Discurso durante a 67ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Réplica ao pronunciamento do Senador Aloízio Mercadante.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL.:
  • Réplica ao pronunciamento do Senador Aloízio Mercadante.
Aparteantes
Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DSF de 25/05/2005 - Página 16161
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), APRESENTAÇÃO, DADOS, TRABALHADOR TEMPORARIO, CONTRATAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, SUSPEIÇÃO, ORADOR, OBJETIVO, FAVORECIMENTO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, POLICIA FEDERAL, PERIODO, GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • ESCLARECIMENTOS, UTILIZAÇÃO, PRONUNCIAMENTO, ORADOR, TRECHO, DECLARAÇÃO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PERIODO, PARTICIPAÇÃO, BANCADA, OPOSIÇÃO, GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, OBJETIVO, DEMONSTRAÇÃO, INCOERENCIA, DISCURSO, ATUALIDADE, COMPARAÇÃO, IDEOLOGIA, HISTORIA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA.
  • LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DENUNCIA, CORRUPÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO (PTB).

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Para uma explicação pessoal. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há uma questão que é psicanalítica nessa história do PT com o Presidente Fernando Henrique Cardoso. Sempre imagino a cena do Presidente Lula se vestindo para supostamente trabalhar, todo pronto, em um terno bem cortado, virando-se para o lado e dizendo assim: “Estou elegante, Ruth?” Porém, o meu ramo não é o da psicanálise.

Perderei - ou investirei - um minuto, respondendo ao Líder sobre essa história de terceirizados. O jornal Folha de S.Paulo recentemente publicou que 92 mil servidores foram contratados temporariamente pelo Governo do Presidente Lula, ou seja, o Presidente dispensou os terceirizados para contratar os temporários e por uma razão bem simples: os terceirizados não são obrigados a contribuir para a caixa de campanha, e os outros estão vulneráveis a isso. De certa forma, já há o financiamento público de campanha, que beneficia um só Partido neste País.

Sr. Presidente, precisamos pedir um pouco de sutileza, porque estamos discutindo algo que se afigura uma crise moral. A Polícia Federal investigava antes, Senador Jefferson Péres. No entanto, essa alegação não valia para o Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, mas apenas para o Governo do Presidente Lula. Por outro lado, parece até que a Polícia Federal só começou a investigar agora, ou seja, o Governo petista, além de salvar o Brasil, ainda salvou a dignidade da Polícia Federal, que passou a ser digna após a posse de Lula, não o sendo antes. É o que se apreende das ilações apressadas expostas pela Liderança do Governo.

Sr. Presidente, farei um alerta à Taquigrafia da Casa.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Ouço V. Exª, Senador.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Sr. Senador, aproveitando este momento em que V. Exª fala da Polícia Federal, acreditei, inclusive, no caso do Sr. Waldomiro Diniz. Fui à tribuna e pedi ordem ao meu Líder, Senador José Agripino, para mostrar que a Polícia Federal investigaria, mas alguns obstáculos congelaram o processo no seu caminho. Digo sempre que a CPI colabora, mas a Polícia Federal também foi honrada no Governo do Presidente José Sarney, quando passei a dirigi-la. Quero apenas defendê-lo.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Tem razão V. Exª, Senador Romeu Tuma. Mas, do jeito que falam, parece que a Polícia Federal era composta por um bando de ociosos e de beócios, que não faziam nem investigavam nada, e que, de repente, chegou o redentor, o salvador da Pátria, que determinou: “Agora, vocês vão trabalhar! Agora, vocês vão procurar bandidos e moralizar o País, mas não queremos CPI de jeito nenhum!” É preciso, então, ter um pouco mais de sutileza.

Não discutirei hoje carga tributária nem dados do Governo passado. Queremos debater a crise moral por que passa o País.

Desejo fazer um alerta à Taquigrafia da Casa, com muito respeito. O meu discurso começou dizendo “Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores” e terminou, Senador César Borges, assim: “O povo brasileiro, a estas alturas, já não se deixa iludir pelo Governo do PT.” Depois disso, comecei a ler uma porção de frases, cujos autores não citei. São todos petistas! Eu as assumi como minhas, porque imaginei que partiriam para cima das frases, respondendo-as. E estou aqui frustradíssimo!

