Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao governo federal por comemorar índices de crescimento econômico do país, comprovando crescimento muito aquém dos demais países. (como Líder)

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIO ECONOMICA.:
  • Críticas ao governo federal por comemorar índices de crescimento econômico do país, comprovando crescimento muito aquém dos demais países. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 01/06/2005 - Página 16723
Assunto
Outros > POLITICA SOCIO ECONOMICA.
Indexação
  • FALTA, MOTIVO, COMEMORAÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO, BRASIL, INFERIORIDADE, INDICE, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, TENTATIVA, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA.
  • COMENTARIO, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), RESULTADO, TRIMESTRE, ECONOMIA NACIONAL, PROXIMIDADE, PARALISAÇÃO, REGISTRO, AUMENTO, SUPERAVIT.
  • COMENTARIO, DADOS, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, REDUÇÃO, RENDA, PRECARIEDADE, SAUDE, EDUCAÇÃO, SEGURANÇA PUBLICA, NECESSIDADE, MELHORIA, POLITICA SOCIAL, COBRANÇA, COMBATE, CORRUPÇÃO.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pela Liderança do PSDB. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, assusta-me ver o Governo, por meio de suas Lideranças mais expressivas, inclusive o Presidente da República, comemorando reiteradamente os índices de crescimento econômico do País. Chegam a afirmar que houve um crescimento espetacular no ano passado, quando o País cresceu 5,2%. Trata-se de um crescimento, a meu ver, medíocre, que desautoriza essa comemoração e que coloca o Brasil muito aquém dos demais países.

Repito insistentemente que o Brasil só não cresceu menos que o Paraguai e a Guiana, na América Latina. A comparação com a Argentina nos deixa distanciados de forma negativa. Enquanto a Argentina cresce, num ano, 9% e, no outro, 10%, alcançando 19%, o Brasil cresce 0%, num ano, e 5,2%, no outro, ou seja, apresenta 2,6% de crescimento anual. Não há razões para comemoração.

De outro lado, como comemorar, quando o Governo adota uma política econômica na contramão da proposta desenvolvimentista, de taxas de juros escorchantes, de carga tributária brutal, impiedosa? E não se diga que não houve crescimento da carga tributária no atual Governo. Essa é outra mistificação que constantemente se ouve.

Mas venho, não para desancar o Governo, porque comemora indevida e desonestamente um feito que não realizou, uma conquista que não alcançou. Venho preocupado com os números apresentados pelo IBGE, referentes a esse primeiro trimestre do ano. Nossa economia cresce apenas 0,3% no primeiro trimestre deste ano. Isso sinaliza para a verdade do relatório do Fundo Monetário Internacional, que prevê que o Brasil terá, entre todos os países do mundo, o pior crescimento econômico no ano de 2005, inferior ao dos países da África.

É evidente que há razões para preocupação, mas, na contramão dessa realidade, o Governo pode comemorar - sim, este feito ele pode comemorar -, pois bate, mais uma vez, o recorde de superávit primário. Enquanto a economia cresce 0,3%, o menor crescimento desde o segundo semestre de 2003, o Governo alcança, no mês de abril, um superávit da ordem de R$16,335 bilhões, o mais alto registrado desde 1991.

Esse arrocho fiscal, determinado por aquilo que chamamos de FMI doméstico, acumulou um superávit de R$44 bilhões contra R$32 bilhões no mesmo período do ano passado. Ou seja, o superávit é equivalente a 7,26% do PIB. Portanto, quase dobrou o índice de superávit primário que exigia o Fundo Monetário Internacional - refiro-me àquele de Washington, porque o nosso fundo, o fundo monetário doméstico, é muito mais rigoroso, impiedoso, eficiente e alcança altos índices.

Por isso, Sr. Presidente, é preciso olhar para o que está pensando o povo do Brasil. Ouvimos muito as Lideranças, a propaganda enganosa, que desenha um quadro que não é o da realidade nacional. Quando buscamos a opinião pública, constatamos a realidade.

A pesquisa, de hoje, da CNT/Sensus revela: sobre a renda mensal nos últimos seis meses, 12% da população considera que aumentou, 54%, que permaneceu igual, e 30,8%, que diminuiu. Relativamente à área social, o desastre é maior: sobre a área da saúde, 20% da população diz que melhorou, 30%, que ficou igual, e 47%, que piorou; sobre a educação, 31% afirma que melhorou; 34%, que ficou igual, e 32%, que piorou. E quanto à pobreza? O Governo constantemente comemora seus programas sociais, fala dos investimentos na área social, alardeia que aumenta o volume de recursos para o social, e a constatação é o oposto dessa pregação. Nos últimos seis meses, no que diz respeito à pobreza, 8% respondem que melhorou, 25%, que ficou igual, e 64%, que piorou. Isso é contundente, Sr. Presidente, Srs. Senadores! Quanto à violência, 3% da população afirma que melhorou, 11%, que ficou igual, e 83%, que piorou.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, são números que condenam a gestão do atual Governo; que alertam o Presidente da República para a necessidade de mudança de rumos. Não é um discurso da Oposição; é a conclamação da sociedade brasileira para uma realidade gritante que nos atormenta.

Relativamente à corrupção, já apresentei os dados, em parte, ao Senador Antonio Carlos Magalhães, mas é bom dizer aos homens que representam o Governo nesta Casa que 86% do povo brasileiro deseja investigação, transparência, esclarecimento e, sobretudo, responsabilização civil e criminal para aqueles que, lamentavelmente, de costas para as aspirações da sociedade, praticam a corrupção de forma escancarada e impune, com a complacência ou com a cumplicidade daqueles que deveriam combatê-la em função da autoridade que assumiram, do poder que representam e da responsabilidade, sobretudo, que assumiram diante do povo brasileiro.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/06/2005 - Página 16723