Discurso durante a 61ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Lembra os 90 anos de fundação da Faculdade de Medicina do Recife-PE. Centenário do Sport Club Recife.

Autor
Marco Maciel (PFL - Partido da Frente Liberal/PE)
Nome completo: Marco Antônio de Oliveira Maciel
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Lembra os 90 anos de fundação da Faculdade de Medicina do Recife-PE. Centenário do Sport Club Recife.
Publicação
Publicação no DSF de 17/05/2005 - Página 14784
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, FACULDADE, MEDICINA, MUNICIPIO, RECIFE (PE), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), COMENTARIO, HISTORIA.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DO COMMERCIO, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), AUTORIA, VICE REITOR, UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE), ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, FACULDADE, MEDICINA.
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, CLUBE, FUTEBOL, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE).

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobre Senador Tião Viana, Srªs e Srs. Senadores, venho à tribuna desta Casa para registrar importantes efemérides pernambucanas. A passagem desses eventos representa algo de significativo da história de meu Estado.

Em cinco de abril de 1915 foi instalada a primeira Congregação da Faculdade de Medicina do Recife, criada a partir da iniciativa de professores da Faculdade de Farmácia, sendo o Dr. Octávio de Freitas um dos principais líderes. As aulas, na realidade, só começaram em 1920, após a realização do primeiro vestibular que selecionou, de 29 inscrições, 15 candidatos, muitos já diplomados em outros cursos como direito, farmácia e odontologia. Pagaram uma anuidade de 450 réis, em três parcelas iguais, e a primeira turma de médicos formou-se em 1925, na antiga Rua do Sebo, hoje Barão de São Borja.

Considera-se, no entanto, 1915 como o ano de fundação da Faculdade de Medicina e estamos, portanto, comemorando em meu Estado os 90 anos da entidade que hoje constitui o Curso de Medicina do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, que tem como princípio, segundo seu diretor, o Dr. José Thadeu Pinheiro, “formar profissionais éticos, humanos e técnico-cientificamente bem qualificados, tendo se projetado na Região e no País como um dos mais importantes pólos de formação de médicos”. Atualmente o Centro tem 860 alunos, com entradas por semestre de 70 estudantes, em média.

A saga vivida pelos idealizadores e fundadores da instituição está bem relatada na obra do Dr. Octávio de Freitas, História da Faculdade de Medicina do Recife, incluindo as tentativas infrutíferas ao longo de muitos anos e em diversas oportunidades. Mas animava-os dois objetivos entrelaçados: a criação da Faculdade pelos motivos diretamente associados - o atendimento da demanda de profissionais especializados e cientificamente preparados - e o atendimento da exigência mínima para a criação de uma Universidade: a existência de cursos de direito, engenharia e medicina em pleno funcionamento. Da trilogia faltava apenas o curso de medicina, o qual passou a ser estratégico, além de necessário, para o desenvolvimento do ensino em Pernambuco.

A aula inaugural para a primeira turma de estudantes de medicina, em 16 de julho de 1920, foi proferida pelo Dr. Octávio de Freitas - idealizador, líder, fundador e historiador da Faculdade. De seu magistral discurso - magistral nos sentidos figurado e literal - destaco os seguintes trechos:

Porque, ficai bem certos, a Faculdade de Medicina do Recife não teve nem terá por principal escopo formar a granel e em correrias, médicos, farmacêuticos, cirurgiões dentistas e parteiras. O que ela pretende, sobretudo, é ensinar teórica e praticamente a medicina e suas ciências e artes correlatas, procurando elevar cada vez mais o nível moral e intelectual dos nossos profissionais; criando os competentes, os eruditos, os especialistas; fazendo surgir e cultivando no mais alto grau um acurado amor pelo estudo, pelas ciências médicas, pela arte médica, pela profissão médica!