Depois dessa frase que aí está - desejo a atenção da Taquigrafia - o resto não é mais meu. Para usar uma linguagem do Presidente, o resto é parceria, a qual estabeleci com o PT neste discurso.

“Eu diria que o Presidente está tomando uma posição de covarde. Quem não deve não teme.” Quem diz isso é nada mais, nada menos que o Presidente Lula, referindo-se a Fernando Henrique Cardoso, em agosto de 2000.

“Um Presidente da República não pode aparecer em público e impedir uma CPI como está fazendo Fernando Henrique, até porque não é apenas uma denúncia, são muitas.” Lula, em abril de 2001. Àquela época, adorava CPIs; hoje, odeia CPIs.

“Pretendemos continuar as investigações e mostrar que a CPI tem de ser de verdade e não uma encenação. Precisamos mudar o sistema financeiro brasileiro. Vamos tentar até última hora (uma comissão mista).” José Dirceu, o nosso “Comissário do Povo”.

“Esse assunto tem de ser esclarecido. Essa questão de abafar a CPI dos Bancos só no Senado é um caminho perigoso, porque vai parecer cumplicidade do Governo e do Senado diante de fatos graves.” José Genoino, em abril de 1999.

“O Governo está agindo como réu confesso ao pressionar contra a CPI.” José Dirceu, em maio de 1997, o nosso “Comissário do Povo”.

“Em vez de atacar a Oposição, o Deputado” - e eu era o Deputado - “deveria ter a dignidade de assinar o pedido de CPI para investigar um governo que escondeu as fitas e que aceita o afastamento dos envolvidos sem apurar toda a suspeição de fraude da privatização.” Aloizio Mercadante, atacando Arthur Virgílio, o então Secretário-Geral do PSDB.

“Somente uma CPI tem poderes para quebrar sigilos e aprofundar as investigações. A Corregedoria só vai pegar os pequenos corruptos porque não disporá dos mecanismos para apanhar os grandes ladrões.” Deputado Walter Pinheiro, da Bahia, então Líder do PT na Câmara.

“Mesmo sem as assinaturas, a CPI não morre. O Governo vai continuar com uma espada na cabeça. Vamos explorar isso até o último dia do mandato do Presidente FHC. Ele não vai se livrar da corrupção e nós vamos insistir nas assinaturas.” Mesmo Deputado, do mesmo Partido.

“Os governistas vão conviver com a marca da corrupção até o primeiro domingo de outubro de 2002”, data do primeiro turno das eleições presidenciais. Mesmo Deputado, Líder do PT na época.

E depois vem uma frase em que eles falam em desestabilizar Governo. Quanto farisaísmo, aí sim, meu caro Deputado José Genoíno. Frase deles, aspas para os petistas, aspas para quem não é democrata. “Ou a gente acaba com eles ou eles acabam com o Brasil.” Logotipo da campanha: “Xô, corrupção. Uma campanha do PT e do povo brasileiro.” E aí vem aquela figura, às vezes envolvida com o Código Penal, do Duda Mendonça, com uma capa com ratos comendo a bandeira nacional.

E a resposta vem agora pela revista Veja. Ratos. “Corruptos”. “O pavor da CPI”. E diz a revista Veja: “Delúbio Soares e Silvio Pereira, operadores do PT, não escapariam da investigação”. Não sou eu que estou dizendo isso, não. Quem afirma isso é a revista Veja.

“As ‘mesadas’. Só de uma estatal, Roberto Jefferson, do PTB, exigia 400 mil reais por mês.” Não sou eu que estou dizendo isso; quem diz isso é a revista Veja. E aí: “Microcâmeras.” É um serviço de utilidade pública. A revista Veja ensina como se pega corrupto, ensina como e onde se compra uma microcâmera, um aparelho que está se revelando de enorme utilidade. Em outras palavras, fica bem claro agora quem é que tentava desestabilizar antes e que fique bem claro que queremos apenas apurar os delitos, as culpas, as eventuais inocências, todas as responsabilidades.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/05/2005 - Página 16161