Pronunciamento de Alvaro Dias em 31/05/2005
Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Críticas ao governo federal por comemorar índices de crescimento econômico do país, comprovando crescimento muito aquém dos demais países. (como Líder)
- Autor
- Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
- Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA SOCIO ECONOMICA.:
- Críticas ao governo federal por comemorar índices de crescimento econômico do país, comprovando crescimento muito aquém dos demais países. (como Líder)
- Publicação
- Publicação no DSF de 01/06/2005 - Página 16723
- Assunto
- Outros > POLITICA SOCIO ECONOMICA.
- Indexação
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- FALTA, MOTIVO, COMEMORAÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO, BRASIL, INFERIORIDADE, INDICE, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, TENTATIVA, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA.
- COMENTARIO, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), RESULTADO, TRIMESTRE, ECONOMIA NACIONAL, PROXIMIDADE, PARALISAÇÃO, REGISTRO, AUMENTO, SUPERAVIT.
- COMENTARIO, DADOS, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, REDUÇÃO, RENDA, PRECARIEDADE, SAUDE, EDUCAÇÃO, SEGURANÇA PUBLICA, NECESSIDADE, MELHORIA, POLITICA SOCIAL, COBRANÇA, COMBATE, CORRUPÇÃO.
O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pela Liderança do PSDB. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, assusta-me ver o Governo, por meio de suas Lideranças mais expressivas, inclusive o Presidente da República, comemorando reiteradamente os índices de crescimento econômico do País. Chegam a afirmar que houve um crescimento espetacular no ano passado, quando o País cresceu 5,2%. Trata-se de um crescimento, a meu ver, medíocre, que desautoriza essa comemoração e que coloca o Brasil muito aquém dos demais países.
Repito insistentemente que o Brasil só não cresceu menos que o Paraguai e a Guiana, na América Latina. A comparação com a Argentina nos deixa distanciados de forma negativa. Enquanto a Argentina cresce, num ano, 9% e, no outro, 10%, alcançando 19%, o Brasil cresce 0%, num ano, e 5,2%, no outro, ou seja, apresenta 2,6% de crescimento anual. Não há razões para comemoração.
De outro lado, como comemorar, quando o Governo adota uma política econômica na contramão da proposta desenvolvimentista, de taxas de juros escorchantes, de carga tributária brutal, impiedosa? E não se diga que não houve crescimento da carga tributária no atual Governo. Essa é outra mistificação que constantemente se ouve.
Mas venho, não para desancar o Governo, porque comemora indevida e desonestamente um feito que não realizou, uma conquista que não alcançou. Venho preocupado com os números apresentados pelo IBGE, referentes a esse primeiro trimestre do ano. Nossa economia cresce apenas 0,3% no primeiro trimestre deste ano. Isso sinaliza para a verdade do relatório do Fundo Monetário Internacional, que prevê que o Brasil terá, entre todos os países do mundo, o pior crescimento econômico no ano de 2005, inferior ao dos países da África.
É evidente que há razões para preocupação, mas, na contramão dessa realidade, o Governo pode comemorar - sim, este feito ele pode comemorar -, pois bate, mais uma vez, o recorde de superávit primário. Enquanto a economia cresce 0,3%, o menor crescimento desde o segundo semestre de 2003, o Governo alcança, no mês de abril, um superávit da ordem de R$16,335 bilhões, o mais alto registrado desde 1991.
Esse arrocho fiscal, determinado por aquilo que chamamos de FMI doméstico, acumulou um superávit de R$44 bilhões contra R$32 bilhões no mesmo período do ano passado. Ou seja, o superávit é equivalente a 7,26% do PIB. Portanto, quase dobrou o índice de superávit primário que exigia o Fundo Monetário Internacional - refiro-me àquele de Washington, porque o nosso fundo, o fundo monetário doméstico, é muito mais rigoroso, impiedoso, eficiente e alcança altos índices.
Por isso, Sr. Presidente, é preciso olhar para o que está pensando o povo do Brasil. Ouvimos muito as Lideranças, a propaganda enganosa, que desenha um quadro que não é o da realidade nacional. Quando buscamos a opinião pública, constatamos a realidade.
A pesquisa, de hoje, da CNT/Sensus revela: sobre a renda mensal nos últimos seis meses, 12% da população considera que aumentou, 54%, que permaneceu igual, e 30,8%, que diminuiu. Relativamente à área social, o desastre é maior: sobre a área da saúde, 20% da população diz que melhorou, 30%, que ficou igual, e 47%, que piorou; sobre a educação, 31% afirma que melhorou; 34%, que ficou igual, e 32%, que piorou. E quanto à pobreza? O Governo constantemente comemora seus programas sociais, fala dos investimentos na área social, alardeia que aumenta o volume de recursos para o social, e a constatação é o oposto dessa pregação. Nos últimos seis meses, no que diz respeito à pobreza, 8% respondem que melhorou, 25%, que ficou igual, e 64%, que piorou. Isso é contundente, Sr. Presidente, Srs. Senadores! Quanto à violência, 3% da população afirma que melhorou, 11%, que ficou igual, e 83%, que piorou.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, são números que condenam a gestão do atual Governo; que alertam o Presidente da República para a necessidade de mudança de rumos. Não é um discurso da Oposição; é a conclamação da sociedade brasileira para uma realidade gritante que nos atormenta.
Relativamente à corrupção, já apresentei os dados, em parte, ao Senador Antonio Carlos Magalhães, mas é bom dizer aos homens que representam o Governo nesta Casa que 86% do povo brasileiro deseja investigação, transparência, esclarecimento e, sobretudo, responsabilização civil e criminal para aqueles que, lamentavelmente, de costas para as aspirações da sociedade, praticam a corrupção de forma escancarada e impune, com a complacência ou com a cumplicidade daqueles que deveriam combatê-la em função da autoridade que assumiram, do poder que representam e da responsabilidade, sobretudo, que assumiram diante do povo brasileiro.