Discurso durante a 70ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Parabenizando a atitude do Senador Eduardo Suplicy, pela assinatura do requerimento de criação da CPI dos Correios. (como Líder)

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
  • Parabenizando a atitude do Senador Eduardo Suplicy, pela assinatura do requerimento de criação da CPI dos Correios. (como Líder)
Aparteantes
Antonio Carlos Magalhães, Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 31/05/2005 - Página 16569
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, DIALOGO, ORADOR, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REUNIÃO, EMBAIXADA, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, RESPOSTA, QUESTIONAMENTO, IMPRENSA, INFLUENCIA, DECISÃO, EDUARDO SUPLICY, SENADOR, APOIO, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Como Líder. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, muitas vezes não estamos no plenário, mas estamos ouvindo tudo o que se passa aqui.

Eu ouvia o discurso do Senador Delcídio e as colocações do Senador Eduardo Suplicy, e quero fazer aqui um parêntese de que S. Exª é uma pessoa por quem tenho a maior estima. Para que V. Exªs vejam, já fui relator da renda mínima por duas vezes, ou seja, de duas variantes do renda mínima.

            O Senador Suplicy é uma pessoa por quem tenho uma admiração incrível. Não conheço quem não goste de S. Exª neste Senado - e por que não estender mais - neste País. Tenho uma estima tão especial, que S. Exª foi o meu João Batista, no rio Jordão, em Israel. Ele me batizou no rio Jordão. Tenho por ele a maior estima, mas me surpreendi com a quantidade de jornalistas que me telefonou para saber o que eu tinha dito a Suplicy, que o fez mudar de opinião e assinar a CPI.

Eu disse que não havia dito absolutamente nada de especial. O que conversamos na Embaixada da China? Lá estavam presentes os Senadores Eduardo Suplicy, Cristovam Buarque, Serys Slhessarenko, Valdir Raupp, João Batista Motta, eu. Havia vários Senadores na Embaixada da China, e eu dizia da nossa dificuldade em aprender a conviver com o PT - para mim foi um aprendizado complicado, difícil -, que é um Partido feito de várias tendências. Falamos com uma tendência, pensamos que está resolvido o problema, mas temos de falar com mais uma e outra. Tem de haver uma assembléia para se poder resolver a questão.

Qual é a novidade nisso? Não existe novidade.

Além disso, falava da dificuldade que gera no PT a cena paulista, que já divide uma boa parte do Partido, e a cena de 2010, outra problemática. Depois, discutíamos que o Governo vai bem: a economia vai bem, o Risco Brasil caiu, o dólar caiu. Quem observa os índices econômicos deste País percebe que ele está bem. Mas lamentavelmente a política não está.

Eu me queixava exatamente da dificuldade de interlocução. Coisas miúdas, coisas pequenas criam, para quem lidera, dificuldades enormes. Eu dizia que é difícil liderar a Bancada. O que é participar de um Governo? É gerir, administrar junto, participar do Governo. Não conheço outra forma; é assim em todos os países do mundo. Se o Partido dos Trabalhadores - dizia eu ao Senador Eduardo Suplicy, em uma conversa íntima, coloquial na Bancada - chamou alguém para participar e, depois de um ano e meio, ainda não fechou esse assunto, o Senador, o Parlamentar não pode estar satisfeito. E contava eu para S. Exª o caso de um colega nosso aqui de Brasília que foi convidado para indicar tal pessoa, fez a seleção entre os amigos, decidiu por alguém e o que fizeram? Chamaram outro para tomar posse. Entendo que participar é isso. Não conheço, não tenho essa hipocrisia de dizer que fulano está participando do Governo, mas não tem cargo. Não. Participar, em qualquer país do mundo, é fazer parte do Governo.

