Discurso durante a 68ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre os índices de desemprego e os empréstimos para os aposentados.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESEMPREGO. POLITICA SOCIO ECONOMICA. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Considerações sobre os índices de desemprego e os empréstimos para os aposentados.
Aparteantes
Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 26/05/2005 - Página 16315
Assunto
Outros > DESEMPREGO. POLITICA SOCIO ECONOMICA. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • REGISTRO, VIAGEM, ORADOR, MUNICIPIO, RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), SOLIDARIEDADE, ANTHONY GAROTINHO, SECRETARIO DE GOVERNO.
  • COMENTARIO, SITUAÇÃO, DESEMPREGO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CRITICA, APLICAÇÃO DE RECURSOS, CAPITAL ESTRANGEIRO, PAIS.
  • CRITICA, CONCESSÃO, EMPRESTIMO, DINHEIRO, APOSENTADO, PENSIONISTA, SUPERIORIDADE, JUROS, FAVORECIMENTO, BANCOS.
  • DEFESA, DIALOGO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CRITICA, OBSTACULO, INDICAÇÃO, PEDRO SIMON, SENADOR.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Tião Viana, Srªs e Srs. Senadores aqui presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem através do sistema de comunicação do Senado, Senador Romeu Tuma, estamos acabando de chegar do Rio de Janeiro, onde fui prestar solidariedade a um Líder de nossa geração - o Garotinho.

Fazendo uma reflexão, lembrava-me, Senador Paulo Paim, do momento em que vivemos. Esta é a democracia? A democracia nasceu do grito do povo às ruas: liberdade, igualdade e fraternidade. Esse grito tombou todos os governos absolutistas - os reis caíram. O governo tornou-se do povo, pelo povo e para o povo. Igualdade! No nosso Brasil, nunca a desigualdade foi tão grande! Nunca a desigualdade foi tão intensa!

E lia as manchetes dos jornais de São Paulo. Cresci ouvindo dizer que São Paulo era a capital do trabalho, mas, Senador Paulo Paim, o desemprego lá aumentou. A igualdade, Senador Tuma, se inicia com o direito, com a inspiração que devemos ter em Deus quando disse: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”, uma mensagem de Deus aos governantes para propiciarem trabalho. Então, em São Paulo, que, ao longo da História do Brasil, era o eldorado deste País em busca de trabalho, Senador Paulo Paim, agora é desesperança, aumenta o desemprego, e nos entristece quando vemos que essa é a realidade. O mundo, de repente, cedeu às riquezas, ao dinheiro, aos banqueiros, ao FMI, ao BIRD, ao BID, ao Banco Mundial.

Senador Sibá, atentai bem! É um privilégio ter V. Exª nascido no Piauí, embalado pelo nosso cântico que diz: “Piauí, terra querida, filha do sol do Equador! Na luta é o seu filho o primeiro que chega”.

A nossa luta agora é propiciar a igualdade.

Senador Paim, o primeiro grito de liberdade... Liberdade de quê, se o povo não tem a liberdade de ter um trabalho, de ter um emprego? Esqueceram o aconselhamento de Rui Barbosa: a primazia do trabalho e do trabalhador. Ele é que cria as riquezas.

Senador Sibá, de todos esses pronunciamentos o mais lúcido que ouvi tinha que ser o de maior vergonha que houve aqui, tinha que vir, Paulo Paim, lá do Rio Grande do Sul, dos gaúchos, dos farroupilhas, de Bento Gonçalves, do Lanceiro Negro, de Alberto Pasqualini, de Getúlio, de Pinheiro Machado, de João Goulart, de Brizola, quando ele mostrou, aqui, um quadro vale por dez mil palavras, atentai bem! Estava aí Pedro Simon. Atentai para o erro do Governo, para o erro do PT, para a vergonha do núcleo duro. E sugeri, para que tivéssemos uma aliança virtuosa, uma aliança de amor ao País, à Pátria, às virtudes, à integridade, à honestidade e à honradez, o nome de Pedro Simon. Eu poderia, Paulo Paim, ter sugerido o meu nome, bem melhor como médico do que o Ministro. O Tião Viana conhece o meu currículo, minha luta. Fui não, Tião Viana!

No início, havia os almoços - nosso Partido é bom de almoço. Eu disse ao Líder Aloizio Mercadante, que é bom, bem intencionado, que tem boa formação, tem virtude: “Mercadante, para essa aliança prosperar, basta um que represente o PMDB de vergonha, o MDB de Ulysses Guimarães, encantado no fundo do mar, de Tancredo Neves, Teotônio Vilela, de Juscelino: Pedro Simon”.

Evidentemente, o Líder aceitou a idéia, mas o nome de Pedro Simon, Paulo Paim, foi vetado pelo Rio Grande do Sul, pelo PT, pelo núcleo duro. Então, não poderia dar certo, pois aquilo não era aliança. É como o baiano diz: “pau que nasce torto morre torto”.

Está aí essa aliança, com nomes de que todos nos envergonhamos. Tendo autoridade, não pode ser suspeita. Não pode, Sibá! E esse é o quadro do Brasil.

No meu último pronunciamento, eu trouxe todas as capas das revistas. Senador Romeu Tuma, V. Exª se lembra que, quando abríamos as revistas, na nossa juventude, no nosso Brasil, eram páginas bonitas, com misses, com moças, era a beleza. Em todas as páginas das revistas da semana passada, corrupção! Esse é o retrato do Brasil.