E mais adiante:

Os que aqui entrarem pobres, esperando encontrar no microscópio, no escalpelo, na retorta e nos diversos e variegados materiais de propedéia, de prótese e de síntese, ‘instrumentos propinadores’ de fartas e rápidas riquezas, como sucede com os ‘outros’ com o amanho do solo, o redemoinho das máquinas ou o esfuziar das transações, perderão, de certo, o seu tempo, o seu trabalho e as suas aspirações. A profissão médica foi, é e será sempre um sacerdócio e, conseguintemente, deve revestir-se, sem cessar, de uma incomparável soma de abnegação e de desprendimento.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, certamente associado à criação da Faculdade, outro fato significativo relacionado com a medicina ocorreu em três de maio de 1925: a inauguração do Hospital Centenário do Recife, o atual Hospital dos Servidores do Estado de Pernambuco, pelo professor Fernando Simões Barbosa. Essa outra entidade está, portanto, completando 80 anos de frutífera existência.

Esses dois feitos projetam-se em nossos dias naquilo que é conhecido, nacional e internacionalmente, como o Pólo Médico do Recife, conjunto de instituições voltadas para a prática das ciências da vida, embasado num corpo de cientistas e profissionais da saúde de grande capacidade, com o apoio de avançadas técnicas de ponta desenvolvidas ou administradas por estabelecimentos de ensino ou instituições de tecnologia moderna e avançada. Um exemplo da excelência dos serviços consiste no fato de Pernambuco contar com mais aparelhos de tomografia computadorizada do que muitos dos países ditos desenvolvidos.

O Pólo Médico do Recife atualmente é considerado o primeiro de todo o Norte e Nordeste e, certamente, um dos maiores e mais bem estruturado do País. É constituído por mais de 400 hospitais e clínicas, oferece mais de oito mil leitos e cerca de 110 mil empregos, muitos de alta especialização. Economicamente, o pólo médico equipara-se ao setor de turismo, com o qual contribui, juntamente com os pólos de informática e educacional, com o chamado turismo de eventos, além dos visitantes de outras localidades, inclusive do exterior, em busca de serviços médico-hospitalares.

Observamos em Pernambuco um significativo exemplo de realimentação positiva, sinérgica, entre os estudantes das diversas faculdades de formação de profissionais da saúde e a rede hospitalar, nos estágios de residência, onde ocorrem os cursos de pós-graduação de especialização. Essa circunstância cria uma condição de afluência que reforça a qualidade pré-existente, propiciando um acréscimo sistêmico de qualidade, gera investimentos locais e oriundos de outras regiões e um fluxo de pacientes de diversos Estados e países.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, faço esses registros com muita satisfação porque foram relevantes no esforço para incrementar e aperfeiçoar a vocação de Pernambuco, em especial da Região Metropolitana, para o setor de serviços que é, nos nossos tempos, da maior importância também para a geração de emprego e elevação da renda.

Congratulo-me, portanto, com: a chefia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, seus professores, alunos e funcionários, à frente o Dr. José Thadeu Pinheiro. Também com o reitor, o professor Amaro Henrique Pessoa Lins e com o vice-reitor, médico Gilson Edmar Gonçalves e Silva, pela passagem dos 90 anos de criação da Faculdade de Medicina do Recife.

Congratulo-me ainda com a direção do Hospital dos Servidores do Estado de Pernambuco, seu corpo de profissionais da saúde e funcionários, à frente o Dr. Eniedson Barros Silva, pela passagem dos 80 anos de fundação da entidade.

Solicito a V.Exª, Sr. Presidente, seja anexado ao texto de meu discurso, ora proferido, o artigo de autoria do Dr. Gilson Edmar Gonçalves e Silva,Faculdade de Medicina: 90 anos”, publicado na edição de cinco de maio do Jornal do Commercio.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, desejo também registrar outra efeméride ocorrida em Pernambuco na sexta-feira passada. Refiro-me ao transcurso do Primeiro Centenário do Sport Club do Recife, criado em 13 de maio de 1905, para a prática do futebol e outras modalidades esportivas. Seu símbolo é um leão rampante, altivo e majestoso. Não ficaria surpreso que ficasse provado ser a expressão “jogar com garra” originária da comparação da energia dos atletas do Sport com as tradições de luta do valoroso felino.

