma bela adormecida num berço esplêndido da sua criação, frustrando, mais uma vez, as esperanças embaladas pela mobilização popular que lhe deu vida.

Entendo, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que com isso não podemos concordar, não temos o direito de ser coniventes com a omissão governamental.

Devemos ter, mais do que nunca, a coragem moral de ser os porta-vozes desses 20 milhões de brasileiros que acalentaram o projeto do Instituto Nacional do Semi-Árido e nele viram a esperança libertadora da redenção de uma terra castigada pela seca e pela falta de oportunidades.

E o que é pior, Sr. Presidente, é que, aqui, houve uma verdadeira batalha campal. Cada Estado queria ser o berço, queria ser o local em que se abrigasse o Insa. A minha Paraíba ganhou. A cidade de Campina Grande ganhou.

E o que aconteceu? Temos uma salinha, três diretores nomeados e nada mais. Um sonho que morreu. Todo o Nordeste, todo o semi-árido clama por pesquisas. Vamos a Israel e ficamos pasmos de ver uma terra dez vezes menor que a nossa...

O Sr. Almeida Lima (PSDB - SE) - Senador Ney Suassuna, V. Ex.ª me concede um aparte?

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Com muita satisfação.

O Sr. Almeida Lima (PSDB - SE) - Apenas para registrar que me apercebi no final do pronunciamento de V. Ex.ª, mas quero me solidarizar, me somar, me congratular com V. Ex.ª. A propósito, terei a oportunidade - não sei se hoje, amanhã ou na próxima semana - de buscar o pronunciamento que fiz aqui neste Plenário na deliberação desse projeto, quando afirmei que votaria a favor, mas disse, naquela oportunidade, que seria mais um órgão só para gerar empregos e mais despesas, e não adiantaria nada. Que os recursos que pretendiam alocar para esse órgão destinassem para a Universidade Campina Grande, para a Sudene, para os órgãos já existentes, que seria muito mais proveitoso. Vou resgatar esse pronunciamento que fiz e o trarei, mais uma vez, ao conhecimento desta Casa. Minha solidariedade a V. Ex.ª, que está coberto de razão. Sem dúvida alguma, o órgão não está servindo para nada.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - E é exatamente para tentar mobilizar o Nordeste, nobre Senador, que, mais uma vez, peço a todos os Senadores e políticos do Maranhão, do Piauí, da Paraíba, do Ceará, do Rio Grande do Norte, de Pernambuco, de Alagoas, de Sergipe, da Bahia e de boa parte de Minas Gerais e do Espírito Santo que, unidos, busquemos reconstituir, busquemos implementar esse Instituto Nacional do Semi-Árido. Com toda certeza, esse Instituto poderá ser uma alavanca para o progresso de uma região onde o ser humano, onde o brasileiro, sofre pela dureza do meio ambiente, mas que pode vir a ser um celeiro, uma área de redenção daquele povo e daquela região nordestina.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/05/2005 - Página 14497