Discurso durante a 68ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a CPI dos Correios.

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
  • Considerações sobre a CPI dos Correios.
Aparteantes
Arthur Virgílio, José Jorge.
Publicação
Publicação no DSF de 26/05/2005 - Página 16330
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
Indexação
  • ELOGIO, CONDUTA, RENAN CALHEIROS, SENADOR, PRESIDENTE, SENADO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).
  • DENUNCIA, CONDUTA, GOVERNO FEDERAL, UTILIZAÇÃO, ATUAÇÃO, POLICIA FEDERAL, TENTATIVA, OBSTACULO, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).
  • QUESTIONAMENTO, RESPONSABILIDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, NOMEAÇÃO, SERVIDOR, FALTA, QUALIFICAÇÃO, APOIO, GOVERNO.
  • CRITICA, FRAUDE, DEPOIMENTO, PARTICIPANTE, CORRUPÇÃO, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), OBJETIVO, INDUÇÃO, RETIRADA, ASSINATURA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).
  • MANIFESTAÇÃO, CONFIANÇA, MEMBROS, GOVERNO, DEFESA, INTERESSE NACIONAL.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, primeiramente, congratulo-me pela maneira com que presidiu a sessão do Congresso Nacional o Senador Renan Calheiros. Havia, sem dúvida, o propósito, como há, de prejudicar os trabalhos de formação da CPI dos Correios. O Presidente Renan Calheiros - como também V. Exª -, com a maior imparcialidade, presidiu os trabalhos, merecendo aplausos gerais até mesmo da Oposição e dos Governistas.

Sr. Presidente, venho hoje aqui fazer o elogio de João Marinho, porque, de uma hora para outra, João Marinho passou a ser uma palavra respeitada. Há pouco tempo, a televisão o mostrava recebendo três mil reais. Biscateiro. E, agora, diz-se que um depoimento dele isentou...

O Sr. José Jorge (PFL - PE ) - O nome dele é Maurício Marinho, Senador.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Maurício Marinho. Então, vê-se que Maurício Marinho passou a ser uma voz séria que, isentando o Dr. Jefferson, fez com que ele voltasse a querer os cargos do PTB e, ao mesmo tempo, que todo o PTB retirasse as assinaturas da CPI.

Eu ouvi Maurício Marinho na televisão. Ele não disse que mentiu coisa nenhuma. Ele disse apenas que não sabia que estava sendo gravado, senão não teria dito tantas verdades. Mas ele não sabia que estava sendo gravado. E, aí, o que se faz? Perdoe-me o meu querido Romeu Tuma: arma-se com a Polícia Federal, talvez até com o consentimento do meu queridíssimo amigo Márcio Thomaz Bastos, uma pressa enorme para evitar a CPI. Tudo exclusivamente montado, e mal montado! É duvidar da inteligência brasileira e sobretudo dos Congressistas do nosso País.

Então, ouve-se rapidamente o Sr. Roberto Jefferson, que sai contente. Maurício Marinho disse que ele um homem de bem. Então, ele é um homem de bem. Maurício Marinho disse que ele deve tirar as assinaturas da CPI. Ele tira. Entende que ele deve ficar com os cargos. Ele fica. Maurício Marinho, neste Governo, vai ser nomeado para cargo muito mais importante, Sr. Presidente. Enquanto não fazem ministro de V. Exª, que é homem decente, Maurício Marinho vai ser nomeado - eu tenho certeza - para um cargo importante desse Governo!

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Permite-me um aparte, Senador?

O Sr. José Jorge (PFL - PE) - Ele pode ser Corregedor-Geral.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Pode ser o Corregedor-Geral! Porque, substituindo Waldir Pires, vai ficar no mesmo (Risos)... Vai ficar no mesmo...

Conseqüentemente, eu estou aqui para lançar um protesto. Sei que Paulo Lacerda é homem de bem. Conheço que é homem de bem. Vejo como ele deve estar constrangido em estar ouvindo agora o Sr. Antonio Osório. Ontem foi um tal Godoy. Todos que deveriam estar realmente no altar, santificados, como homens decentes, dignos, homens que não recebem propina, que não pegam o dinheiro nem o recebem assim, na mão, como fez o Sr. Maurício.

Eu estou estarrecido. Montam essa farsa para retirar assinaturas da CPI. Não adianta. A CPI vai ser feita aqui e na Câmara. Se não, vai ser feita aqui. E temos outras CPIs para fazer também. Há outros órgãos, como a Petrobras, que precisam ser olhados. Nós temos que ser vigilantes, porque eles não dormem.

