Discurso durante a 63ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Confirmação do número de assinaturas necessárias à instalação da comissão parlamentar de inquérito - CPI para apurar denúncias de corrupção nos Correios. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Confirmação do número de assinaturas necessárias à instalação da comissão parlamentar de inquérito - CPI para apurar denúncias de corrupção nos Correios. (como Líder)
Aparteantes
Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 19/05/2005 - Página 15442
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ANUNCIO, APRESENTAÇÃO, PRESIDENTE, CONGRESSO NACIONAL, REQUERIMENTO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), SOLICITAÇÃO, SESSÃO CONJUNTA.
  • COMENTARIO, DECLARAÇÃO, CRISTOVAM BUARQUE, SENADOR, EXISTENCIA, CRISE, FALTA, CONTROLE, GOVERNO FEDERAL.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, anuncio, antes de mais nada, a presença, neste Plenário, de dois grandes brasileiros: o ex-Governador e atual Deputado Federal por Pernambuco, Roberto Magalhães, e este homem de absoluta coerência - tanto quanto o Deputado Roberto Magalhães - e decência a toda a prova, que é Plínio de Arruda Sampaio, Deputado Federal, cassado, democrata convicto e sempre na luta, dentro da sua visão, por um Brasil que honre as esperanças dos brasileiros.

Mas, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, temos números mais do que suficientes para instalar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investigará o recente escândalo dos Correios e Telégrafos. Assinaturas de petistas - aqueles que não saíram do PT, aqueles que se mantiveram fiéis ao PT, que não abriam mão do compromisso com a ética e com a coerência; assinaturas de membros da Oposição; assinaturas de Partidos e Deputados e Senadores da Base Governista, e até assinaturas de coração, que impedimentos partidários têm impedido de se transformarem em assinaturas físicas. Refiro-me, por exemplo, ao Senador Cristovam Buarque, que tem analisado com correção e espírito crítico todo esse processo de desarticulação da coisa pública no País.

O fato é que daqui a pouco, às 16h30min, Líderes partidários irão ao Presidente do Congresso, Senador Renan Calheiros, para entregar o requerimento a S. Exª, com as assinaturas para a conferência, pedindo uma sessão do Congresso Nacional, para que nela se leia e se oficialize a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios e Telégrafos. E que se faça o trabalho mais justo, o trabalho mais digno, o trabalho mais decente.

Hoje, eu ouvia referências à fala do Senador Cristovam Buarque em uma TV de Brasília. E S. Exª dizia mais ou menos que o Brasil estaria vivendo um período praticamente pré-revolucionário; que o Governo estaria perdendo o controle sobre as coisas do Estado, e que isso estaria estabelecendo um clima de dissolução, de corrupção por toda a parte.

            E se a preocupação é do Senador Cristovam Buarque, não se pode imputar a S. Exª o que poderia ser mesquinharia de um oposicionista derrotado nas eleições, não se pode imputar a S. Exª vontade de fazer jogo grupista de chegar ao poder, porque se trataria, nesse caso, da advertência de alguém do Governo. E pode um palaciano dizer: “Infiel ao Governo”. E diz aquele que não é palaciano: “Fiel ao Governo”, até porque, querendo o Governo, devolvido as suas melhores origens. E a melhor origem de um Governo tem de ser o compromisso com a ética,...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - ...com a investigação do que signifique desonra, com a coerência, com a firmeza.

Portanto, parabenizo o Senador Cristovam Buarque pelo gesto. E o gesto tem de ser cada vez mais valorizado num País onde alguns trocam gestos por cargos, gestos por fisiologia, gestos por oportunidade de se cevarem nas tetas do poder.

Ouço V. Exª, Senador Cristovam Buarque.

O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PT - DF) - Senador Arthur Virgílio, creio que, diante do curto tempo, vou me inscrever para falar, provocado pela colocação de V. Exª. Mas, de antemão, reafirmo o que disse numa emissora de televisão. Quero dizer que, ontem, diante de uma fala do Senador José Jorge, eu disse que ajudar o Governo, como é minha obrigação de petista, é não encobrir nada, e que a melhor maneira era, em bloco, a Bancada inteira, aprovar a assinatura. Lamentavelmente, hoje de manhã, na reunião da Bancada, não foi aprovado isso.

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) - O tempo está esgotado.

Vou conceder mais dois minutos para que V. Exª possa concluir o seu pronunciamento.

O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PT - DF) - Não vou tomar o tempo do Senador Arthur Virgílio. Peço a minha inscrição. Apenas quero dizer que não foi acertado que não assinaria, mas não foi acertado que se assinaria da forma que está. O meu medo, e vou procurar frisar isso, é que estejamos escondendo as cabeças como avestruz. A crise é muito mais séria, profunda e toca muito mais as instituições do que aparentemente estamos percebendo.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Agradeço a V. Exª, Sr. Presidente.

Encerro, dizendo que este Governo precisa ser advertido para algumas verdades. Uma delas é que, na reunião da Liderança do PFL, Senador José Agripino, houve, entre nós, uma fraterna, mas acirrada discussão. Éramos cerca de oito pessoas presentes, metade das quais dizendo que era bom recolhermos duas assinaturas: uma para a CPMI - Comissão Parlamentar de Inquérito Mista - e a outra só para uma CPI do Senado, porque a metade dos nossos companheiros dizia que na Câmara não se chegaria a um número e nós teríamos a garantia de implementar a CPI no Senado. A outra metade dizia que não poderíamos enfraquecer a idéia dos Deputados, e não poderíamos deixar de fazer fé na capacidade de S. Exªs de convencerem os seus companheiros. Portanto, se fracassássemos na CPI Mista, recomeçaríamos o trabalho e faríamos a CPI somente no Senado.

Qual foi a surpresa de todos nós, dos pessimistas e dos otimistas daquela reunião? É que, no mesmo momento em que se chegou ao número regimental para se constituir uma CPI aqui no Senado, chegou-se na Câmara também ao preenchimento da exigência do Regimento.

Alguma coisa de muito dura está acontecendo dentro do Governo. O Governo perde o controle da sua Base. Ontem, perdeu mais uma vez na eleição para o Tribunal de Contas da União. Se eu quisesse ser irônico, e não sou, Sr. Presidente, diria ao Presidente Lula que Sua Excelência teria, hoje, um discurso para fazer. E o discurso seria: “Companheiros, unidos perderemos. A luta continua até a derrota final!”


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/05/2005 - Página 15442