Mas Pedro Simon, com sua inteligência privilegiada, deu o quadro. Vou repetir, porque deve ser repetido. Todos os dias repetimos o Pai-Nosso e a Ave-Maria, e eu vou repetir. Senador Sibá Machado, brasileiras e brasileiros, atentai bem: Pedro Simon deu o quadro.

O Lula é difícil, o Lula não pensa; ele voa, ele anda, e o maligno bota ele para viajar para ficar dominando e governando. Essa é a verdade.

Mas olhe o quadro, Senador Sibá Machado, pois um quadro vale por dez mil palavras. Pedro Simon, que tem muitos admiradores, recebeu pela internet e trouxe. Disse ele: “Vamos dar o exemplo”. Se, quando começou o real, o Senador Sibá Machado tivesse aplicado R$100,00, fruto do seu trabalho digno, hoje, dez anos depois, de 1994 para agora, esse valor teria resultado, para aquele que trabalhou e pôs sua economia, o fruto do seu trabalho, do seu suor e da sua dignidade, em cerca de R$300,00. É o que o banco dá para quem trabalha. Mas se, em vez disso, as brasileiras e brasileiros tivessem feito um empréstimo de R$100,00, deveriam hoje, Senador Paulo Paim, mais de R$300 mil. Se fossem aplicados no banco R$100,00, daria para comprar três pneus velhos, dos vagabundos; se tivesse sido feito um empréstimo de R$100,00, o banco cobraria nove carros daquele que o tomou.

Atentai bem, Senadores Paulo Paim e Sibá Machado: o Lula é tonto, o Presidente é tonto ao emprestar dinheiro aos nossos idosos segurados com esses juros estratosféricos, imorais e indignos. Não há juro barato, não! Ele transformará nossos velhinhos, nossos dignos aposentados, colocando-os no pesadelo da dívida desses banqueiros. Não há juro barato, não! A ignorância é audaciosa.

Senador Tião Viana, já que Lula diz que foi pobre, retirante, nos Estados Unidos, um, que dizem que foi lenhador, deixou escrito: “Não baseie sua prosperidade em dinheiro emprestado”. Esse é o drama.

O negócio somente é bom para os bancos e os banqueiros, que descontam o dinheiro do aposentado, que não tem possibilidade de não pagar e ser inadimplente. É garantido.

Por que nós estamos nisso? Por que temos audiência aqui?

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mais um minuto, Sr. Presidente.

Senador Tião Viana, Senador César Borges, em toda a mídia nacional, na televisão, quem paga os anúncios? Os bancos. Podem ver as novelas, os noticiários, pois os bancos estão pagando. Então, a imprensa, a mídia está servindo aos bancos e aos banqueiros. Essa é a verdade!

Com a palavra o Senador Paulo Paim, que continua a enriquecer a galeria dos brasileiros ilustres do Rio Grande do Sul.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Mão Santa, V. Exª citou a situação dos aposentados. Eu queria dizer que apresentei o Projeto de Lei nº 58, que está com cerca de quinhentas mil assinaturas. É intenção que ele chegue aqui com mais de um milhão de assinaturas, como aconteceu com o Fundo da Moradia, articulado pelo movimento social, que teve também o apoio do Ministro Olívio Dutra. Esse projeto vai garantir aos aposentados e pensionistas do nosso País que voltem a receber o número de salários mínimos que recebiam na época em que se aposentaram. V. Exª toca num assunto que me é muito caro, como eu digo sempre, que é a situação dos nossos idosos. Por isso este aparte cumprimentando V. Exª, na certeza de que essa situação dos aposentados e pensionistas precisa ser, de uma vez por todas, decidida aqui pelo Congresso, ou na Comissão Mista que vai debater o salário mínimo, ou em cima do Projeto de Lei nº 58. Muito obrigado.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradeço pelo aparte, incorporo-o e relembro a luta do Senador Paulo Paim para que os velhinhos aposentados não fossem taxados, e agora eles estão sendo explorados pelos bancos, ludibriados, enganados. Nossos queridos velhinhos e aposentados vão entrar em verdadeiros pesadelos com a dívida.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Apelo para a bondade e a inteligência do PT, que V. Exª representa.

Eu quero o PT forte, como quero forte o PMDB. Essa democracia só será forte, Senador Tião Viana, se existirem partidos fortes. Sou contra, isto sim, o núcleo duro, não contra o arejado, o autêntico.

Franklin Delano Roosevelt, Senador Sibá Machado, ganhou quatro eleições para Presidente e implantou o New Deal. Atentai bem, pois primeiro ele disse o seguinte, ó Lula: “Se as cidades forem destruídas, elas ressurgirão do campo; mas, se o campo não for apoiado, se não for fortalecido, as cidades morrerão”. Mas Franklin disse o seguinte ao americano: “Tentai um negócio. Se não der certo, tentai um negócio, tentai e trabalhai”. Nós não podemos dizer isso, porque nenhum negócio dá certo neste País, onde os juros são os mais altos do mundo, onde a carga tributária é a mais alta do mundo, onde o combustível da Petrobras e o gás são os mais caros do mundo. Agora, Senador César Borges, não é Ave, César; é Ave, Deus. Só mesmo o Divino Espírito Santo para encontrar uma inspiração no Partido que nos governa. E acredite no trabalho e no trabalhador. Isso é que fará a riqueza, a igualdade e a liberdade do povo no Brasil.

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/05/2005 - Página 16315