Maurício Marinho é o homem que os instrui. É a figura hoje mais destacada do Governo. E eu não duvido que - talvez, nesta fase, não -, passado um tempinho, vá para o Palácio do Planalto.

Sr. Presidente, sei da responsabilidade de V. Exª, mais que a dos outros. V. Exª tem um passado e, pior, V. Exª ainda tem um grande futuro. V. Exª tem voto também, o que é importante, não precisa fazer essas manobras. Precisamos dar um basta. E o Partido de V. Exª, na sua maioria, quer dar um basta, está intimidado porque, na hora de resolver uma situação difícil, o Presidente Lula liga do Japão para a reunião dos nossos queridos colegas do PT. E aí o quadro se inverteu: de sete a seis passou para oito a cinco contra fazer a CPI.

Concedo o aparte a V. Exª, Senador Arthur Virgílio.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador Antonio Carlos, há dois minutos, V. Exª tocou num ponto que chegou também ao meu raciocínio hoje. Eu imaginava que o Sr. Maurício Marinho - aliás, um desconhecido até pouco tempo atrás - fosse apenas um borra-botas. Eu pensava assim. Mas concluí que não, porque metade da República se movimenta para supostamente o salvar, se é que não há outros por trás. Se não há outros por trás, então ele é importante; se há outros por trás, a CPI se justifica, para sabermos quais são os outros. Ele é um larápio de quinta. Temos de saber se tem larápio de quarta, de terceira, de segunda, de primeira.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - V. Exª veja bem: ele é um larápio de quinta, mas que tem voz de primeira.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Pois é, pelo que ele movimenta na República, é verdade. Agora veja V. Exª que, tenho a impressão, ele próprio deve estar assustado. Se deixarmos qualquer ironia de lado, ele próprio deve estar assustado, deve estar atemorizado, pensando com seus botões: Maurício Marinho é um homem importante. Ele deve estar quentíssimo na vizinhança, porque, de fato, justifica ministros implorando, segundo a Folha de S.Paulo, para o Presidente do PTB não retirar a assinatura da CPI que acusa o Presidente do PTB. Ou seja, é um quadro de dissolução moral, e eles entendem que a saída é, na calada da noite, golpear a CPI. Uma CPI que não é nem da Minoria, porque tem a maioria do Congresso; uma CPI que não é do Congresso, porque é da Nação; uma CPI que vai sair, porque, se não sair, vai sair uma “CPI da retirada das assinaturas da CPI”, porque terá sido vergonhosa essa manobra para que tenha êxito. E, como o Congresso se dá e certamente vai se dar ao respeito, sabemos que é impossível retirarem 85 assinaturas de Deputados Federais, inviabilizando algo que corresponde ao anseio e até ao asco que a Nação está sentindo desse episódio todo. Parabéns a V. Exª.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Mas temos que chegar à conclusão de que o Sr. Maurício Marinho, o Deputado Roberto Jefferson, um tal de Godoy e o Osório são todos figuras secundárias nesse processo. A figura principal é o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que os nomeou e vai continuar loteando o Brasil, dando cargos àqueles que aqui ou ali, na outra Casa, apoiarem o seu Governo. Enquanto isso, a Nação fica desprotegida; o contribuinte é assaltado; os seqüestros se multiplicam. Tudo isso por causa do exemplo. Quando um Governo dá exemplo de corrupção, não pode evitar que a corrupção corra à solta por todo o País.

Quero neste instante, Sr. Presidente, mais uma vez, dizer a V. Exª que confio na sua pessoa e nos seus colegas. Se disser que confio em todos, estarei sendo hipócrita, mas confio na maioria deles, porque tem uns que, por qualquer preço, fazem a defesa e se expõem aqui ou até no Congresso, contanto que agrade ao senhor que preside a Nação, ao torneiro mecânico de ontem, mas o grã-fino de hoje, que participa de festas no mundo inteiro e que bota máscaras quando não precisava, até mesmo na Coréia. Não precisa botar máscara, todo mundo já conhece.

Conseqüentemente, Sr. Presidente, vamos trabalhar. Vamos, pelo menos, dar a este Congresso a coragem de apurar tudo de errado que existe aí. Isso será um bem para o Presidente, mas sobretudo para a Nação brasileira.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/05/2005 - Página 16330