No entanto, essa teoria poderia ser contestada, pois não com menos garra, talvez até com mais, costumam apresentar-se os atletas do Santa Cruz Futebol Clube - fundado nove anos depois, o meu clube - cujo símbolo é a venenosíssima cobra coral, que a natureza vestiu com as mesmas nossas cores, mas desprovida de garras, anatomicamente.

Feita essa devida ressalva, retorno ao Sport Club do Recife, a quem estou dedicando minhas homenagens. A associação não poderia ter sido criada de maneira mais adequada: o jovem pernambucano Guilherme de Aquino Fonseca, realizando seus estudos na Inglaterra, travou conhecimento com diversas modalidades esportivas praticadas pelos ingleses. Ao retornar à sua terra tornou-se amigo de jovens britânicos funcionários de empresas inglesas que atuavam no Recife, no início do século passado. O passo seguinte foi a organização do clube que hoje honra Pernambuco e o Brasil e cujo primeiro presidente foi o desportista Boaventura Alves Pinto. Assim foi iniciada a prática do futebol em meu Estado; logo outros clubes e grupos passaram a jogar o esporte bretão, inclusive o meu Santa Cruz.

O torcedor e poeta Eunitônio Edir Pereira foi muito feliz ao escrever o vibrante hino de seu clube, onde se inserem os versos:

Treze de Maio,

Mil novecentos e cinco

Dia divino em que Guilherme de Aquino

Reúne, no Recife, ardentes seguidores

Fundando esta nação de vencedores

Que encanta, enobrece e dá prazer

Sport, Sport

Uma razão para viver

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Sport Club do Recife, outras associações centenárias ou quase centenárias como o meu Santa Cruz e inúmeros clubes de futebol, em todo o País, tornaram o Brasil o lugar onde o futebol é melhor e mais bem praticado em todo o mundo, apaixonando desportistas, homens e mulheres, de todas as idades, classes sociais e atividades. O que no Brasil reúne mais pessoas nos estádios ou em frente a aparelhos de televisão, de rádio ou mesmo nas lojas de televisores do que clássicos como Sport x Santa Cruz, Flamengo x Fluminense, Cruzeiro x Atlético, Grêmio x Internacional ou Corinthians x São Paulo?

Perdoem-me os torcedores de outros clubes que me ouvem, mas não poderia citar todos os clássicos do futebol brasileiro. Basta, em síntese, lembrarmos que nada emociona mais ou nos une do que ouvirmos a Seleção Brasileira cantar o Hino Nacional, antes do início de uma demonstração de coreografia esportiva, de jogadas fortes, plásticas e harmoniosas, jogando com a mesma garra centenária dos leões do Recife.

Com a garra de Edwaldo Izídio Neto, que iniciou sua carreira no Sport Club do Recife, tornou-se conhecido no Vasco da Gama e no Palmeiras e, em 1958 e 1962, ajudou o Brasil a colocar as duas primeiras das atuais cinco estrelas no peito: o valente e destemido centro-avante da Seleção Brasileira, nacional e internacionalmente conhecido por Vavá.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, meus calorosos cumprimentos à família rubro-negra pernambucana, à frente o presidente do Sport Club do Recife, o ex-Deputado Federal e desportista Luciano Caldas Bivar; aos dirigentes e funcionários do clube; à valorosa equipe de atletas, de todas as modalidades e categorias; à vibrante e leal torcida que torce com garra e cavalheirismo, com amor ao seu clube e respeito aos adversários.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MARCO MACIEL EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Faculdade de Medicina: 90 anos” - Jornal do Commercio - 05/05/05]


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/05/2005 - Página 14784