Discurso durante a 60ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Necessidade de providências urgentes para que se evite uma crise entre os produtores de arroz no país.

Autor
Antero Paes de Barros (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MT)
Nome completo: Antero Paes de Barros Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Necessidade de providências urgentes para que se evite uma crise entre os produtores de arroz no país.
Publicação
Publicação no DSF de 13/05/2005 - Página 14564
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • APREENSÃO, PREVISÃO, CRISE, PRODUTOR, ARROZ, BRASIL, SOLICITAÇÃO, ATENÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), PROTESTO, ATUAÇÃO, Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), REBAIXAMENTO, CLASSIFICAÇÃO, PRODUTO, EFEITO, RISCOS, FALENCIA, INADIMPLENCIA, DESEMPREGO.
  • REGISTRO, DECRETAÇÃO, ESTADO DE EMERGENCIA, MUNICIPIO, SINOP (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), CRISE, PRODUÇÃO, ARROZ.
  • EXPECTATIVA, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL, REVISÃO, DECISÃO, Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), PRORROGAÇÃO, PRAZO, DIVIDA, PRODUTOR, ARROZ.

O SR ANTERO PAES DE BARROS (PSDB - MT. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna para cobrar do governo federal providências urgentes para evitar a eclosão de grave crise entre os produtores de arroz em nosso país. quero chamar a atenção do ministro da agricultura, Roberto Rodrigues, homem sensível e conhecedor dos problemas do campo, para o que está acontecendo em mato grosso e deverá acontecer em todo o país.

Recebi hoje pela manhã do prefeito de Sinop, Nilson Leitão, informações preocupantes sobre a situação do meio rural de mato grosso. sinop é um dos municípios de mato grosso que depende do agronegócio. é uma cidade de extraordinário dinamismo, cuja renda provem integralmente da agricultura, em especial do arroz, do milho e da soja.

O Prefeito Nilson Leitão decretou estado de emergência em sinop e aguarda do governo estadual e do governo federal a confirmação dessa situação jurídica. a razão da emergência é a crise na produção do arroz. não é apenas em sinop, mas em todo o Estado de Mato Grosso, que o problema está ocorrendo.

Na região de Sinop, os sinais da crise são evidentes. registrou-se um aumento de 78 por cento na inadimplência na Serasa. no Banco do Brasil, o número de cheques devolvidos aumentou em mais de 70%. os produtores de arroz, desesperados, já dispensaram 90% de seus trabalhadores. E dispensaram porque não tem como pagá-los. porque não têm dinheiro para manter os empregos e para honrar os compromissos junto aos bancos.

E sabem de quem é a culpa? Não é dos produtores de arroz. não.

A culpa é do Governo Federal, mais especificamente da companhia nacional do abastecimento, a Conab, que rebaixou a classificação do arroz produzido em mato grosso, deixando os produtores literalmente no sereno.

Agora, na hora de vender a produção, o preço da variedade Cirad 141, dos mais plantados em mato grosso, caiu de R$26,00 para R$12,00 a saca, em função da queda na classificação de qualidade feita pela Conab.

A Conab está matando o produtor de arroz de mato grosso, quando age de maneira inflexível na classifica do arroz da variedade cirad 141.

O Estado de Mato Grosso produziu nesta safra cerca de 1 milhão e 900 mil toneladas de arroz e quase a metade é da variedade cirad 141. com os preços em baixa e já sem espaço nos armazéns para guardar essa produção, os produtores estão à beira do desespero.

Os produtores de sete municípios no extremo norte do Estado interromperam durante dois dias o tráfego na rodovia BR-163, entre Matupá e Peixoto de Azevedo, para chamar a atenção do governo para a situação.

A Conab não está comprando o arroz desta safra. o produtor não tem a quem vender e não consegue mais do que R$8,00 ou R$9,00 por saca de arroz de 60 quilos; R$8,00 ou R$9,00, Srªs e Srs. Senadores., por uma saca de arroz.

É o mesmo que vale um saquinho de cinco quilos de arrroz já industrializado no supermercado. Ou seja, o produtor entra com 60 quilos de arroz in natura e sai com quatro ou cinco quilos de arroz empacotado e pronto para o consumo.

Não é preciso ser economista e nem produtor de arroz para saber que os R$8, 00 R$9,00 ou R$11,00 pagos pela saca não cobrem o custo de produção desse arroz. e que a indústria está embolsando um lucro fabuloso no processamento do arroz à custa do prejuízo e do sofrimento do produtor.

O agricultor que financiou o plantio da atual safra não vai conseguir pagar o banco. Não vai conseguir pagar a mão-de-obra que trabalhou no plantio e na colheita. não vai ter o suficiente para pagar o adubo, as sementes, as máquinas utilizadas no plantio.

Os prefeitos das regiões produtoras estão decretando estado de emergência em seus municípios para que o Banco do Brasil prorrogue o pagamento das dívidas agrícolas. foi o que me disse o prefeito de Sinop, Nilson Leitão.

Mas o prefeito também foi claro, ao me dizer que a rolagem desses débitos não vai adiantar, tal a gravidade da situação.

O comércio já está sentindo os efeitos da crise do arroz. as vendas já estão caindo e a inadimplência já aumentou. Mas o pior ainda está por vir...

Para solucionar a crise do arroz, é preciso que a Conab melhore a classificação do produto e compre a produção mato-grossense. fora daí, não há salvação.

A solução da crise do arroz depende, portanto, de uma decisão política do Governo Federal. Depende da sensibilidade do Ministro Roberto Rodrigues, da Agricultura, e depende dos recursos a serem liberados pelo Ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

Eu espero que o governo se sensibilize com esse quadro e que as providências sejam adotadas em tempo hábil, evitando uma tragédia em Mato Grosso e no Brasil.

Era o que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/05/2005 - Página 14564