Discurso durante a 62ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre as denúncias apresentadas pela imprensa de irregularidades na ECT.

Autor
José Agripino (PFL - Partido da Frente Liberal/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
  • Considerações sobre as denúncias apresentadas pela imprensa de irregularidades na ECT.
Publicação
Publicação no DSF de 18/05/2005 - Página 15038
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
Indexação
  • COMENTARIO, DECLARAÇÃO, CRISTOVAM BUARQUE, SENADOR, DEFESA, ESCLARECIMENTOS, ERRO, GOVERNO, CONTRADIÇÃO, POSIÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • REGISTRO, INVESTIGAÇÃO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), DENUNCIA, CORRUPÇÃO, PRESIDENTE, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), MINISTRO DE ESTADO.
  • COMENTARIO, AUSENCIA, RESULTADO, SINDICANCIA, CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO (CGU), INQUERITO, POLICIA FEDERAL, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, BINGO, REGISTRO, SUSPEIÇÃO, PARTICIPAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL.
  • DEFESA, INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, REGISTRO, ADESÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB), INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
  • CRITICA, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO (PTB).

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, confesso a V. Exªs que estou muito mais preocupado do que estava quando me pronunciei.

Quando fiz meu discurso, Senador Arthur Virgílio, eu tinha na memória as palavras do racional Senador Cristovam Buarque, que, no começo da tarde, fez um pronunciamento dizendo que não assegurava que assinaria a CPI que pretende investigar a prática de desmandos nos Correios, mas que, na reunião de sua Bancada, a realizar-se às 16 horas e 30 minutos, defenderia a postura do PT de não encobrir os erros do Governo.

Senador Antonio Carlos, percebo que parece que se quer tapar o sol com a peneira.

Esse Governo, Senador Gilberto Mestrinho, está vivenciando um fato inédito na história: há dois Ministros sendo investigados, por decisão do Supremo Tribunal Federal. É um Governo sub judice. E tenho a impressão de que o Senador Cristovam Buarque desejou levar essa sua posição à Bancada porque se sente constrangido em participar de um Governo que tem o Presidente do Banco Central e um Ministro de Estado sendo investigados. Isso é um fato inédito.

Senador Arthur Virgílio, o Presidente do Banco Central do Brasil teve o seu sigilo fiscal quebrado por decisão do Supremo Tribunal Federal.

Parece que o problema do Brasil é GTech. Nos últimos 30 minutos, só se falou nesse assunto. Que Gtech? GTech é o tiro calibre 22. Quando eu era menino, caçava passarinho com calibre 22, uma balinha pequenininha. Depois aprendi que, com a espingarda de soque, com um tiro só, eu matava 20 ou 30 passarinhos. A GTech é a balinha calibre 22.

No caso Waldomiro Diniz, a sindicância, as investigações da Corregedoria e o inquérito da Polícia Federal não responderam à pergunta fundamental: o que Waldomiro fazia na Casa Civil? Com quantas GTechs Waldomiro Diniz conversou ao longo do tempo em que lá esteve? Foi apenas com uma ou com 20 Gtechs? O Ministro José Dirceu sabia quem era Waldomiro Diniz quando o contratou? Dizem que partilharam um apartamento. Havia ou não um conluio entre os dois?

Essa é a essência da questão, e creio que é o que preocupa o Senador Cristovam Buarque, porque, no caso dos Correios, não é PTB, nem uma Bancada inteira, tampouco os próprios Correios: é o que o homem disse; é a apropriação de um Partido a interesses de alguns bilhões de reais operados por várias empresas estatais. Qual é a abrangência? É o caso dos Correios ou é o Governo todo contaminado?

Senador Arthur Virgílio, Senador Aloizio Mercadante, corrupção é um mal endêmico, que contamina e destrói governos. Se não formos municiados de espírito público neste momento e não somarmos forças e esforços para fazer uma investigação abrangente e esclarecedora, estaremos sendo coniventes com a corrupção.

Eu esperava que - já tive a boa notícia de que o PSB, que integra a base aliada, assinou o requerimento para instalação da comissão parlamentar de inquérito - houvesse uma intenção de se promover uma ampla investigação para remover o vírus, a endemia da corrupção de um Governo que está sub judice, porque tem o Presidente do Banco Central e um Ministro de Estado sendo investigados, por decisão do Supremo Tribunal Federal. Não é um governo qualquer, é um Governo que está sub judice. Não se trata de Gtech; trata-se de explicação do Governo como um todo, e esse assunto merece uma explicação, que tem que vir.

Senador Mão Santa, o Presidente da República disse ao Deputado Roberto Jefferson: “Eu te daria um cheque em branco e dormiria tranqüilo”. Vi na Internet, agora há pouco, palavras elogiosas do Presidente da República ao Deputado Roberto Jefferson. Tratava-se de uma opinião dele em relação ao Deputado. Como dormir tranqüilo depois de dar cheque em branco, como deu ao Ministro e ao Presidente Meirelles? Como dar um cheque em branco a uma pessoa acusada, como a do caso dos Correios, e dormir tranqüilo? O Presidente pode dormir, mas o Brasil, não. E, pelo Brasil, respondemos nós.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/05/2005 - Página 15038