Discurso durante a 70ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Aplauso à atitude do Senador Eduardo Suplicy, que impôs sua assinatura no requerimento de criação de CPMI dos Correios. (como Líder)

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
  • Aplauso à atitude do Senador Eduardo Suplicy, que impôs sua assinatura no requerimento de criação de CPMI dos Correios. (como Líder)
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 31/05/2005 - Página 16567
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
Indexação
  • ELOGIO, EDUARDO SUPLICY, SENADOR, APOIO, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), ANALISE, IMPORTANCIA, IMPLANTAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não há dúvida de que o PT sofreu uma grande derrota com a criação da CPI. Entretanto, essa derrota seria muito maior se a CPI não existisse.

Logo, a formação da CPI foi benéfica para o PT, porque a derrota política existiu no dia da apresentação do número. A luta que o PT realizou foi demasiada e com aspectos que não são os melhores no Parlamento nacional. Mas se ela não existisse, aí, sim, é que a população se revoltaria demasiadamente contra o Partido dos Trabalhadores.

Agora, realmente causa espécie que no meio de tudo isso - e o Senador Augusto Botelho colocou com muita propriedade - se venha culpar o Dr. Carreiro. Tenham paciência. Era o único que não poderia ser culpado. Então, ele passa a ser o bode expiatório nesta CPI? Não está certo. Não está certo. Foi uma frase infeliz do meu querido amigo Paulo Paim, porque - não está presente agora, eu gostaria que estivesse, o Senador Suplicy - o Senador Suplicy agiu em consonância com a população, com o Partido dos Trabalhadores, inclusive. Se o conselheiro de Lula fosse o Suplicy, a situação não seria esta. A derrota política não teria existido, mas, como bem disse aqui o Senador José Agripino, queremos apurar. E hoje o Presidente e alguns de seus auxiliares também já recuaram, já disseram que querem apuração. E queremos apurar este caso e outros que porventura existam. Não é ficar aqui parado só porque está se apurando os Correios e ocorre o escândalo na Infraero, como o jornal aqui noticia, e não se apura. Não, vamos ver as provas para fazer também, se for o caso, uma CPI. Se amanhã for na Petrobras, que seja na Petrobras. O ideal é que não encontremos culpados, mas é muito difícil não haver culpado com tantas provas evidentes.

De modo, Sr. Presidente, que a minha colocação hoje é de aplauso ao Senador Eduardo Suplicy. E sei que, aplaudindo, estou piorando a sua situação na bancada. Sei que vai ser pior quando receber o aplauso do Senador ACM. Era a prova de que ele... Isto é do temperamento do Senador Suplicy: agir por conta própria. É o mais educado entre os muito educados como ele nesta Casa, merece o nosso respeito e tem idéias próprias.

Quando fiz a CPI do Judiciário, fui ao fórum trabalhista, em São Paulo. Na volta, por acaso, encontrei-o num bar pequenininho conversando com Paulo Nogueira Batista e disse: “Suplicy, você não sabe o que está havendo no Fórum do Trabalho. É um escândalo!” E ele me disse: “Vou lá agora”, e foi, e apoiou, e tudo se deu aqui como deveria se dar, e a CPI trouxe resultados magníficos.

Essa CPI dos Correios tem que ser realmente isenta, mas, para isso, também a sua formação tem que ser isenta; do contrário, não existirá isenção. De modo que o meu interesse nesta hora é perante V. Exª que tanto elogio com razão e dizer que o Presidente Renan Calheiros tem atuado com muita correção - e V. Exª segue o exemplo - e que precisamos imediatamente formar esta CPI. Não queiram protelar, que é pior. Vamos encontrar as soluções, porque, do contrário, estaremos todos os dias nesta tribuna reclamando.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Com muito prazer. É uma honra.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Antonio Carlos, quero, primeiro, agradeço as suas palavras. De fato, confirmo o episódio que V. Exª relembra. O encontro que tivemos em São Paulo foi no bar e restaurante Supremo, do qual meu irmão era sócio, e ali encontramo-nos num almoço. Eu estava almoçando e V. Exª chegou e me disse: “Olha, preciso que verifiquemos o que ocorreu no edifício do TRT”. Fui lá fazer a visita e depois V. Exª bem conduziu aqui a CPI, que acabou desvendando um episódio muito grave de corrupção. Espero que sempre tenhamos CPIs conseqüentes, com trabalhos sérios, equilibrados, e que seja sempre respeitado o direito de defesa, como aconteceu, inclusive, com o próprio juiz Nicolau, que veio aqui e respondeu a toda e qualquer pergunta, mas ele tinha ... Não respondeu? Ele teve a oportunidade de responder. V. Exª, Senador Ramez Tebet... Não entendi bem... Ele não esclareceu tudo, mas teve a oportunidade de se defender. Foi esse o sentido das minhas palavras. Acabou não respondendo. Teve a oportunidade de fazê-lo, V. Exª aqui está me recordando. Ele veio aqui e acabou se recusando a esclarecer, o que poderia ter feito.

Agora, quero ter a oportunidade de esclarecer. O Senador Augusto Botelho me recordou do fato como aconteceu. S. Exª esteve com o Senador Valdir Raupp, e eu estava ao lado perguntando ao Dr. Raimundo Carreiro quantos senadores e deputados havia em cada bancada. E de fato foi do diálogo entre ambos... E a informação dada pelo Secretário Carreiro é que ele chegara à conclusão: vai dar um número suficiente para retirar. Esse foi o resultado daquele diálogo. Mas é óbvio que aquela informação levou-me à conclusão de que, muito provavelmente, havia um risco muito grande de se tornar inócuo o documento que entreguei ao Senador Paulo Paim. Muito obrigado pela oportunidade de esclarecer esse episódio.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Agradeço, como sempre, a V. Exª, sobretudo a sua participação nesse modesto discurso, que chama à razão todo o PT, do Presidente da República ao mais modesto dos seus representantes. É a hora de se apurar, é a hora de demonstrar a verdade; caso contrário, a situação do Partido dos Trabalhadores vai ficar muito difícil, e não haverá verbas pagas para Parlamentares - e, aliás, vou apresentar um requerimento - na véspera de atos como esse último da CPI que resolva o problema. Não resolve. O caráter dos Parlamentares, em sua grande maioria, é muito bom, e como deve ser melhor ainda para que cresçamos aos olhos da opinião pública. Eu acho, mais do que nunca, que temos que apurar tudo - tudo - que for suscitado que tenha algum veio de verdade.

Sr. Presidente, chegou o momento decisivo deste Parlamento. V. Exª e o Presidente Renan Calheiros principalmente têm a obrigação de elevar o nome desta Casa, como o fazem desde que tomaram posse, sucedendo o Presidente José Sarney.

Agradeço a V. Exª e espero que todos caiam nesta realidade: é melhor apurar do que colocar embaixo do tapete.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/05/2005 - Página 16567