Discurso durante a 63ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Abordagem à instalação de CPI para apurar denúncias de corrupção na ECT. (como Líder)

Autor
José Jorge (PFL - Partido da Frente Liberal/PE)
Nome completo: José Jorge de Vasconcelos Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Abordagem à instalação de CPI para apurar denúncias de corrupção na ECT. (como Líder)
Aparteantes
Maguito Vilela.
Publicação
Publicação no DSF de 19/05/2005 - Página 15443
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ANUNCIO, ENTREGA, PRESIDENTE, CONGRESSO NACIONAL, REQUERIMENTO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
  • CRITICA, DECLARAÇÃO, FALTA, ETICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SOLIDARIEDADE, ROBERTO JEFFERSON, DEPUTADO FEDERAL, ACUSAÇÃO, CORRUPÇÃO, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), ANTERIORIDADE, INVESTIGAÇÃO.
  • ANALISE, FALTA, CONTROLE, GOVERNO FEDERAL, PERDA, APOIO, BANCADA, ESPECIFICAÇÃO, INSUCESSO, CANDIDATO, ELEIÇÃO, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU), VOTAÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, abordaremos exatamente esse tema que tem estado na pauta, tanto na de hoje como na ontem também, assunto colocado por todos os Senadores.

Primeiramente, quero comunicar que a partir de ontem à tarde começamos a coletar as assinaturas para a instalação da CPMI para investigar declarações dadas pelo funcionário do Correio, Sr. Maurício Marinho. Hoje, já chegamos, aqui no Senado, a 41 assinaturas, o que significa 14 assinaturas a mais, pois o necessário são 27, e ainda temos pelo menos seis Senadores que não a assinaram. Como, na Câmara, chegamos a duzentas e poucas assinaturas - o mínimo, naquela Casa são 171 assinaturas -, vamos fazer a entrega do requerimento, que está marcada para as 16h e 30min. Os Líderes do PFL, do PSDB e dos demais Partidos de Oposição e mesmo membros de outros Partidos da base do Governo que assinaram o documento convidam todos para fazer a entrega ao Presidente Renan Calheiros, em seu Gabinete, dos requerimentos da Câmara e do Senado para que seja instalada a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, isto é, de Deputados e Senadores, para que possamos iniciar essa investigação.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero acrescentar que hoje o fato que mais chamou a atenção foi exatamente a declaração do Presidente Lula: “Temos que ser parceiros, e parceiro é solidário com o seu parceiro. Amizade de festa de casamento é fácil, mas, na hora da dificuldade, é que ele sabe quem é ou não amigo”. Essa foi uma declaração do Presidente Lula, referindo-se ao Deputado Roberto Jefferson.

Na realidade, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não é isto que a Nação espera de um Presidente, que o Presidente seja amigo de ou solidário com “a”, “b” ou “c”. O Presidente foi eleito para governar todos os brasileiros com a responsabilidade de, em primeiro lugar, enfatizar a necessidade de transparência. Se tenho um amigo e, por alguma razão, esse meu amigo é acusado de algum aspecto que não seja ético, a minha primeira obrigação é querer que a investigação daquele meu amigo seja mais dura do que a daquele adversário ou a daquele que não conheço, porque, se eu não conseguir controlar os meus amigos, se eu não conseguir controlar os meus companheiros, como o Presidente Lula gosta de chamar, certamente terei muita dificuldade em controlar os meus adversários.

Verificamos que o Governo está, a cada dia, mais desorganizado em sua base parlamentar, Senador José Agripino. Todos fomos testemunhas de uma eleição para o Tribunal de Contas da União, na Câmara dos Deputados. O Governo lançou candidato o Deputado José Pimentel. Na Câmara, que tem 517 Deputados, o candidato do Governo recebeu apenas 120 votos. Todo mundo sabia, qualquer pessoa que anda no Congresso Nacional sabia que o Deputado José Pimentel não receberia os votos necessários para se eleger para o Tribunal de Contas da União, mas o Governo insistiu em manter essa candidatura. Ninguém sabe o porquê: se é para mostrar o seu desgaste, se é para mostrar a sua falta de coordenação ou se é para mostrar que o Ministro Aldo Rebelo não tem condições de coordenar a sua base na Câmara.

O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - Senador José Jorge, gostaria de fazer um aparte, se for possível.

O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) - Por gentileza, eu gostaria que V. Exª não concedesse o aparte, porque ainda temos inscritos para falar o Líder José Agripino e os demais oradores inscritos para a prorrogação da Hora do Expediente. Além disso, vários Senadores estão pedindo a palavra e estão inscritos, mas não estamos tendo condições de atendê-los.

Peço que cada Senador cumpra seu tempo.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Meu tempo está encerrado?

O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) - Não. O tempo de V. Exª está se encerrando.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Sendo assim, concederei, rapidamente, o aparte ao Senador Maguito Vilela, dentro do meu tempo.

Concedo o aparte ao Senador Maguito Vilela, rapidamente, para satisfazermos o Presidente.

O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - Senador José Jorge, entendo o pronunciamento de V. Exª. O Presidente Lula tem dito, reiteradamente, à Nação que não condenará ninguém por antecipação e não irá aceitar troca de ministros ou diretores por causa de denúncias. Sua Excelência sempre disse que, naturalmente, não irá compactuar com o erro, mas que também não condenará ninguém por antecipação. É isso que Sua Excelência tem dito à Nação reiteradamente. A palavra do Presidente Lula merece crédito.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Senador Maguito Vilela, infelizmente, não foi o que Sua Excelência disse desta vez. O Presidente disse que temos que ser parceiros e que parceiro é solidário com seu parceiro.

Da mesma maneira que o Presidente Lula não deve condenar ninguém antes das provas, ele também não deve ser solidário. Pela posição dele, não deve ser solidário nem condenar, mas deve estimular que as investigações cheguem ao fundo do poço.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Não tenho dúvida nenhuma, Senador Maguito Vilela, de que, se tivéssemos feito a CPI do caso Waldomiro, o Governo não estaria hoje nessa situação ética. Trata-se de um Governo que está, eticamente, descendo a ladeira porque não enfrentou, de forma operativa, rápida e competente, a primeira crise de seu governo.

Assim, Sr. Presidente, o Presidente Lula não deve condenar ninguém, mas também não deve ser solidário com ninguém que esteja metido em irregularidades.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/05/2005 - Página 15443