Discurso durante a 60ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários a notícias publicadas na imprensa a respeito da Cúpula América do Sul - Países Árabes. (como Líder)

Autor
Delcídio do Amaral (PT - Partido dos Trabalhadores/MS)
Nome completo: Delcídio do Amaral Gomez
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • Comentários a notícias publicadas na imprensa a respeito da Cúpula América do Sul - Países Árabes. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 13/05/2005 - Página 14535
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • LEITURA, REGISTRO, ANAIS DO SENADO, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, AVALIAÇÃO, REUNIÃO, CHEFE DE ESTADO, AMERICA DO SUL, PAISES ARABES, AUMENTO, LIDERANÇA, BRASIL, IMPORTANCIA, PAUTA, INTERESSE, TERCEIRO MUNDO, BUSCA, PARCERIA, COMERCIO EXTERIOR, AUSENCIA, CRISE, RELAÇÕES INTERNACIONAIS, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).

O SR. DELCÍDIO AMARAL (Bloco/PT - MS. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, serei breve, até porque existem outros Senadores e Senadoras inscritos.

Como voltamos a falar e a debater neste plenário sobre a Cúpula América do Sul-Países Árabes, gostaria de ler para os meus companheiros, Senadoras e Senadores, e solicito que sejam registradas nos Anais do Senado, duas matérias veiculadas pelos jornais.

Passo a ler o teor da coluna assinada pela jornalista Eliane Cantanhêde, muito competente e muito crítica das ações do nosso Governo, sob o título “Golaço”:

Apesar das críticas, dos temores, de alguns desacertos, a Cúpula América do Sul-Países Árabes atingiu o seu objetivo: trouxe para o “quintal” dos Estados Unidos a discussão sobre a ocupação da Palestina por Israel e uma mostra de que há resistências a um mundo unipolar.

O Brasil apostou e ganhou o direito de articular e de ser anfitrião de um encontro desse porte, antes reservado aos próprios Estados Unidos, à França, à Alemanha e ao Reino Unido. Lula teve um dia de estadista ontem, mesmo recorrendo a metáforas.

Ganham também a Argentina, que incluiu na “Declaração de Brasília” uma defesa à sua soberania sobre as Malvinas, e o Uruguai, que fez o Brasil engolir em seco e passar a defender a sua candidatura à direção geral da OMC. Lembre-se que foi justamente por rejeitá-la que o Itamaraty se meteu a lançar candidato próprio e amargou uma derrota vexaminosa.

E ganham, principalmente, os próprios árabes. Atravessaram o mundo, resistiram a 30 horas de vôo e conseguiram um palanque para a defesa de suas causas bem debaixo das barbas americanas. Muitos deles, é verdade, são amigos de Washington. Mas os ataques contra a ocupação da Palestina e o tom contra a invasão do Iraque não deixaram dúvidas sobre os vilões da história.

A política externa “ativa e pró-ativa” de Lula está rendendo resultados no plano político e no comercial (os negócios do Brasil com o Oriente Médio, com a África e com a própria América do Sul têm se multiplicado).

O que parecia excesso de pretensão, raiando o ridículo, começa a fazer sentido. Os países “em desenvolvimento” na Ásia, na África e nas Américas, apesar dos pesares, da pobreza, dos regimes instáveis, já conseguem ter pautas e interesses comuns.

A globalização era um por todos e contra todos e não parece mais tão simples e tão linear assim. A Cúpula de Brasília não muda o mundo, mas serve de aviso para quem quer mandar sozinho no mundo.

Sr. Presidente, esse é um reflexo muito claro, consistente, do que foi a Cúpula América do Sul-Países Árabes.

Como foram lidas muitas notícias de jornal hoje, encerro meu pronunciamento destacando pequenos trechos da coluna do jornalista Clóvis Rossi, intitulada “Surpresa é a surpresa”. Enumerei três destaques dessa coluna que merecem uma atenção e refletem um pouco tudo aquilo que foi dito desde quarta-feira e ao longo da sessão de hoje do Senado. Diz ele:

O que surpreende na Cúpula América do Sul-Países Árabes é a surpresa de alguns com o fato de que ela assumiu um tom político. Cúpulas, com o perdão da obviedade galopante, são sempre reuniões políticas. Por definição. Mesmo quando tratam de outros temas, o fazem politicamente. Os detalhes técnicos ficam para os ministros.

            Outro ponto importante na mesma coluna:

Só pode se surpreender quem acha que a história do mundo começa quando líderes árabes desembarcam em Brasília e começam a falar o que sempre falam. É improvável, portanto, que os “marines” desembarquem no lago Paranoá para impedir a proliferação de declarações usuais.

E, para encerrar, Sr. Presidente:

Nessa matéria, inusual foi a declaração do então Presidente Fernando Henrique Cardoso, equiparando o unilateralismo norte-americano ao terrorismo. Não chegou a haver deslocamento de “marines”, mas queimou definitivamente a relação George W. Bush/FHC. A Cúpula nem de longe pode ter efeito parecido.

Sr. Presidente, creio que fechamos uma semana importante para o País, não só na sua diplomacia, mas também na política, na integração, na busca da paz e, como não poderia deixar de acontecer, no estreitamento de laços comerciais com o mundo árabe, que tem muitos investimentos a fazer, portanto, mais do que nunca, pode ser um grande parceiro na diversificação dos mercados que tanto buscam o Presidente Lula e o nosso Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/05/2005 - Página 14535