O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero voltar ao debate que me parece fundamental nesta tarde: a dimensão política que o Congresso Nacional dá a esse episódio que é muito grave, gerou uma indignação em todos e uma resposta imediata do Poder Público: exoneração, abertura de sindicância, afastamento do diretor, entrada da Polícia Federal com toda a força e com total liberdade como tem feito na investigação, ação do Ministério Público, sindicância, Controladoria Geral da União e todos os instrumentos do Estado brasileiro para intervir e, portanto, apurar todo esse processo.

O que diz o cidadão que estaria envolvido com aquela propina, o Sr. Maurício Marinho? Ele diz:

Fui enganado. Hoje, mais que nunca, sei que fui enganado. E por isso prejudiquei estupidamente a imagem da empresa com a qual sustento meus familiares. Errei ao envolver o nome de pessoas como o Presidente do PTB; o nome do Presidente dos Correios; o nome do Diretor de Administração, meu colega de trabalho, Fernando Godoy; e de toda a Diretoria da empresa, além do Ministério de Comunicações do Governo Federal.

Para mim, o fato de ele dizer que errou e, portanto, negar o que disse não resolve o problema. Quero, sim, a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico desse cidadão e a apuração rigorosa de tudo o que ele disse. O que não aceito - esse é o ponto fundamental - é apressadamente transformar em denúncia esse episódio de corrupção grave de R$3 mil do terceiro escalão dos Correios, colocando em suspeição todo o setor público estatal. Esse tipo de prática me lembra, sim, o estilo Collor de Mello, dos marajás, das denúncias em relação ao Estado que, no fundo, alavancaram uma criminalização do setor público que veio associada a um processo de desmonte do Estado brasileiro e de venda do patrimônio público.

Fico feliz que o Senador Sérgio Guerra tenha dito que não se trata de privatizar os Correios, mas os Correios foram privatizados em vários países que aderiram a essa lógica, inclusive a Argentina, aqui do lado, para dar um exemplo mais próximo. Fico satisfeito que a Petrobras não esteja como parte dessa lógica de privatização; mas houve tentativa de privatização, houve um movimento em que até se desejou mudar o nome da Petrobras, o que descaracterizaria a empresa. Vivemos isso no passado. Fico muito feliz que não haja um processo de privatização do Banco do Brasil, mas o Banespa foi privatizado e boa parte da estrutura de financiamento público foi vendida em passado recente. Por isso ressalto que é muito importante apurar, investigar, punir, com todos os instrumentos que a democracia brasileira tem disponíveis. As providências tomadas estão de acordo com esse episódio. Se essas investigações sugerem a necessidade de novos instrumentos, estaremos totalmente dispostos a levar o caso adiante.

A única figura que eu conheço dos Correios é o sujeito que entrega cartas em minha casa - ninguém mais. Não sei quem é a Diretoria, tampouco quem são os gerentes, nunca fui à sede nem tenho qualquer tipo de relação. Só me relaciono com a pessoa que vai à minha casa e me entrega a minha correspondência. Mas os Correios são uma instituição fundamental para o Estado Brasileiro. Por isso, vamos apurar qualquer indício de corrupção, seja quem estiver envolvido. Mas não coloquemos sob suspeição, com essa ligeireza pretendida, o conjunto do setor público estatal porque esse procedimento não contribui e lembra algumas práticas que vivemos em passado recente e são lamentáveis do ponto de vista da história do Brasil.