Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Necessidade de estudar grandes questões nacionais e planejar o futuro do país a longo prazo. (como Líder)

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.:
  • Necessidade de estudar grandes questões nacionais e planejar o futuro do país a longo prazo. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 01/06/2005 - Página 16721
Assunto
Outros > POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.
Indexação
  • ANALISE, NECESSIDADE, PLANEJAMENTO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, ELOGIO, ESTUDO TECNICO, SETOR, SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO DE GOVERNO E GESTÃO ESTRATEGICA, PREVISÃO, FUTURO, BRASIL, UTILIZAÇÃO, METODOLOGIA, CIENCIAS POLITICAS, AUSENCIA, POLITICA PARTIDARIA.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Pela Liderança do PMDB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ultimamente temos ouvido desta tribuna reclamações, más notícias, catástrofes. Assim sendo, gostaria de trazer um pouco de esperança. Começaria dizendo que uma pessoa, um ser humano que queira ter sucesso precisa conhecer-se a si próprio; precisa saber de suas limitações, de sua capacidade; precisa se preparar para a vida. Não é assim? Um ser humano que queira ter sucesso precisa saber o que quer daqui a três anos, a cinco, a dez anos e se programar para esse sucesso, preparando-se técnica, social, economicamente, e assim por diante. Essa a regra de sucesso na vida.

Como Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sempre perguntava para os meus alunos: Quais são os seus projetos para daqui a três anos? E para daqui a cinco? E para daqui a dez anos? As pessoas têm que saber onde querem chegar; senão, não chegarão; serão joguetes na mão do destino.

Não é à toa que Sêneca dizia que não há bons ventos para quem não sabe onde quer ir. Imaginem V. Exªs um cidadão, no centro de uma cidade, cansado, suado, com um pacote na mão, e você lhe faz a seguinte pergunta: “Para onde o senhor quer ir?” “Não sei. Não sei o endereço onde tenho que entregar isto.” É certo que ele não vai entregar o pacote em lugar algum!

Aqui, nos reportamos a uma pessoa. Mas, ao nos referirmos a uma nação, isso não é diferente. Uma nação, um poder nacional, tem que saber quais são os seus óbices, qual é o cenário internacional, qual o cenário interno, quais suas capacitações, suas propensões, seus elementos de vantagem. Um país tem que saber sempre aonde deseja chegar nesse mosaico completo que é, hoje, o mundo globalizado.

Aqui, no Brasil, só vemos, desta tribuna ou de qualquer outro lugar, as pessoas discutirem o passado, os problemas de ontem que estão atingindo hoje. Raramente, ouvimos alguém citar o futuro. No Orçamento, discutíamos planos qüinqüenais, decenais, mas isso sempre teve a conotação política daquele grupo que dominava o poder. E sempre me exasperei com isso.

Outro dia, Senador Ramez Tebet, li uma notícia que me deixou muito triste: os Estados Unidos programam seu futuro para daqui a 100, 200 anos. E nós, brasileiros? Nada. Nós, brasileiros, ousamos, no plano orçamentário, falar de planos qüinqüenais e decenais, mas parou por aí. E, hoje, o País inteiro, só discute crise, problemas e não pensa no seu futuro.

E, assim, eu estava deprimido, até que, há duas semanas, fomos ao Núcleo de Estudos Estratégicos, que faz parte da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República. E um pouco dessa minha tristeza, dessa minha depressão mudou quando vi que há, hoje, cientistas políticos, economistas, militares, organizados num núcleo de estudos, pensando o Brasil para daqui a 15, 20, 25 anos, ou seja, vendo o futuro. Fiquei feliz por ver que, acima da política, sem motivação partidária, há gente pensando no futuro do Brasil.

Recomendo às Srªs e aos Srs. Senadores a visita a esse centro, porque vale a pena. Vale a pena ver a prospecção do passado, o estudo do presente e a programação para o futuro. A metodologia adotada é interessante e os assuntos tratados são sérios. Estudam os cenários nacional e internacional. Pela primeira vez, vejo acontecer, no Brasil, com racionalidade, um estudo apolítico, que se propõe a considerar o futuro desta grande Nação, que está afogada em crises, sem tempo para programar seu futuro.

Era esta a notícia que eu queria trazer: que tem gente pensando e que vale a pena os Senadores, até para saírem dessa depressão em que estamos - crise, crise e crise! -, visitarem esse centro para ver como os pensadores do futuro estão vendo nosso País.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/06/2005 - Página 16721