Pois bem. Era essa a conversa que tínhamos com os três Senadores do PT. Eu disse que uns mandam muito e outros mandam pouco. E os três se colocaram como os párias, como os que menos têm, porque são sempre independentes. E eu disse: “Então, vocês são realmente os párias.” E foi essa uma conversa coloquial.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Com muita satisfação, Senador Suplicy.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª bem registra o diálogo, ocorrido com o Embaixador presente à mesa. V. Exª relatou tal como aqui está dizendo. É fato que estávamos os Senadores Cristovam Buarque, Serys Slhessarenko, eu próprio, dentre outros. Havia, creio, onze ou doze Senadores - V. Exª citou alguns que estavam à mesa, mas eu nem quis relatar, porque não vinha ao caso. Nós comentávamos que não sabemos dessas coisas, porque de fato nós... O que eu quero registrar, Senador Ney, é que o PMDB e o PTB, por exemplo, podem ser parte do Governo, podem até sugerir nomes, mas o que não considero o mais adequado - falo com franqueza a V. Exª - é que um Senador diga que só votará em determinada matéria, que até pode julgar boa, ou em algum nome designado para uma agência reguladora, por exemplo, se for designado aquele que nomeou. Então, esse tipo de relacionamento é que considero inadequado.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Isso não falamos. Dissemos que o relacionamento se esgarça quando não se cumpre a palavra.

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Senador Eduardo Suplicy, há vários oradores inscritos e líderes que desejam usar da palavra. V. Exª já aparteou pelo menos dez vezes durante a sessão. É muito importante ouvi-lo, mas peço que seja sucinto em consideração aos demais inscritos.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - É fato, Senador Ney Suassuna. V. Exª não disse que aqueles Senadores estavam solicitando aquilo como condição de voto, mas V. Exª estava dizendo, de alguma maneira, como as coisas se tornavam difíceis aqui no Parlamento, quando não eram atendidos aqueles pressupostos. Desculpe-me V. Exª, mas subtendi que algumas vezes o Governo tem dificuldades de obter votações aqui por não atender tão bem o que V. Exª descrevia. Foi o que entendi e o faço com todo o respeito e amizade com que V. Exª sempre me tratou.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - São recíprocos.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Pois não.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Serei breve. Tenho que dar um testemunho em seu favor, embora V. Exª não esteja em causa. V. Exª me mostrou uma carta em que abria mão dos seus cargos no Governo, dirigida há algum tempo, ao Senador Aloizio Mercadante. V. Exª antecipou-se a tudo isso que está acontecendo. Tenho o dever de dizer que, se não demitiram, foi porque não quiseram, porque V. Exª abriu mão.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Obrigado, nobre Senador.

Digo isso com muita tranqüilidade, porque não tenho hipocrisia. Sou transparente; sou do “sim” e do “não”. Eu dizia que esgarçar confiança é muito ruim e que a situação fica difícil para qualquer Líder quando um membro da sua Bancada verifica que o que foi prometido não foi cumprido. Não se trata de cargo. Cargo é insignificante. Tanto é que eu mesmo, no tempo do Governo FHC, tinha um indicado na Sudene, outro no Correio, e há um mês entreguei os dois cargos, porque não posso ter algo se meus liderados não estão satisfeitos em vários aspectos.

Estou falando sem hipocrisia. Não vejo outra forma de participar do Governo. Como é que se participa na Inglaterra, nos Estados Unidos, na França? Fazendo coalizão no Governo.

(Interrupção do som.)

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Não vejo outra forma. O que me causa espécie é que tudo isso está na imprensa diariamente, Senador Eduardo Suplicy. Basta ler jornal. Eu mesmo observo que esse assunto está na imprensa todos os dias. Quando me referi a essa dificuldade - com todo o respeito que tenho a V. Exª - não disse novidade alguma. V. Exª tomou uma atitude que considero correta, diante da sua consciência e do seu comportamento, mas não se pode citar como fato decisivo a minha conversa, porque o que eu disse está constantemente nos jornais.

Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/05/2005 - Página 16569